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Por , redação Marie Claire — São Paulo (SP)


Túmulo da ativsita lésbica Rosely Roth é encontrado por grupo LGBTQIA+ no Rio — Foto: Acervo Um Outro Olhar/Acervo Gaavah Brasil
Túmulo da ativsita lésbica Rosely Roth é encontrado por grupo LGBTQIA+ no Rio — Foto: Acervo Um Outro Olhar/Acervo Gaavah Brasil

Rosely Roth foi uma das mais importantes ativistas lésbicas do Brasil, além de uma das protagonistas do Levante do Ferro’s Bar, em 1983 em São Paulo, que ficou conhecido como Stonewall Brasileiro e originou o Dia do Orgulho Lésbico no Brasil. Mesmo diante de sua importância, sua memória e contribuição para o país foi apagada. Até pouco tempo, sequer se sabia onde Roth estava enterrada – ela tirou a própria vida em 1990, uma semana após seu aniversário de 31 anos.

Trinta e quatro anos depois de sua morte, o Gaavah Brasil, coletivo judaico-LGBTQIA+ do Instituto Brasil Israel (IBI), encontrou seu túmulo no cemitério judaico Vila Rosali Velho, no município de São João De Meriti, no Rio de Janeiro. No entanto, o local onde Roth está enterrada não tem lápide – ou matzeiva, em hebraico – ou qualquer outra identificação. Agora, o grupo tenta arrecadar fundos para custear a matzeiva para não só identificar Roth, mas dar continuidade a um processo de resgate da memória e legado da ativista.

A escritora e editora Daniela Wainer, que coordena o Gaavah, explica que a matzeiva é vista dentro da cultura judaica como uma maneira de manter viva a memória de uma pessoa falecida. Em geral, ela é instalada por familiares ou pessoas próximas um ano após a morte, em um ritual chamado Gilui Mazewa.

Túmulo da ativista lésbica Rosely Roth cemitério judaico Vila Rosali Velho, em São João De Meriti, Rio de Janeiro — Foto: Acervo Gaavah Brasil
Túmulo da ativista lésbica Rosely Roth cemitério judaico Vila Rosali Velho, em São João De Meriti, Rio de Janeiro — Foto: Acervo Gaavah Brasil

“É uma das práticas judaicas mais antigas, que remonta os tempos bíblicos. Sem ela, torna-se impossível praticar o ritual de colocar uma pedra no local, que é sinal de que alguém esteve ali para honrar e celebrar aquela pessoa”, explica. “Tratar com dignidade o corpo é o que possibilita a paz para a alma.”

A razão pela qual o túmulo de Rosely Roth não tem lápide é incerta, Wainer diz. A hipótese mais forte é o fato de o pai e a irmã dela, seus únicos parentes vivos na época, morreram menos de um ano depois de seu suicídio. Sendo assim, não conseguiram realizar a cerimônia de inclusão da matzeiva.

“Era uma família que passava por problemas financeiros, e as mortes ocorreram em circunstâncias trágicas. É possível que a desestrutura familiar tenha contribuído para resultar no cenário que vemos hoje.”

Roth e sua família residiam em São Paulo, mas Wainer explica que a ativista se mudou para o Rio de Janeiro após um agravo em sua saúde mental – o que, mais tarde, a levou a tirar a própria vida. Recebeu acolhimento na casa de uma mulher em Madureira, chamada Vera Lúcia, que pode ter sido sua namorada.

O grupo já arrecadou R$ 6.600 de uma meta de R$ 10 mil, que tornará possível instalar a matzeiva e gravar a pedra com a identificação da ativista. As doações podem ser encaminhadas para a chave Pix gaavahbr@gmail.com ou via transferência bancária (Nubank, Agência 000, Conta Corrente 1800539-5, em nome de Lilyth Ester Grove).

Resgate da memória de Rosely Roth

Rosely Roth é ativista pioneira do movimento lésbico brasileiro — Foto: Reprodção/Memorial da Resistência
Rosely Roth é ativista pioneira do movimento lésbico brasileiro — Foto: Reprodção/Memorial da Resistência

Rosely Roth nasceu em agosto de 1959 na capital paulista. Era filha de pais judeus, mas ao longo da vida se declarou anarquista e ateia.

Além de ter sido uma das agitadoras do Levante do Ferro’s Bar, Roth integrou o Grupo Ação Lésbica-Feminista (GALF), responsável pela edição do boletim ChanacomChana, publicação independente que evidenciava as vivências de mulheres lésbicas brasileiras.

Em 1985, Roth também fez história ao participar do programa de Hebe Camargo, tornando-se a primeira mulher lésbica a falar na televisão brasileira, em horário nobre, sobre lesbianidade. A aparição de Roth na televisão fez com que o programa da Hebe fosse ameaçado de censura e levou a ativista a ser demitida de um colégio, onde era professora de filosofia.

O Gaavah Brasil trabalha há três anos para resgatar a memória de Roth. “Era muito difícil encontrar qualquer informação sobre ela além das suas realizações como militante. Mas persistia a pergunta: e quem foi Rosely Roth? Como conhecer mais da sua vida e personalidade?”

Além das questões familiares que podem ter levado a não identificação do túmulo da ativista, Wainer vê a ausência da matzeiva como “um símbolo muito forte do apagamento que as lésbicas sofrem em nossa sociedade”.

Ela diz o mesmo, por exemplo, sobre a maneira como a morte foi noticiada na época. Wainer afirma que a única notícia veiculada na imprensa na época dizia “Sapatão deixa mulher vendo TV e se atira do 6º andar”.

“Ou seja, as lésbicas ocupavam as páginas sensacionalistas dos tabloides mais populares e eram representadas de forma caricata. Eram representadas de forma caricata. Isso tudo é muito injusto com a memória de Rosely”, reflete.

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