Comportamento
Por , redação Marie Claire — São Paulo

Nesta sexta-feira (14) é celebrado o Dia Internacional das Pessoas Não-Binárias, com o objetivo de conscientizar questões enfrentadas por indivíduos não-binários. No Brasil, aproximadamente 2% da população adulta se identifica com o termo, segundo um levantamento realizado pela Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) em 2021.

Clara Manso é uma dessas pessoas: aos 18 anos, começou a questionar sua cisgeneridade ao se reconhecer mais em certas características masculinas de seus ídolos de grupos de kpop: “Ainda assim, sentia que ‘homem’ não era uma caixa onde me via. Pensei que fazia parte, por ainda estar me entendendo e, de repente, não me achando ‘homem o suficiente’ quando o termo não-binário surgiu. Não era algo novo, mas nunca tinha parado pra ver a jornada de pessoas não-binárias se descobrindo”, conta à Marie Claire.

“Descobri que existiam pessoas transmasculinas, que tinha uma grande conexão ou conexão parcial ao masculino, mas não sentiam que eram homens. Foi nessa hora que tive a compreensão que os limites de gênero tinham linhas bem mais tênues do que eu realmente sabia, mesmo que não fosse meu primeiro contato com a ideia de pessoas não-binárias”.

“Ainda estou aprendendo a corrigir quando se referem a mim como mulher, mas sem a gana de controlar o olhar do outro. Porque esses olhares não querem dizer nada, não fomos treinades a ver além do binário e isso não torna a minha identidade menos legítima”, reflete.

Sobre gênero não-conforme

Antes de nos aprofundarmos mais no assunto da não-binariedade, Pri Bertucci, que é cocriadore da linguagem neutra no Brasil e pesquisadore da área de diversidade há pelo menos duas décadas, orienta para a importância de entendermos a separação do que é papel de gênero, expressão de gênero e identidade de gênero.

O primeiro se refere a forma como a sociedade espera que uma pessoa se comporte de acordo com o gênero atribuído ao nascer: um papel feminino ou masculino; o segundo é a forma como se apresenta externamente, com roupas e comportamento; já o terceiro é o gênero no qual o indivíduo se identifica.

Portanto, quando falamos sobre gênero não-conforme, discutimos um termo que engloba a todos “no plano de papel, expressão e identidade”, já que é um comportamento. “Todo mundo pode ser gênero não-conforme. Isso quer dizer: não estar de acordo com as regras do que é masculino e feminino. Veja que masculino e feminino é roupa, é expressão e papel. A confusão é que as pessoas acham que homem e mulher é a mesma coisa que feminino e masculino. É um problema linguístico.”

No seu livro Dossiê de Linguagem Neutra e Inclusiva, Pri ainda cita como exemplo de gênero não-conforme “mulheres heterossexuais que não se adequam ao padrão feminino que a sociedade espera delas”.

Mas afinal, o que significa ser uma pessoa não-binária?

Pri Bertucci explica em forma bem simples, que “é alguém que não se identifica com a identidade de gênero homem ou mulher”. “Não é masculino e feminino, nada disso, é homem ou mulher. São três possibilidades de identidade: não-binário, homem e mulher.”

Segundo ile, as pessoas estão confundindo a não-binariedade com o gênero não-conforme no Brasil: “A roupa que uso, como me expresso, não tem nada a ver com o meu gênero ou com minha orientação afetivo-sexual, então acho que essa é a primeira confusão.”

Quantos tipos de identidades não-binárias existem?

Algumas pessoas não-binárias podem se identificar como: gênero queer, gênero fluído, agênero, gênero neutro, bigênero, pangênero, multigênero, genderless, intergênero, entre outros. As expressões dessas identidades são extremamente variadas, divergindo de indivíduo a indivíduo, assim como de contexto a contexto.

Qual a importância da linguagem neutra?

No Brasil, é mais comum vermos dois sistemas de pronomes neutros: Elu/Delu e Ile/Dile. Pri Bertucci explica que o processo de criação e de análise do sistema Ile/Dile foi inspirado em pessoas como Noam Chomsky, Judith Butler, Carol Queen, Octavia E. Butler e Audre Lorde, que são influentes referências na teoria crítica, queer, feminista e de relações raciais no mundo.

“Ao usar a letra ‘e’ no fim do pronome ou de algumas palavras, o foco vai para a inclusão de pessoas, independentemente do gênero”, afirma Pri, que completa: “A linguagem neutra, ou linguagem não-binária, visa respeitar os pronomes de todes. Assim como todas as pessoas cis têm os seus pronomes de gênero naturalmente respeitados, as pessoas trans também necessitam desse respeito. Não usar um gênero específico ao falar com alguém é um sinal de acolhimento, empatia e respeito.”

“Falta terem um pouco mais de compaixão. Porque, sem a linguagem neutra, pessoas não-binárias na língua portuguesa nunca vão poder ter um lugar, por mais que se use a linguagem inclusiva.”

Anteriormente, ainda havia discussões na internet quanto a usar terminações como o @ ou o X. No entanto, isso logo caiu em desuso, já que não é acessível para pessoas com deficiência visual-- alguns leitores tecnológicos não entendem as palavras escritas dessa forma, além de não ser viável na linguagem oral.

Internacionalmente, o pronome “they” foi reconhecido pelo dicionário britânico Oxford Dictionary e pela editora norte-americana Merriam-Webster como a forma oficial de se referir a pessoas que se identificam como não-binárias. Em 2019, por conta disso, a palavra foi escolhida como o verbete do ano do dicionário.

Para facilitar a disseminação da linguagem no Brasil, Bertucci também criou a ferramenta Diles+, uma tecnologia de tradução elaborada para promover e disseminar a linguagem neutra e inclusiva.

O que não falar para pessoas não-binárias?

A primeira dica é sempre perguntar os pronomes das pessoas com quem você está conversando. Clara Manso, por exemplo, usa os pronomes ele/ela e diz que essa questão é “um pouco estratégica”: “Me evita estresse numa troca por um só pronome que não seja o ELA de sempre e também porque estou acostumado. Gosto que revezam entre os dois, mas se me chamam só por ELE , me sinto validado.”

Outra possibilidade é, ao errar o pronome de alguém, apenas se desculpar sem “muito drama”, consertar o erro e seguir em frente: “Porque se não a conversa já virou sobre a pessoa que não sabe falar o pronome, né? Já virou um constrangimento”, observa Pri.

Mais recente Próxima Sob pressão: Mulheres contam como a síndrome de burnout mudou o rumo de suas carreiras em razão do esgotamento
Mais do Marie Claire

Ela compartilhou um longo texto nas redes sociais em homenagem ao cantor; veja

Virgínia Fonseca faz festa para comemorar 4 anos com Zé Felipe e se declara: 'É minha alma gêmea'

Em sequência de fotos nas redes sociais, Ludmilla mostra produção caprichada; veja fotos

De minissaia, Ludmilla aposta na tendência da calcinha à mostra e Brunna Gonçalves reage: 'Vem pra casa'

Musa atemporal, Luma de Oliveira encanta fãs com vídeo ousado compartilhado nesta quinta-feira (27)

Luma de Oliveira encanta fãs ao aparecer em ensaio na praia: 'Sempre maravilhosa'

Além de brilho, cosméticos prometem lábios maiores e outros ganhos, como combate ao ressecamento. Produtos estão disponíveis para compra a partir de R$ 17

Gloss que aumenta a boca: 6 opções que hidratam e dão volume

Executiva teve ordem de prisão preventiva decretada pela Justiça nesta quinta-feira, mas está em Portugal, acusada de participar de fraude contábil de R$ 25,3 bilhões

Quem é Anna Christina Ramos Saicali, ex-diretora da Americanas foragida e com o nome incluído na Interpol?

Deborah Secco curte parque aquático com a filha nos Estados Unidos; ela abriu álbum de fotos com momentos ao lado de Maria Flor

Deborah Secco curte parque aquático com a filha nos Estados Unidos: 'Dia perfeito'

Há muito tempo as sombras ganharam um novo formato: o bastão. Práticos e funcionais, esse produto é tudo o que você precisa para ter na bolsa

7 sombras em stick para uma maquiagem prática no dia a dia

Confira unhas decoradas inspiradas em festas juninas para fazer sucesso nas comemorações de São João

Unhas decoradas para São João que vão fazer você arrasar nas festas juninas

Natural de Goiânia, Lila Lourenço chegou a gravar um vídeo após comentários dos fãs

Influenciadora rebate ataques por semelhança com mulher de Gusttavo Lima: 'Não imito ninguém'

Em publicação nas redes sociais, influenciadora apareceu ao lado do marido em vídeo inusitado; veja

'Meu presente vai fazer tudo o que você quiser', dispara Virgínia Fonseca ao comemorar 4 anos com Zé Felipe