Retratos
Por , redação Marie Claire — São Paulo (SP)


Escolher se amar é escolher se mover contra o medo, escreveu bell hooks em 1999 em seu livro Tudo sobre o amor: novas perspectivas. O mero ato de se entregar de corpo e alma a outra pessoa pode ser uma das ferramentas mais poderosas para enfrentar o mundo -- sobretudo para pessoas que enfrentam mais obstáculos estruturais para conseguir existir ou mesmo se ver como digno do amor.

Pessoas negras já o faziam ao formar relacionamento afrocentrados, e o mesmo pode ser dito de pessoas trans que se relacionam entre si. A isso, se dá o nome de amor transcentrado. Mais do que falar sobre as relações privadas, se unir entre si não é uma mera forma de atração, mas uma maneira de potência, reconhecimento e de criação de espaços acolhedores para si. Também é forma de ratificar suas existências no mundo.

Marie Claire ouviu e fotografou as histórias de como dois casais transcentrados se conheceram e se apaixonaram, e como enxergam o poder de seus amores. Leia a seguir.

'Foi tudo intenso de carinho e afeto. Foi o destino'

Kley Hudson e Arthur Azevedo — Foto: Bléia Campos
Kley Hudson e Arthur Azevedo — Foto: Bléia Campos

Era 2022. Kley Hudson conheceu Arthur Azevedo enquanto atuava em um set de filmagens. Ambos são atores. Na época, ela, uma travesti, e ele, uma pessoa transmasculina não binária, estavam vivendo outros relacionamentos, mas mantiveram contato nas redes sociais.

Foi em uma peça interativa que Arthur encenava que, um dia, ela encontrou uma brecha: “Gostoso!”, gritou Kley. “Demorou até que eu acreditasse que era para mim”, conta Arthur. Marcaram de tomar um açaí, comer uma pizza e, quando viram, acabaram na mesma cama.

Tempo, aqui, não significa nada: há dez meses namorando, já dividem uma casa no Complexo da Maré, de onde Arthur é cria. As etapas graduais foram emancipadas, diz Kley. “Foi tudo intenso de carinho e afeto, de querer presenciar o acordar do lado do outro. Para mim, foi o destino.”

Desde então, viraram grandes confidentes e o colo um do outro. “A sensação de se relacionar de forma transcentrada é muito diferente porque pessoas trans fazem determinadas coisas apenas com outras pessoas trans, como comemorar o aniversário de início da terapia hormonal ou mesmo comprar roupa íntima. Para pessoas cis, isso é só mais um dia”, diz Arthur.

Kley sente o mesmo: um conforto no entendimento, seja sobre as dores ou sobre as felicidades de ser trans com orgulho.

“Me traz a sensação de que não estou sozinha, de que existimos e nos fortalecemos. Assim, começamos a repensar nossa existência no mundo. O Arthur era a peça de quebra-cabeça que faltava em mim”.

'O que estamos fazendo é ancestral'

Micaella Catano e Gustavo Maria — Foto: Carine Wallauer
Micaella Catano e Gustavo Maria — Foto: Carine Wallauer

Micaella Cattano e Gustavo Maria conversaram pela primeira vez na calçada em frente a um bar badalado no Grajaú, em São Paulo. Desde então, não se desgrudaram mais.

O primeiro papo dele foi sobre o desejo de casar e ter filhos. Ela, por sua vez, o chamou de amor na semana seguinte. Neste mês, completam um ano de namoro. Ao longo desse tempo, trocaram aliança, passaram a dividir um apê e retificaram os documentos juntos.

Se por um lado recebem olhares transfóbicos ao caminhar de mãos dadas na rua, por outro, a família dá apoio e amor incondicional. “A bisavó do Gustavo tem 85 anos e me adora. Ela tem Alzheimer, pode esquecer meu nome, mas nunca me tratou no pronome errado”, diz Micaella, que é maquiadora e performer.

Para Gustavo, artista e educador indígena em contexto urbano, o amor que compartilham é revolucionário por poderem pertencer e constituir uma família.

“Dentro da cultura indígena, transgeneridade é comum. Entendemos a cisgeneridade e a heteronormatividade como algo que o europeu trouxe. O que estamos fazendo é, além de tudo, ancestral.”

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