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Por Bruna Liu, redação Marie Claire — São Paulo

Neste sábado (19), é celebrado o Dia do Orgulho Lésbico, data que remete à luta das mulheres lésbicas pelo seu direito à visibilidade e que foi escolhida em memória à primeira grande manifestação de ativistas lésbicas no Brasil, em 1983.

Para falar sobre o ato que ocorreu há 40 anos, é preciso conhecer o Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) e a primeira publicação ativista lésbica do país, o ChanacomChana, que era produzido justamente por elas.

De acordo com o que Jaíne da Silva e Michelly Cordão – mestras em História e pesquisadoras da área de gênero – apresentaram no artigo Boletim Chanacomchana: a construção do movimento lesbiano brasileiro, foram várias “as criações de coletivos homossexuais no Brasil, que buscavam estender visibilidade às suas pautas políticas nas décadas de 1970 e 1980.”

Dentro deste contexto, o GALF nasceu. Fundado por Miriam Martinho e Rosely Roth em 1981, o grupo “sempre foi pequeno, com uma média de seis integrantes durante sua longa trajetória, e com um perfil fundamentalmente de estudo e militância”, como explica Miriam em seu blog. Ao longo dos oito anos de existência, o movimento “foi a grande referência dos anos oitenta não só para o ativismo do gênero, como para a população lésbica da época.”

Já em 1982, o GALF lançou o boletim ChanacomChana com autoria própria e produção artesanal. A zine reunia conteúdos sobre amor entre mulheres, trazendo colagens progressistas e textos que abordavam questões pertinentes à comunidade.

“O periódico foi o primeiro com temática exclusivamente lesbiana que circulou no Brasil durante o regime militar. Destacando-se por seu agenciamento nas questões lesbianas, foi de grande importância para a sociedade paulista e brasileira, focando nas mulheres, suas sexualidades, prazeres, sem a necessidade de inserir narrativas masculinas”, descrevem Jaíne e Michelly.

Chanacomchana foi um importante boletim para o movimento lésbico dos anos 80 — Foto: ©Míriam Martinho
Chanacomchana foi um importante boletim para o movimento lésbico dos anos 80 — Foto: ©Míriam Martinho

O boletim passou a ser comercializado, principalmente no Ferro's Bar, no centro de São Paulo. Porém, em uma das sessões de venda, na noite de 23 de julho de 1983, as mulheres do GALF foram expulsas e proibidas de voltarem ao tradicional estabelecimento que era ponto de encontro das lésbicas da cidade e de todo o país.

“Todos os sábados, quando íamos vender o boletim ChanacomChana no Ferro’s éramos agredidas pelo porteiro, com ameaças ou puxões de braço para que nos retirássemos. Até que no dia 23 de julho, a barra pesou mais: um dos donos do bar, seu segurança e seu porteiro tentaram concretizar a expulsão, através de agressões físicas”, registrou a jornalista Vanda Frias no Boletim ChanacomChana 4, de 1983.

Como resposta, foi organizada uma manifestação que ocorreu no dia 19 de agosto de 1983. Convocando para o ato, as integrantes do GALF e outros grupos gays e feministas “invadiram” o Ferro’s Bar com o objetivo de reconquistar o direito de vender o boletim e circular livremente no bar. Para o ato, também foram convidados políticos, como a ex-vereadora Irede Cardoso, Eduardo Suplicy e a bancada do PT na Assembleia Legislativa.

O Ferro's bar era um importante point lésbico da época — Foto: Divulgação/ Ovídio Vieira
O Ferro's bar era um importante point lésbico da época — Foto: Divulgação/ Ovídio Vieira

Já as integrantes do GALF que participaram da manifestação foram: Célia Miliauskas, Elisete Neres, Luiza Granado, Míriam Martinho, Rosely Roth e Vanda Frias.

“Batalhamos na organização do happening do 19 de agosto durante quase um mês, enquanto distribuímos no gueto um panfleto denunciando a atitude do Ferro’s, que não é isolada. Com a reconquista do Ferro’s, buscávamos também lutar pelo legítimo direito de circular livremente em todos os locais”, detalha Vanda no zine, que completa: “As militantes do GALF conversam com o dono e conseguem que ele declare diante delas, da imprensa e de outras companheiras(os), que o grupo poderá divulgar seu boletim dentro do bar sustentado pelas lésbicas. Findo o episódio, Irede dá um viva a democracia”.

Em homenagem ao acontecido, a data marca o Dia do Orgulho Lésbico no Brasil. O episódio ficou marcado como o Pequeno Stonewall brasileiro, fazendo referência aos protestos no bar Stonewall Inn, que marcaram o início do movimento LGBTQIAPN+ no mundo. Ambas datas foram marcos na luta por direitos políticos.

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