Saúde

Por Talita Fernandes, em Colaboração Para Marie Claire


Margareth Dalcolmo é pneumologista, membro da Academia Nacional de Medicina, pesquisadora da Fiocruz e um dos nomes mais relevantes no enfrentamento à pandemia da covid-19. Em fevereiro, ela se tornou uma das embaixadoras do Movimento Nacional pela Vacinação, quando os imunizantes bivalentes da Pfizer começaram a ser aplicados nos grupos prioritários.

Margareth Dalcolmo é pesquisadora da Fiocruz e um dos principais nomes da linha de frente no combate à pandemia de covid-19 — Foto: Virginia Fuchs/Fiocruz
Margareth Dalcolmo é pesquisadora da Fiocruz e um dos principais nomes da linha de frente no combate à pandemia de covid-19 — Foto: Virginia Fuchs/Fiocruz

De acordo com a médica, todas as pessoas precisam ser vacinadas – mesmo que já tenham tomado duas, três ou quatro doses da vacina monovalente – já que o vírus causador da doença sofreu modificações desde seu surgimento, no fim de 2019. “A cepa ômicron e suas variantes e subvariantes já tiveram muitas modificações, é quase um vírus novo”, afirma, em entrevista a Marie Claire.

Para Margareth, que também preside a Sociedade Brasileira de Pneumologia, o Ministério da Saúde acertou em aproveitar o início da campanha para resgatar a confiança da população nas vacinas, tão ameaçada nos últimos anos pelo movimento antivax. “Queremos estimular o resgate das taxas de vacinação, considerando que no Brasil todas diminuíram muito. Famílias nos procuram para saber se seus filhos vão morrer com a vacina, pois a confiança da população brasileira foi corrompida com a retórica governamental nociva que houve nos últimos anos no país.”

Ela acrescenta que as mulheres são fundamentais nesta nova campanha por serem elas as responsáveis por estimular a família a se vacinar e também pelo fato de elas terem sido o principal alvo das mensagens que visavam minar a segurança vacinal.

MARIE CLAIRE O que diferencia a vacina bivalente contra a covid-19 das primeiras doses e as de reforço?

MARGARETH DALCOLMO A bivalente é composta pela cepa original e pela cepa ômicron, que previnem contra os sintomas graves e contra a morte pela doença. Então, essa imunização é fundamental, estratégica. O Brasil começou atrasado em relação a países europeus e aos Estados Unidos, que desde setembro do ano passado estão aplicando a bivalente.

MC Qual a importância das pessoas que já foram imunizadas anteriormente completarem o ciclo vacinal com a bivalente?

MD São duas razões que justificam. Primeiro, porque a maioria de nós foi vacinada com as monovalentes há bastante tempo. E, segundo, houve muita mudança no agente causador, pois o patógeno SarsCov2 [causador da covid-19] sofreu mutações. A recomendação é esperar, no mínimo, quatro meses para receber a vacina bivalente depois da última dose [seja a segunda, terceira ou a quarta de reforço].

MC Nos últimos anos, houve uma queda na cobertura vacinal no Brasil e uma pesquisa da Fiocruz realizada com a OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2022 constatou que a taxa de imunização infantil caiu de 93,1% para 71,49%. A campanha da bivalente deve servir de estímulo para a população se vacinar contra outras doenças?

MD Sim. O Ministério da Saúde estabeleceu a proposta correta. Foi lançada a campanha governamental pelo resgate das taxas de vacinação no Brasil aproveitando esse momento da bivalente. Precisamos, por exemplo, resgatar a taxa de imunização para sarampo, que está muito baixa. O Brasil estava no caminho de eliminar a poliomielite [doença contagiosa que pode causar a paralisação dos membros inferiores] – não há registro de casos há 30 anos –, mas hoje é um dos países que têm risco de reintrodução da doença por causa da queda nas taxas de vacinação, que eram altíssimas. Com essa baixa, há o risco da poliomielite voltar a circular, o que seria uma catástrofe.

MC O que foi aprendido com a pandemia no sentido de entender quais investimentos o Brasil precisa fazer para garantir autonomia na produção de vacinas?

MD O Brasil tem autonomia em várias vacinas: é o maior produtor da vacina contra a febre amarela, contra influenza, na vacinação para sarampo e para doenças chamadas imunopreveníveis da primeira infância. Em relação à covid-19, temos autonomia para as vacinas monovalente – a Fiocruz é capaz de produzir 25 milhões de doses da AstraZeneca por mês.

MC Quais são as tendências no mundo para a vacinação contra a covid-19?

MD Uma tecnologia completamente nova está sendo utilizada. A fabricação de vacinas está sendo adaptada para a produção de RNA mensageiro de vacina [ou seja, feitas de forma sintética, em laboratório, para estimular que o corpo produza anticorpos. Nas vacinas tradicionais, isso é feito por meio do uso do vírus inativado que é o causador da doença]. A OMS já autorizou que a Fiocruz seja, na América Latina, o órgão responsável por investir em profissionais que desenvolvam esse tipo de vacina.

MC Ainda cabe às mulheres o papel de garantir e estimular a vacinação da família, ao mesmo tempo em que muitas se destacam à frente de pesquisas sobre vacinas no Brasil e no mundo. Sendo uma mulher pesquisadora, como enxerga isso?

MD O fato de eu ser mulher e cientista me faz explicar de um jeito pedagógico. Me sinto capaz de falar para quaisquer grupos de pessoas: tanto discutir com colegas em alto nível científico quanto falar para um grupo de famílias que nos procura para saber se seus filhos não vão morrer com a vacina. Isso [o medo da vacinação] é fruto de algo que corrompeu a confiança da população brasileira, com a retórica governamental tão nociva que houve nos últimos anos no país. A população brasileira sempre teve uma taxa de confiança nas vacinas, mas isso foi corrompido por um discurso. Diante de uma doença nova, ameaçadora, muitos perderam seus empregos e as mulheres foram as mais sobrecarregadas. Elas ficaram em casa com os filhos, que estavam fora da escola, tendo os afazeres e muitas ainda tendo que conviver com a violência doméstica.

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