Vacinação

Por Talita Fernandes


A pandemia da covid-19 renovou os olhos do mundo para a ciência. Aprendemos mais sobre os processos e personagens desse universo. Aprendemos ainda que, não diferente da maioria, essa é uma área em que as mulheres raramente são protagonistas. Esse, felizmente, é o caso de Cristiana Toscano, médica epidemiologista, professora e pesquisadora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Cristiana Toscano — Foto: Divulgação
Cristiana Toscano — Foto: Divulgação

Desde 2020, ela é a única mulher a ocupar o Grupo de Trabalho de Vacinas para covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cristiana foi indicada por seu trabalho na área de imunização e, em 2022, teve a participação renovada por mais dois anos. O grupo, formado por 13 especialistas, foi responsável pela revisão de estudos de vacinas para o coronavírus e pela discussão de estratégias de vacinação no mundo todo. A Marie Claire, a pesquisadora diz: “Além de um orgulho e uma honra, é um aprendizado que vejo como importante inclusive para o nosso progresso enquanto cientista, enquanto mulher na ciência”.

A pesquisadora observa ainda que os critérios de representatividade do sistema ONU são importantes para que pessoas de países menos desenvolvidos, como o Brasil, se sintam dignas de ter um assento em um lugar de destaque internacional. Ela ressalta que isso promove um ambiente mais plural. A partir de 2023, Cristiana passou a integrar também o Grupo Estratégico Internacional de Experts em Vacina e Vacinação (Sage). O Sage é um guarda-chuva que abriga o comitê integrado pela professora da UFG desde 2020.

De acordo com a Fiocruz, a participação feminina na ciência está abaixo da proporção de mulheres no mundo. No Brasil, ainda que as mulheres sejam 58% da população total, correspondem a 40,3% da comunidade científica. Em termos globais, essa fatia é ainda mais tímida, de apenas 30%.

Outra brasileira que teve papel de destaque na pesquisa, no desenvolvimento e na construção das condições necessárias para as vacinas contra a covid-19 é a imunologista Daniela Ferreira. Foi ela quem liderou um dos centros de testagem do imunizante Astrazeneca, desenvolvido em parceria com a Universidade Oxford. Daniela se tornou a primeira mulher a chefiar o departamento de Ciências Clínicas da Escola de Medicina Tropical de Liverpool (LSTM).

Ester Sabino — Foto: Divulgação
Ester Sabino — Foto: Divulgação

Para que vacinas sejam desenvolvidas, é necessário lembrar porém que um trabalho científico anterior é necessário: o sequenciamento do vírus que causa a doença, que será combatida pelo imunizante. E neste ponto novamente brasileiras ganharam destaque: em apenas 48 horas, as pesquisadoras Ester Sabino e Jaqueline Goes de Jesus conseguiram cumprir a missão de decodificar o DNA do vírus. Ambas estão vinculadas à Universidade de São Paulo (USP). Ester, que tem um histórico também monitorando o vírus causador da zika, é diretora do Instituto de Medicina Tropical da USP e Jaqueline é pós-doutoranda do mesmo instituto.

Jaqueline Goes de Jesus — Foto: Reprodução Currículo Lattes
Jaqueline Goes de Jesus — Foto: Reprodução Currículo Lattes

O nome de Ester está entre os lembrados pela diretora médica executiva do Instituto Butantan, Fernanda Boulos. Para ela, a participação das mulheres na ciência e no desenvolvimento de vacinas é importante, mas chama atenção para a necessidade de amplificação das vozes das profissionais. “Existem muitas mulheres na ciência. Precisamos garantir espaço para que suas vozes sejam ouvidas, e igualdade de oportunidade para que seus feitos sejam destacados. Essa visibilidade das mulheres na ciência também leva à possibilidade de meninas se enxergarem nesse espaço.”

Ester acredita que um dos problemas é o apagamento feminino na ciência ao longo da história. “Existem muitas mulheres com contribuições relevantes, em diversas áreas. No entanto, é comum que o destaque seja dado principalmente aos homens. Na história da ciência, há um apagamento de cientistas mulheres com feitos de grande importância”, acrescenta. Por outro lado, reconhece que há um movimento global em direção a uma maior igualdade, apesar dos obstáculos.

Fernanda destaca ainda a atuação de outra brasileira, “Nísia Trindade, hoje ministra da Saúde”. Nísia foi a primeira mulher a liderar a Fiocruz e atualmente é a primeira a chefiar o Ministério da Saúde. “Na pandemia, ela estava à frente da Fiocruz, instituição que teve papel fundamental tanto no desenvolvimento clínico de uma vacina, como no monitoramento de dados epidemiológicos”, diz a profissional do Butantan.

Quando questionada sobre suas inspirações na ciência, Fernanda diz ter cruzado com muitas mulheres ao longo de sua carreira, mas menciona também a cientista Marie Curie, responsável pelo descobrimento em radiação e que tem sua história contada no romance A Ridícula Ideia de Nunca Mais Te Ver (ed. Todavia; 208 págs.; R$ 49,58), escrito pela jornalista Rosa Montero.

Outro papel de destaque é ocupado pela bióloga Luisa Lina Villa, também professora da Faculdade de Medicina da USP. Luisa é membro da Academia Brasileira de Ciências e referência em pesquisas sobre a vacinação contra a HPV, importante para a prevenção de diversos tipos de câncer, entre eles o de colo do útero. A pesquisadora teve seu trabalho reconhecido no Brasil e no exterior por meio de prêmios. Entre eles, recebeu o Scopus Brasil em 2010, oferecido pela Elsevier. Ela ainda conta com menção honrosa no Prêmio Peter Muranyi de 2018, instituição paulista dedicada a reconhecer o trabalho de cientistas. No exterior, foi laureada com o prêmio de Biologia da The World Academy of Sciences (TWAS), em Trieste, Itália.

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