O negro no sul do estado

Em Santa catarina a escravidão negra aconteceu em cinco municípios: São Francisco do Sul, Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), Laguna, Araranguá e e Lages. O primeiro grupo veio com os vicentistas das Ilhas dos Açores e da Madeira em meados do século XVIII.

Alguns autores afirmam que a participação do negro na colonização de Santa Catarina foi muito reduzida.

A presença do negro no sul de Santa Catarina é resultante de um processo de escravidão ou de movimentos migratórios, principalmente no período pós Guerra do Paraguai. A migração dos negros, depois da abolição da escravatura, deu-se em função da tentativa de mudança, obtenção de terras agricultáveis e mais tarde, com a descoberta do carvão, o trabalho de extração nas minas

Ex-combatentes da guerra do Paraguai, em vez de retornar à Bahia, fixaram-se em Içara, na localidade de Urussanga Velha, onde trabalharam na lavoura, na construção da estrada de ferro e no carvão.

Por volta de 1910 inicia-se em Criciúma a abertura de picadas para a construção da Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina. Essa via de acesso provocou a migração dos pioneiros negros de comunidades vizinhas em busca de trabalho.

Os pioneiros foram Manioel Estevão e sua esposa, Joventina Lima, que dava aulas gratuitamente. Vieram de Jaguaruna em 1912. Quando chegaram, foram morar numa região próxima ao Morro da Cruz, onde é hoje Mina União. A maioria dos negros ao chegar à cidade fixavam-se próximos á Mina Velha, Vila Santa Bárbara. Com o passar dos anos algumas famílias as diversas família espalharam-se pelo Município.

Atualmente a maioria das família negras residem em bairros mais afastados do centro, tais como Boa Vista, Vila Manaus, Cidade Mineira.

O cotidiano

As casas eram de madeira de lei. Não tinham banheiro. Os móveis eram rústicos. O trabalho era braçal e a iluminação, precária, através de gás carboreto e água. A maioria trabalhava em pequenas roças, em terras arrendadas.

Os primeiros negros trabalharam abrindo picadas para a construção da estrada de ferro, no meio do mato, dormindo em barracos de lonas. Nas minas faziam parte da linha de frente, colocando dinamite e preparando os estopins.

Alguns mantinham um trabalho paralelo - depois do trabalho iram para suas roças onde criavam gado e porcos.

Lazer

Nas casas faziam os chamados abafadinhos: reuniam-se com um pandeiro e um tambor, dança e canto. O lazer, os costumes e a religião dos negros era bem aceita na região.

O clube mais freqüentado pelos negros é a Sociedade Recreativa União Operária, fundada em 03 de dezembro de 1970. O prédio do clube contou com grande contribuição de Aldo Lima, que quando assumiu a presidência da Sociedade não mediu esforços para concretizar o sonho da sede própria. O Iakekerê é um bloco do carnaval que somente aceita afros-descendentes na sua agremiação.