Greve dos Mineiros em 1960

Escreve o Historiador Paulo César Floriano: "Com a mecanização das minas, a poeira, o ruído e tantos outros malefícios do ofício passaram a rondar o mineiro de maneira mais freqüente e ameaçadora. Em alguns trechos das minas não se tinha nem trilhos de ferro; era madeira. Isso fazia o mineiros desprender um enorme esforço físico para dar conta da produção. Em alguns lugares o teto era muito próximo do chão, forçando o mineiro a trabalhar em posições desconfortáveis e que posteriormente lhes trariam danos á saúde, como problemas na coluna vertebral. A ventilação era insuficiente e eles tinham de respirar um ar impregnado de odores; não havia banheiros, latrinas ou qualquer coisa que desse maior higiene àquele lugar. Havia uma poeira que na mina manual ainda era pouca, mas em minas mecanizadas ou em via de mecanização fazia com que o mineiro, em poucos anos de serviço, envelhecesse e perdesse parte de seu vigor devido ao acúmulo de pó nos pulmões. Foi em função dessa realidade que em 1960 os mineiros apoiaram a greve. Eles exigiam o pagamento da taxa de insalubridade. Fizeram, então, uma passeata pelas ruas de Criciúma e, como represália por parte dos donos das mineradoras, os dirigentes sindicais foram proibidos de baixar a mina e inspecionar os locais de trabalho de seus associados.

Durante essa greve, o Sindicato dos Mineiros esteve em assembléias permanentes e resolveu impedir o tráfego dos caminhões das mineradoras. Os mineiros bloquearam a rua que passa em frente á igreja católica do bairro Próspera e com isso conseguiram chamar uma atenção maior, criando um clima de desafio e provocação, que foi duramente repelido pelas tropas do Exército, a pedido dos empresários.

Os mineiros, entretanto, não se deram por vencidos pela violência e pela não compreensão das suas dignas reivindicações. Por isso fizeram um ato muitíssimo ousado e voltaram, mas trazendo consigo seus filhos e suas mulheres, sendo que as mulheres grávidas, na linha de frente, deitaram-se na rua, esperando o retorno dos caminhões e do exército, que não voltaram.

Por fim, em assembléia, os mineiros nomearam uma comissão para ir ao Rio de Janeiro e negociar a greve e a taxa de insalubridade com os representantes do Ministério do Trabalho. A razão maior da greve, que foi o pagamento da taxa de insalubridade, não surtiu o efeito esperado. A greve, porém, foi de muito embate, muita resistência e resultou no fortalecimento da categoria em torno de seu Sindicato."

Fonte: Paulo César Floriano (Graduado em História)