Saúde
Por , Em Colaboração para Marie Claire — São Paulo

Talvez você já tenha vivenciado o cenário a seguir uma ou várias vezes. Em busca de uma alimentação mais saudável ou de um corpo ideal, procurou um nutricionista. Você saiu do consultório com uma lista do comer e até tentou ou seguiu o regime por um tempo. Porém, em algum momento retornou ao padrão que queria mudar.

É possível que as suas fontes não tenham sido somente profissionais da alimentação. Afinal, o que não falta é conteúdo sobre dieta na internet e nas livrarias, desenhadas a partir de várias linhas da nutrição. Foi justamente como resposta a esse padrão de “isso pode e aquilo não pode” que surgiu uma tendência que procura ser uma antítese às dietas. Trata-se do comer intuitivo.

O que é o comer intuitivo?

Esse modelo foi criado por duas nutricionistas norte-americanas, Evelyn Tribole e Elyse Resch, nos anos 1990. A partir da prática clínica, elas perceberam que os pacientes viviam fazendo dietas que, com o tempo, resultavam em reganho de peso.

A dupla então, criou um método para as pessoas desenvolverem uma relação saudável com a comida. O nome causa uma certa confusão porque, culturalmente, a palavra “intuição” remete a algo místico.

Na realidade, as nutricionistas se referem a uma sabedoria interna que é inata mas, com o tempo, se apaga. A base é que todos nós temos a capacidade de saber o que estamos sentindo, tanto física quanto emocionalmente, algo que a literatura científica chama de um nome esquisito: percepção interoceptiva.

Pense num bebê. Ele abre a boca se quer comer papinha e cospe se não quer mais — simples assim. No entanto, quando cresce um pouquinho, ouve frases do tipo: “Tem que raspar o prato” ou “Não pode comer antes do almoço”.

Por causa de influências externas, a criança vai perdendo a capacidade de entender o próprio apetite. Na vida adulta, chega a um ponto em que nem sabe mais porque está comendo: se é por fome, por ansiedade ou simplesmente por um hábito automático.

“O comer intuitivo tem muitos estudos científicos e hoje é considerado um modelo para trabalhar alimentação sem dietas”, diz a nutricionista Marle Alvarenga, revisora técnica do livro Comer intuitivo: Faça as pazes com a comida. Liberte-se da dieta crônica. Redescubra o prazer de comer (Ed. Sextante), de autoria de Tribole e Resch.

Segundo Alvarenga, é comum que o comer intuitivo seja mal compreendido, a começar pelas próprias nutricionistas. “É claro que não se trata de um modelo para comer o que quiser na hora que quiser. Existem princípios e exercícios sistematizados para trabalhar a percepção de fome e saciedade”, afirma ela, doutora em nutrição pela Universidade de São Paulo, idealizadora do Instituto Nutrição Comportamental e certificada em comer intuitivo.

Modelo para pessoas com alguns transtornos alimentares

A alimentação está diretamente ligada às emoções. “Nós comemos de uma forma biopsicossocial, não somente pela necessidade que o corpo tem de nutrientes. Do ponto de vista psicológico, a alimentação intuitiva nos ajuda a retomar o prazer pela comida, a reconhecer melhor sinais internos e também as nossas emoções”, diz Vanessa Tomasini, psicóloga clínica especialista em transtornos alimentares pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Tomasini cita uma frase que traduz bem os tempos atuais: nunca soubemos tanto sobre alimentação e nunca estivemos tão perdidos. Foram criadas tantas normas que as pessoas não sabem mais o quê, quanto e que hora comer. “A alimentação está muito calcada na mentalidade de dieta, em um olhar desligado do afeto e ligado à regra”, afirma.

O comer intuitivo é utilizado como parte do tratamento de alguns transtornos alimentares, como compulsão alimentar e bulimia nervosa. Já a anorexia nervosa grave não está incluída nessa lista, porque a pessoa utiliza o comer intuitivo para chancelar a fome que ignora. “O ideal é que o tratamento seja conduzido por um profissional especialista em transtornos alimentares e também em comer intuitivo”, aponta Tomasini.

Quais são os pilares do comer intuitivo?

O comer intuitivo tem três pilares. O primeiro é a permissão incondicional para comer. O segundo, comer para atender as necessidades fisiológicas e não emocionais. Por fim, seguir os sinais internos de fome e saciedade para determinar o quê, quanto e quando comer.

Com base nisso, os dez princípios a seguir foram desenhados por Tribole e Resch para ajudar as pessoas a resgatarem ou se tornarem comedoras intuitivas:

1. Rejeitar a mentalidade de dieta

Parece o contrário do que aprendemos a fazer, inclusive por estímulo da maioria das nutricionistas, mas a premissa é abandonar a mentalidade de dieta. Ninguém pode decidir o que e quanto devemos engolir e a que hora. Cada indivíduo deve ser o especialista no próprio corpo.

“Existem publicações científicas que citam a terminologia no diet approach, que seriam as abordagens sem dieta, entre elas o comer intuitivo”, diz Alvarenga. “A gente ajuda as pessoas a reencontrarem ou encontrarem a intuição, porque às vezes ela nem sabe o que é.”

2. Honrar a fome

Esse é um dos pontos centrais do modelo. A sensação interna deve guiar a quantidade e a qualidade do que uma pessoa ingere para satisfazer as necessidades do corpo.

Segundo Alvarenga, o organismo sempre dá sinais de fome. Se a barriga não roncar, por exemplo, a pessoa pode manifestar irritabilidade e dor de cabeça. A ideia é que o indivíduo consiga interpretar o que acontece internamente.

3. Fazer as pazes com a comida

Outro princípio fundamental é que todas as comidas, embora diferentes em termos nutricionais, devem ser equivalentes emocionalmente. Não existe lista de vilões e mocinhos, como preconizam as dietas tradicionais. “Para fazer as pazes com a comida, é preciso comer sem culpa”, aponta Alvarenga.

4. Desafiar o policial alimentar

Pensamentos de culpa e julgamento não ajudam a tornar a alimentação mais saudável. Ao contrário, podem desencadear pensamentos de 8 ou 80. Por isso, é preciso aposentar o bebel interno que fiscaliza cada mordida no brigadeiro ou na batata frita.

5. Sentir a saciedade

Assim como se deve honrar a fome, é necessário aprender a sentir a saciedade e respeitá-la. Existem exercícios para o indivíduo comer com atenção e calma, prestando atenção aos sinais do corpo.

6. Descobrir o fator satisfação

A comida é uma fonte de prazer, e deve continuar assim. Ingerir o que se tem vontade é fundamental, e por isso fazer as pazes com a comida se faz necessário.

7. Lidar com as suas emoções com gentileza

Esse é outro ponto central do comer intuitivo. É notório que as emoções influenciam o comportamento à mesa. Quem nunca atacou um pote de sorvete num dia de ansiedade? A proposta é encontrar, experimentar e usar maneiras de se alimentar, distrair, resolver questões sem usar a comida.

“Os nutricionistas de um modo geral não são treinados para lidar com isso na faculdade. O clássico é falar: ‘Controle-se’. No comer intuitivo, o exercício é ajudar a pessoa a localizar o sentimento. Porém, em alguns casos, o ideal é um tratamento multiprofissional, que inclua terapia”, diz a nutricionista.

8. Respeitar o seu corpo

Esse princípio passa pela ideia de não buscar uma forma física considerada ideal. Cada indivíduo tem um biotipo, determinado por fatores genéticos, que deve ser respeitado. Metas irrealistas mais atrapalham do que ajudam. “A função do corpo não é estética”, atesta Alvarenga.

9. Movimentar-se – sentindo a diferença

O movimento deve ser motivado pelas sensações que despertam no corpo, e não pelo objetivo de queimar calorias ou delinear os músculos. A mudança física é só uma consequência da atividade. Assim como comer, colocar o corpo em movimento pode ser intuitivo. As sensações são um guia para o bem-estar.​

10. Honrar a sua saúde com uma nutrição gentil

O comer intuitivo defende uma alimentação gentil, sem desconsiderar nenhuma das recomendações nutricionais sobre diretrizes para alimentação saudável. Fazer as pazes com a comida e encontrar satisfação no alimento passa por abandonar dietas, honrar a fome, perceber a saciedade.

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