A friburguense Juliana Turque, 25, usou o TikTok para alertar ao público que a segue sobre a importância de procurar pelo pronto-socorro diante de qualquer sinal de alergia. Isso porque a influenciadora digital chegou até mesmo a desmaiar após fazer uso do medicamento omeprazol.
Era abril de 2022 Turque foi com o namorado e amigos a uma festa em Nova Friburgo, município do Rio Janeiro. “Até então, eu estava normal. A única coisa que eu estava sentindo era rinite. Então, antes de sair de casa, tomei um omeprazol e um antialérgico fraco”, lembra.
O omeprazol tinha sido recomendação de um clínico geral com que a influenciadora digital se consultou. O médico prescreveu o fármaco quando a paciente se queixou de dor de estômago. “Assim que eu cheguei na festa, comecei a sentir uma coceirinha abaixo do pescoço. Só que como começou a coçar muito, fui para mesa, me sentei e tomei mais um antialérgico”, relata.
Ainda assim, os sintomas de alergia continuaram a progredir. “Comecei a sentir que meu rosto estava pegando fogo e, na hora que peguei meu celular, abri a câmera frontal e levei um susto porque ele estava muito inchado”, conta.
Turque procurou pela farmácia mais próxima e comprou um antialérgico mais forte do que o que ela havia tomado. “Eu acho que foi isso que me salvou”, reflete.
A coceira e inchaço no rosto e nas mãos da influenciadora digital eram tão intensos que, embora ela tentasse continuar aproveitando a festa, não conseguiu e precisou ir embora.
![Turque registrou o inchaço e a vermelhidão nas mãos — Foto: Arquivo pessoal](https://cdn.statically.io/img/s2-marieclaire.glbimg.com/mlg17JQZC30dC2uuKO4leGTHngU=/0x0:1800x1155/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_51f0194726ca4cae994c33379977582d/internal_photos/bs/2024/Z/s/WmDlUXT3SxKPUlfrM47A/alergia-da-mao.jpg)
“Ao chegar em casa, corri direto para o banheiro e entrei debaixo do chuveiro quente. No meio do banho, comecei a sentir uma sensação horrível de desmaio. Então, abri a porta do box, chamei minha mãe e destranquei a porta do banheiro. Minha sorte é que eu me enrolei em uma toalha porque, ao abrir a porta do banheiro e sair correndo em direção ao meu quarto, eu caí de joelhos e desmaiei ali mesmo”, lembra.
A próxima lembrança que Turque tem é de ver sua família ao seu redor e o alívio das sensações de inchaço e queimação terem passado. Depois desse evento, a influenciadora digital teve mais dois episódios de alergia até entender que quem estava causando tais sintomas era o omeprazol.
“Na segunda e na terceira vez, a reação começou com os mesmos sintomas: uma coceirinha e, então, comecei a ver que meu rosto estava ficando quente também”, lembra. O que impediu que o quadro piorasse nas duas vezes foi que Turque tomou cloridrato de prometazina, princípio do Fenergan.
“A partir do momento que parei de tomar o omeprazol, nunca mais tive nada do tipo. Mas até hoje, só saio de casa se estiver com o antialérgico na bolsa. Fiquei traumatizada”, reflete.
Alergia a medicamento: por que acontece, principais sintomas e o que fazer
A influenciadora digital passou longos anos fazendo uso do omeprazol até ter uma reação alérgica a ele e isso acontece porque, quanto maior o tempo de exposição a uma substância, maior a chance de desenvolver sensibilidade a ela, segundo a alergista e imunologista Maria Inês Perelló Lopes Ferreira, coordenadora do Departamento Científico de Medicamentos da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).
“As manifestações na pele são a forma mais comum de apresentação de alergia a um medicamento. Elas podem causar vermelhidão com pequenas bolinhas que coçam ou placas vermelhas e elevadas no corpo associadas ou não a inchaço em pálpebras ou nos lábios. Nas formas graves, manifestações em outros órgãos podem causar falta de ar, náuseas, vômitos pressão muito baixa, edema de glote e choque anafilático”, explica Ferreira.
Há casos graves em que a alergia ao fármaco causa bolhas com descolamento da pele e das mucosas oral, genital e/ou ocular. “Outros tipos podem causar disfunção de órgãos como fígado e rins ou ainda afetar os vasos sanguíneos causando púrpura ou vasculite”, enumera a alergista e imunologista.
Ainda que Turque não tenha procurado o pronto-socorro após os sintomas de alergia, essa não é a atitude correta, prevista pela especialista. O ideal é suspender imediatamente o medicamento possivelmente associado a sintomas alérgicos e recorrer a emergência.
“Posteriormente a procura por um especialista em alergia a medicamentos será fundamental para avaliação diagnóstica do medicamento que causou o quadro, para orientação da possibilidade de reações cruzadas com outros medicamentos e de remédios alternativos”, esclarece Ferreira.
É possível que a pessoa volte a tolerar novamente o medicamento que causou a alergia, mas a decisão de se expor de novo ao fármaco não deve ser do paciente. Isso porque, na maioria dos casos, a alergia à substância é para toda a vida e uma nova exposição ao remédio pode ser até mesmo fatal. Logo, todo o processo deve ser conduzido por um especialista.