Por que o dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher?

Diversos acontecimentos histórios desde o final do século 19 culminaram na criação da data, oficializada apenas em 1975 pela ONU

Por Redação Marie Claire


A marcha das mulheres russas, que ficou conhecida por 'Pão e Paz', em 1917, contou com cerca de 90 mil mulheres lutando por melhores condições de trabalho e de vida Reprodução / Instagram

O dia 8 de março se tornou o Dia Internacional das Mulheres por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), que oficializou a data em 1975 para lembrar as conquistas sociopolíticas e econômicas das mulheres. Porém, desde o início do século 20, os movimentos de mulheres já celebravam a luta pelos seus direitos nesta data.

Inicialmente, o dia 19 de março, 15 de abril, o último domingo de fevereiro e o dia 23 de fevereiro chegaram a representar o dia oficial das mulheres. No entanto, o martelo só foi batido no dia 8 de março depois de dois dentre os vários eventos que influenciaram na criação da data, terem acontecido.

O incêndio na fábrica de roupas Triangle Shirtwaist, em 1911, foi um desses eventos. A tragédia escancarou as péssimas condições de trabalho das operárias e foi o maior acidente industrial de Nova York. Cerca de 146 pessoas morreram, sendo 23 homens e 123 mulheres.

A maioria das funcionárias eram imigrantes judias e algumas tinham apenas 14 anos. O incidente contribuiu, tempos depois, para a determinação de critérios rigorosos sobre as condições de segurança no trabalho e o crescimento dos sindicatos.

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A marcha das mulheres russas por pão e paz, em 1917, foi outro marco da história contemporânea. Foi no dia 8 de março daquele ano, na Rússia, que cerca de 90 mil mulheres operárias foram às ruas protestar por melhores condições de trabalho e de vida.

Além disso, elas também reivindicavam o fim da fome e da 1ª Guerra Mundial. O evento ficou conhecido historicamente como "Pão e Paz" e deu início a uma revolução de efeitos globais que reverberam até hoje. Uma greve dessa proporção nunca havia sido feita antes pelas mulheres, dando origem, mais tarde, ao Dia Internacional das Mulheres.

Mulher e revolução

Desde o final do século 19, organizações feministas defendiam a criação de uma data para lembrar a luta pelos direitos das mulheres. A ativista alemã Clara Zetkin foi uma das principais idealizadoras da proposta. Durante a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, a marxista defendeu a ideia como uma jornada anual de manifestação pelo direito de voto para as mulheres e igualdade.

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A revolta diante do incêndio na tecelagem Triangle foi um marco que incentivou a luta por melhores condições de trabalho para as mulheres, movimentando as ativistas ainda mais para as diferentes causas femininas defendidas no Dia Internacional da Mulher. Ao longo dessas lutas, o dia 8 de março foi sendo utilizado como um marco nos movimentos feministas, ganhando ainda mais força após a 2ª Guerra Mundial, uma época em que o feminismo e a luta por direitos trabalhistas ficavam mais fortes.

Assim, em 1977, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu a data oficialmente como o Dia Internacional da Mulher.

A luta continua

Apesar de ter sido oficializada no calendário mundial há 46 anos, a luta pelos direitos das mulheres existe há muito tempo. Desde a Idade Média, com as caças bruxas, até hoje, as mulheres seguem batalhando para terem os seus direitos assegurados.

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De lá para cá, muitas conquistas foram alcançadas: a mulher conquistou o direito a votar, a ser vista como cidadã participante do crescimento econômico de seu país e a exercer funções antes só ocupadas por homens. Ao longo dos anos, direitos foram conquistados e se tornaram, inclusive, leis, como a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, um marco na história de luta das mulheres brasileiras que cria mecanismos de proteção à mulher contra a violência doméstica.

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Mas, apesar dessas conquistas, a luta ainda está longe do fim. De acordo com o Relatório Global de Desigualdade de Gênero, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial em 2022, ainda serão precisos 132 anos para que homens e mulheres estejam em condições iguais no mundo. Para o estudo, foram analisadas 146 economias diferentes, incluindo o Brasil, que ocupa a 94ª posição no ranking geral global dos países em que há a maior igualdade de gênero no mundo.

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