Aspartame é cancerígeno? Entenda o risco de consumir o adoçante artificial

Produto foi classificado como “possivelmente cancerígeno para humanos”, segundo a Organização Mundial da Saúde

Por Dóris Marinho, Colaboração Para Marie Claire — São Paulo


Adoçante artificial pode ser adicionado à parte, mas também está presente em comidas e bebidas Unsplash

Recentemente, órgãos ligados à Organização Mundial da Saúde (OMS) classificaram o aspartame como “possivelmente cancerígeno para humanos". Apesar do anúncio, ainda há um limite considerado seguro e aceitável para o consumo diário do adoçante.

O anúncio parte de uma análise conjunta realizada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) e pelo Comitê Misto FAO/OMS de Especialistas em Aditivos Alimentares (JECFA), após uma revisão de mais de 100 estudos científicos sobre o tema. Embora independentes, as considerações dos dois órgãos se complementam.

Os efeitos do aspartame na alimentação já são questionados há alguns anos, desde a sua aprovação para uso nos Estados Unidos, na década de 1980. No entanto, esta é a primeira declaração pública de entidades ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o assunto.

Aspartame: o que é?

Muitas pessoas consomem aspartame, mas não sabem exatamente o que a substância é. Trata-se de um aditivo com função edulcorante que confere sabor adocicado ao alimento, sem adicionar calorias. Ele é rapidamente absorvido pelo organismo e metabolizado em fenilalanina, ácido aspártico e metanol.

Conhecido por ser 200 vezes mais doce do que o açúcar, o aspartame é amplamente utilizado em bebidas e alimentos industrializados definidos como diet e light, como refrigerantes, balas, gomas de mascar, iogurtes e sobremesas.

O adoçante artificial também está presente em outras categorias de produtos, inclusive em alguns medicamentos.

Aspartame é cancerígeno? Desvendando os riscos por trás do adoçante

A IARC — agência da OMS que se dedica à pesquisa sobre as causas do câncer — categoriza os agentes potencialmente cancerígenos em diferentes grupos.

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O aspartame foi inserido no Grupo 2B (terceiro mais preocupante em um total de cinco níveis). Esta classificação costuma ser aplicada quando existem indícios relevantes, mas insuficientes, de que a substância é “possivelmente carcinogênica a humanos”.

A decisão foi tomada a partir de evidências limitadas de câncer em animais e humanos — em especial, tumores de cérebro e de fígado. Se os indicativos fossem considerados mais sólidos, provavelmente, o aspartame teria sido adicionado a uma categoria mais perigosa.

Devido a essas limitações nas evidências disponíveis, os cientistas ressaltam que mais pesquisas são necessárias para confirmar os resultados. Até lá, a conclusão do JECFA — órgão internacional responsável por avaliar a segurança dos aditivos alimentares — é que não há a necessidade de alterar os limites considerados seguros para a ingestão do aspartame.

Quando o aspartame faz mal? Conheça o limite seguro para o consumo

Atualmente, a OMS recomenda que o consumo diário do aspartame não ultrapasse 40 miligramas por quilograma de peso corporal. Isso significa que, para exceder o limite considerado seguro, um adulto de 70 kg precisaria ingerir entre 9 e 14 latas de refrigerante adoçado com aspartame por dia.

Vale destacar que algumas pessoas são mais sensíveis aos efeitos do aspartame.

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Portadores de uma doença rara chamada fenilcetonúria, por exemplo, não devem consumir o adoçante artificial. A condição afeta a metabolização da fenilalanina e pode causar o acúmulo da substância no corpo, que, por sua vez, pode levar a deficiência intelectual, convulsões, entre outros problemas no cérebro.

Na dúvida, o aconselhável é buscar a opinião de um médico. O profissional poderá avaliar individualmente o seu estado de saúde e, a partir disso, estabelecer recomendações específicas sobre o consumo diário do aspartame.

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