Os Estados Unidos passaram a permitir que a mifepristona, remédio abortivo considerado essencial pela Organização Mundial da Saúde (OMS), seja vendido em farmácias em território nacional. As medidas de regulamentação da venda do medicamento foram anunciadas nesta terça-feira (3) e pode facilitar o acesso ao aborto legal por mulheres e pessoas que gestam que desejarem fazê-lo após queda da decisão Roe v. Wade, que anulou o acesso legal e seguro à interrupção de gravidez do ano passado.
O medicamento já era disponibilizado para compra, mas apenas em algumas farmácias. Era comumente necessário que os pedidos fossem feitos para médicos, clínicas certificadas ou por correspondência. Agora, segundo a AFP, a distribuição será mais ampla e será vendida sob prescrição médica nos estados onde o aborto ainda é legal.
A FDA aponta que as farmácias vão precisar ter uma certificação de armazenamento. Para comprar o medicamento, também será necessário preencher um formulário de consentimento.
Os remédios abortivos já são usados em metade dos casos de aborto nos Estados Unidos. Sua disponibilização tem sido pauta de uma batalha política após a derrubada da Roe v. Wade, decisão que por 50 anos garantiu o direito a institucionalização do aborto legal em todo território nacional e foi anulada pela ala conservadora da Suprema Corte. Dessa maneira, a regulamentação por parte da FDA é é considerada um avanço aos direitos reprodutivos.
A liberação de venda do medicamento foi recebida de maneira mista. Enquanto a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) se mostrou satisfeita com a medida, dizendo que o fácil acesso ao remédio "aliviando um dos fardos desnecessários da agência sobre os pacientes", a presidente da organização antiaborto Susan B. Anthony List, Marjorie Dannenfelser, afirmou que a liberação é uma tentativa do governo Biden de "priorizar os lucros da indústria do aborto em detrimento da segurança das mulheres e das vidas dos nascituros".
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