Quando o teste de gravidez dá positivo, uma jornada nova se inicia para a gestante, uma vez que o bebê muda a cada semana. Por isso, é natural que, durante a gestação, as mulheres fiquem curiosas com relação ao peso e tamanho do filho. Para acompanhar e monitorar a evolução dos bebês, as pacientes precisam fazer os ultrassons gestacionais.
A ultrassonografia é uma grande aliada durante todo o pré-natal. Com ela, a mãe pode acompanhar o crescimento do bebê e até mesmo ver a carinha dele antes do parto. Quem diria que essa tecnologia, que foi criada na Primeira Guerra Mundial para ajudar na navegação, um dia seria usada para desenhar os contornos do seu filho? No Brasil, o exame começou a ser feito na década de 1970 e se tornou tão fundamental que, desde 2010, o SUS oferece cobertura integral para sua realização.
Em gestantes de risco habitual, ou seja, sem intercorrências, doenças prévias ou complicações conhecidas, a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) preconiza um mínimo de dois ultrassons ao longo do pré-natal. Mas o ideal, segundo os especialistas, é fazer pelo menos um em cada trimestre da gravidez, se possível.
Como é feito o cálculo do tamanho do bebê?
Até cerca de metade da gravidez, a medição do embrião/feto/bebê durante os exames de ultrassom será feita do alto da cabeça até a parte inferior do bumbum. Essa medida, tecnicamente conhecida como comprimento cabeça-nádegas (CCN), aliás, é bastante usada nos primeiros meses da gestação para determinar a idade gestacional, já que uma parte das mulheres tem ciclos irregulares e não sabe exatamente a data certa da concepção.
A partir da 20ª semana, o comprimento do bebê é estimado como do alto da cabeça até o calcanhar, como quando é medido depois que ele nasce. A medição deixa de ser feita apenas até o bumbum. Como o bebê fica apertadinho e com as pernas flexionadas quando está no útero, no exame de ultrassom, ele não tem seu comprimento total medido. São feitas algumas medições específicas e os valores são colocados em uma fórmula matemática, que resulta em uma estimativa de peso. É através dessas medidas que o crescimento fetal é avaliado. Os ossos são as estruturas mais visíveis na ultrassonografia (ficam brancos). As medidas são:
- Comprimento do fêmur (osso da coxa);
- Circunferência cefálica (da cabeça), calculada a partir de duas medidas feitas em forma de linha reta, que se cruzam;
- Circunferência abdominal (menos exata, usada mais para acompanhar eventuais mudanças, também calculada a partir de duas linhas retas).
Tamanho do bebê a cada semana
Primeiro trimestre
Tamanho do bebê: primeiro trimestre
Semanas | Tamanho | Peso* | Comparação (tamanho) |
3 semanas | De 0,1 a 0,2 milímetro | Grão de areia | |
4 semanas | De 0,2 e 0,4 centímetro | Miçanga pequena | |
5 semanas | 0,5 centímetro | Grão de ervilha | |
6 semanas | 0,6 centímetro | Feijão preto | |
7 semanas | Cerca de 1 centímetro | Confeito de chocolate | |
8 semanas | Cerca de 1,5 centímetro | Bolinha de gude pequena | |
9 semanas | Cerca de 2,5 centímetros | Brigadeiro | |
10 semanas | Cerca de 3,5 centímetros | Tomate-cereja | |
11 semanas | Cerca de 4,7 centímetros | Kiwi | |
12 semanas | Cerca de 6 centímetros | 14 gramas | Bola de sinuca |
13 semanas | Comprimento médio de 7 centímetros | 23 gramas | Cupcake |
* Nas primeiras semanas, o peso do bebê ainda não é tão significativo
Segundo trimestre
Tamanho do bebê: segundo trimestre
Semanas | Tamanho | Peso | Comparação (tamanho) |
14 semanas | 8,5 centímetros | 45 gramas | Cartão de crédito |
15 semanas | 9,5 centímetros | 70 gramas | Beterraba |
16 semanas | 11,5 centímetros | Entre 90 e 110 gramas | Lâmpada |
17 semanas | 12 centímetros | 150 gramas | Pão francês |
18 semanas | 14 centímetros | 200 gramas | Chocalho |
19 semanas | 15,5 centímetros | 240 gramas | Mamão papaya |
20 semanas | 25,5 centímetros | 300 gramas | Bola de vôlei |
21 semanas | 26,5 centímetros | 350 gramas | Revista |
22 semanas | 28 centímetros | Entre 460 a 610 gramas | Maço de acelga |
23 semanas | 29 centímetros | Entre 515 e 695 gramas | Bola de futebol americano |
24 semanas | 30 centímetros | Entre 575 e 795 gramas | Abacaxi |
25 semanas | 34 centímetros | Entre 640 e 915 gramas | Garrafa pet de 2 litros |
26 semanas | 35,5 centímetros | Entre 715 gramas a 1,050 quilo | Bexiga de festa. |
27 semanas | 36,5 centímetros | Entre 800 gramas e 1,2 quilo | Babador |
Terceiro trimestre
Tamanho do bebê: terceiro trimestre
Semanas | Tamanho | Peso | Comparação (tamanho) |
28 semanas | 37,5 centímetros | Entre 90 gramas e 1,375 quil | Volante de carro |
29 semanas | 38,6 centímetros | Entre 995 gramas e 1,570 quilo | Tabuleiro de xadrez |
30 semanas | 40 centímetros | Entre 1,110 e 1,780 quilo | Rolo de macarrão |
31 semanas | 41 centímetros | Entre 1,230 quilo e 2,020 quilos | Cesta de piquenique |
32 semanas | 42,5 centímetros | Entre 1,360 quilo e 2,270 quilos | Teclado de computador |
33 semanas | 43,7 centímetros | Entre 1,500 quilo e 2,530 quilos | Raquete de frescobol. |
34 semanas | 45 centímetros | Entre 1,640 quilo e 2,800 quilos | Almofada padrão |
35 semanas | 46 centímetros | Entre 1,790 quilo e 3,070 quilos | Mochila |
36 semanas | 47,5 centímetros | Entre 1,950 quilo e 3,340 quilos. | Cahorro da raça Dachshund |
37 semanas | 48,5 centímetros | Entre 2,110 e 3,580 quilos | Boneca |
38 semanas | 49,8 centímetros | Entre 2,270 e 3,800 quilos | Tatame de EVA |
39 semanas | 50,5 centímetros | Entre 2,420 e 3,980 quilos | Abóbora moranga |
40 semanas | 51,2 centímetros | Entre 2,570 e 4,100 quilos | Melancia grande |
41 semanas | 51,7 centímetros | Entre 2,570 e 4,100 quilos | Jaca |
Tipos de ultrassons gestacionais
Ultrassom transvaginal
A primeira ultrassonografia normalmente é feita por via transvaginal, para obter melhor visualização, já que, nesse período, o feto mede em torno de cinco milímetros. Às vezes, pode ser necessária uma complementação com ultrassonografia abdominal, o que não quer dizer que algo esteja errado. “Não é sinal de que o médico esteja preocupado, tem mais a ver com a posição do útero, que interfere na qualidade da imagem”, esclarece Javier Miguelez, especialista em sexagem fetal.
Nesse primeiro ultrassom, verificam-se quantos bebês estão se desenvolvendo e, a partir da 6ª semana, já é possível ouvir o coração. Em alguns casos, acontece de o profissional não conseguir ver o feto ou ouvir os batimentos cardíacos, o que é um indício de que a mulher possar estar grávida há menos tempo do que imagina – e que precisará repetir o exame dentro de sete a dez dias. Se você estiver esperando gêmeos, dá para ver se eles dividem a mesma placenta ou se estão se desenvolvendo separadamente (o que determina se serão idênticos ou não).
Outro ponto importante é ver se a criança está localizada no útero ou nas trompas — caso da gravidez ectópica. Também é no comecinho da gravidez o melhor momento para medir com precisão a idade do feto, pois, nessa fase, a margem de erro varia de cinco a sete dias. Para se ter uma ideia, fazendo a medição no segundo trimestre, ela aumenta para 15 dias e, no terceiro, para 30 dias.
Ultrassom morfológico - 1º trimestre
- Quando fazer: entre 11 e 14 semanas
- O que ele verifica: anatomia do feto, risco de doença genética, translucência nucal
No final do primeiro trimestre, entre a 11ª e a 14ª semana de gravidez, é feito o ultrassom morfológico do primeiro trimestre, com translucência nucal. Mas o que isso significa? Além de ver como está a formação do bebê, é avaliada a quantidade de líquido na nuca do pequeno. O resultado pode ajudar a analisar o risco de malformações ou alterações genéticas do bebê, como síndrome de Down. Se houver a suspeita, podem ser solicitados outros exames para confirmar ou não o diagnóstico e seguir com as orientações para os pais, dependendo dos resultados.
Já o sexo do bebê só pode ser determinado com mais segurança, por meio do ultrassom, a partir da 16ª semana. Por isso, é comum que as mães realizem mais um exame antes do ultrassom morfológico do segundo trimestre.
Ultrassom morfológico - 2º trimestre
- Quando fazer: entre 20 e 24 semanas
- O que ele verifica: o sexo do bebê com mais certeza, risco de má formação e de doença genética, condições da placenta e do líquido amniótico
No ultrassom morfológico do segundo trimestre é feita uma avaliação ainda mais completa do bebê. Identifica-se a existência de diversos tipos de malformações, desde lábio leporino até cardiopatias e problemas renais – estima-se que 80% desses distúrbios possam ser detectados com esse exame. Realiza-se também uma avaliação preliminar das condições da placenta, com o recurso do doppler, que avalia a circulação sanguínea. Caso os nutrientes não estejam passando da mãe ao feto como deveriam, o crescimento do bebê pode ser prejudicado. Observa-se também se o líquido amniótico está em boas condições.
Uma complementação do exame é realizada via transvaginal, para medir com exatidão o colo do útero. É desse modo que se avalia o risco de parto entre a 26ª e a 30ª semana de gestação, que é o período mais preocupante de antecipação do nascimento. Quanto mais curto é o colo do útero, maior a chance de o bebê nascer prematuro. Desse modo, o médico tem tempo de colocar a mulher em repouso e prescrever a medicação adequada para tentar evitar o problema.
Ultrassom obstétrico
- Quando fazer: entre 28 e 32 semanas
- O que ele verifica: crescimento e peso do bebê, funcionamento e localização da placenta
Este último ultrassom é chamado de obstétrico e seu foco é o crescimento do bebê. Ele também descarta algumas formações de diagnóstico tardio, como a hidrocefalia. Nesse exame final, a placenta recebe atenção especial. Avalia-se com mais detalhes a circulação de sangue por meio dela: se for inferior ao esperado, há chances de que o parto precise ser adiantado. Além disso, a partir da 26ª semana, espera-se que a placenta já esteja em sua posição definitiva, afastada do cólo do útero, que é por onde o bebê vai sair. Quando ela está obstruindo esse orifício, é chamada de placenta prévia e pode impedir o parto normal, além de ser um fator de risco para sangramentos. “O obstetra também pode pedir um ultrassom com doppler, que é capaz de verificar a circulação sanguínea entre o bebê e a placenta”, aponta o ginecologista e obstetra Geraldo Caldeira, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia); da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP).
Em casos especiais
A ecocardiografia (a partir da 20ª semana) checa o coração do bebê, quando a gestante tem histórico de problemas cardíacos ou quando há suspeita de malformação cardíaca. Já a cardiotocografia (depois da 28ª semana) "avalia a vitalidade fetal, através da aferição da frequência cardíaca fetal juntamente com a contração uterina", explica Viviane Fabrício Bruno, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Brasil, da Rede D'Or São Luiz. Na reta final da gravidez, é o exame utilizado para observar a regularidade das contrações uterinas, que provocam aceleração dos batimentos cardíacos no bebê.
Qual é a diferença entre as tecnologias 2D, 3D, 4D e 5D?
De acordo com a médica radiologista Juliana Placido, de Araguaína, no Tocantins, a ultrassonografia 2D é a tradicional imagem em preto, branco e cinza. A ultrassonografia 3D é uma representação tridimensional (3D) da imagem. Nela, podemos adquirir imagens do rostinho do bebê com coloração amarelada ou rosada. A ultrassonografia 4D é a tecnologia 3D em movimento; ela permite a visualização dos movimentos do bebê em tempo real. Já a ultrassonografia 5D é a tecnologia 3D com efeitos de sombra e profundidade. Também são utilizados softwares de inteligência artificial para realizar o pós-processamento da imagem, deixando as imagens mais realistas e próximas do natural.
Outras fontes: Renato Sá, diretor do Grupo Perinatal e professor de Obstetrícia da Universidade Federal Fluminense (RJ); Mário Burlacchini, professor-doutor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP (SP)
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