Gravidez
 


Grávida na piscina (Foto: Thinkstock) — Foto: Crescer
Grávida na piscina (Foto: Thinkstock) — Foto: Crescer

A bolsa estourou! Aos nove meses de gestação, são essas palavras que a mãe mais deseja dizer e o pai não vê a hora de escutar. O grande responsável por alertar à mulher que o bebê está chegando é o líquido amniótico que, sem aviso, sai em grande quantidade, molhando tudo o que encontra pelo caminho.

Mas muito antes de anunciar a boa notícia aos pais, ele cumpre um papel essencial para o crescimento do bebê. O líquido amniótico permite que o feto faça seus primeiros movimentos, como se nadasse em uma piscina morna e acolhedora. Sem essa atividade, ele ficaria limitado pelas paredes do útero e não seria possível desenvolver ossos e músculos.

De onde vem o líquido amniótico?

Segundo a professora Roseli Nomura, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Unifesp (SP), o líquido amniótico começa a ser produzido no início da gestação, na fase embrionária, e é composto pela água vinda do corpo da mãe.

Doze dias depois da concepção, forma-se o saco amniótico, uma camada fina, translúcida, porém muito forte e resistente, que envolve o bebê e o fluído durante a gestação, só se rompendo no momento do parto. Essa bolsa, aliás, é a primeira coisa que os pais conseguem ver no ultrassom na quarta ou quinta semana de gravidez, mesmo antes de ser possível identificar o embrião.

Grávida fazendo exame de ultrassom (Foto: shutterstock) — Foto: Crescer
Grávida fazendo exame de ultrassom (Foto: shutterstock) — Foto: Crescer

Somente após a 20ª semana, quando o feto desenvolve os rins, é que começa uma interação mais direta com o líquido que o cerca. Ele o inspira e expira, engole e o elimina por meio da urina. Por mais estranho que pareça, esse processo é completamente saudável, porque estimula o desenvolvimento dos sistemas pulmonar e digestivo. Nessa fase, a substância está em constante renovação e passa a ser constituída principalmente pela urina do seu filho, mas também apresenta uma pequena concentração de nutrientes, hormônios e anticorpos.

Outra função que o líquido exerce é o de proteger o feto. Ele serve como uma almofada aquosa capaz de defender contra impactos (caso a mãe caia ou sofra um acidente), além de preservar o bebê até durante o nascimento, amortecendo as contrações uterinas.

E se a bolsa não romper?

Na maioria das gestações, o saco amniótico se rompe por completo após a mulher sentir as primeiras contrações e uma grande quantidade de líquido é eliminada junto a um tampão mucoso. “Quando a bolsa não se rompe logo no início das contrações, a dilatação costuma ocorrer mais naturalmente”, afirma Paola Fasano, obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz (SP). Em situações raras, a bolsa permanece intacta durante todo o trabalho de parto e o bebê nasce dentro dela, no chamado parto empelicado.

No instante da ruptura, algumas gestantes relatam ouvir um leve som de “ploc”. Quando isso acontece, não há motivo para correria, já que o parto normal pode ocorrer em até 48 horas. Antes de ir para a maternidade, é recomendado que a futura mãe coloque um absorvente noturno (daqueles maiores), para que os médicos possam avaliar a cor da substância. Sim, ela mostra muito sobre o andamento do parto e até alguns cuidados que o bebê precisa ter ao nascer. Entenda mais a seguir:

Problemas no líquido amniótico

Alterações na quantidade da substância interferem diretamente no desenvolvimento do bebê. entenda:

OLIGODRÂMNIO

O que é: falta de líquido.
Prevalência: cerca de 5,5% das gestações.
Causas: gestante com hipertensão não tratada, problemas na placenta ou feto com anomalias digestivas e urinárias.
Como resolver: quando há doença associada, é preciso tratá-la. Demais situações requerem que a grávida tome bastante água (mais de dois litros ao dia). Em casos graves, os médicos costumam optar pelo parto antes do tempo previsto.
Consequências: o bebê pode ter deformidades nas mãos e nos pés, além de má-formação dos pulmões.
Quem passou pela situação: “No primeiro trimestre, descobri no ultrassom que estava com apenas 20% da quantidade ideal de líquido. Fiquei muito enjoada na gravidez e vomitei bastante. Estava desidratada. O médico recomendou tomar quatro litros por dia de água, suco e soro com sabor. Senti contrações antes do tempo e o obstetra me internou, com 33 semanas, para prosseguir com a gestação. Fiquei de repouso absoluto. Após oito dias, o ritmo cardíaco da minha filha caiu e foi feita uma cesárea de emergência. Ela passou 11 dias na UTI, mas não carrega sequelas.” (Adriana Muñoz, dona de casa, mãe de Valéria, 2 anos e 7 meses).

POLIDRÂMNIO

O que é: excesso de líquido.
Prevalência: apenas 1% das gestações.
Causas: nem sempre são conhecidas, mas as principais são sífilis, toxoplasmose e anomalias fetais (geralmente digestivas).
Como resolver: tratar o agente causador. Se o motivo é desconhecido, não há tratamento específico. Situações extremas exigem punção do líquido amniótico.
Consequências: quando o excesso não é controlado, há chance de o parto ser prematuro.
Quem passou pela situação: “A quantidade de líquido aumentou sem explicação a partir da 20ª semana. Fiz exames semanais para acompanhar. Minha barriga ficou gigantesca, a ponto de não conseguir mais respirar. Os médicos optaram por aguardar e não fazer a punção. A partir da 27ª semana, precisei de repouso absoluto. Minha filha nasceu antes do tempo, com 35 semanas, em uma cesárea de emergência. Eu me lembro do sugadouro que puseram dentro da minha barriga para tirar o excesso de líquido. Foi uma aguaceira só, molhou até o chão. Ela passou 13 dias na UTI, mas ficou tudo bem”. (Danielle Cordeiro, fisioterapeuta, mãe de Bárbara, 5 anos).

BOLSA ROTA

O que é: o saco amniótico se rompe parcialmente antes do início do trabalho de parto.
Prevalência: de 5% a 10% das gestações.
Causas: desconhecidas. Pode estar associado a problemas como inflamação na bolsa amniótica, causada por bactérias que chegam ao útero por meio do canal vaginal.
Como resolver: repouso e acompanhamento médico até o nascimento do bebê. A indicação de cesárea não é sempre necessária. Cada caso deve ser avaliado individualmente.
Consequências: infecções e risco de parto prematuro.
Quem passou pela situação: “Estava na 39ª semana, ansiosa pela chegada do meu primeiro filho, quando notei um líquido claro escorrendo por minhas pernas. Fiquei contente com o rompimento da bolsa. Quando cheguei ao hospital, descobri que, na verdade, uma parte do saco amniótico havia rasgado. Não tinha entrado em trabalho de parto e os médicos tentavam manter o líquido em níveis saudáveis para o bebê. Doze horas depois, ainda não tinha dilatação, e foi preciso uma cesárea. Ele nasceu bem e foi direto para o quarto.” (Alessandra Rauter, turismóloga, mãe de Fernando, 2 anos).

Piscina x líquido amniótico

Além dos benefícios já conhecidos que a hidroginástica oferece durante a gravidez, como redução de lesões musculares, já que a mulher flutua na água, e o controle do inchaço, uma pesquisa da Unicamp (SP) revelou que a atividade pode ser uma boa maneira de garantir o volume adequado de líquido amniótico. Para a análise, foram acompanhadas 25 gestantes em sessões de hidroginástica. Elas fizeram aulas de 50 minutos de duração, três vezes por semana, a partir do segundo trimestre da gestação. A quantidade de substância foi medida antes e depois do exercício. “Concluímos que, como a imersão diminui o inchaço, toda a água que normalmente estaria no subcutâneo da gestante passa para os vasos, o que torna maior o fluxo de líquido para o feto”, afirmou a autora do estudo, Marcia San Juan, em entrevista à CRESCER. Mais um motivo para você se manter ativa durante os nove meses – sempre, claro, com o aval do seu obstetra!

As cores do líquido amniótico

Assim que a bolsa estourar, observe a aparência do líquido. Ele indica se existe ou não uma emergência

Transparente ou branco: cor natural do líquido. No parto, é normal que contenha pequenos grumos brancos, formados por pedacinhos de cabelo, gordura e pele do feto.

Vermelho: indício de descolamento da placenta, um quadro perigoso que pode comprometer a passagem de oxigênio e nutrientes para o bebê. Dependendo da gravidade e da semana de gestação, uma cesárea de emergência precisa ser feita.

Verde-escuro: espesso, como se ervilhas tivessem sido amassadas. Significa que o bebê evacuou dentro do útero. Há risco de que ele aspire a substância, o que pode levar a um quadro de pneumonite grave por causa da obstrução de traqueias e vias aéreas. Após o parto, é preciso limpar a boca e a narinas do recém-nascido, que também deve receber acompanhamento médico especial.

Amarelo: pode indicar a presença de pus e infecção dentro do útero. Mas não é preciso desespero, pois, às vezes, o amarelado se deve a uma mistura do líquido com urina que passou despercebida. O obstetra tratará a infecção se necessário.

Marrom-escuro: o médico precisa ser procurado imediatamente. O líquido pode ter ficado dessa cor por causa de uma hemorragia grave ou até mesmo morte fetal.

Quantidade de líquido amniótico muda na gestação

A quantidade de líquido amniótico varia durante os nove meses, de acordo com o tamanho do bebê e com o espaço disponível dentro do ÚTERO.

Quantidade do líquido aminótico (Foto: Crescer) — Foto: Crescer
Quantidade do líquido aminótico (Foto: Crescer) — Foto: Crescer

Fonte: Ricardo Barini, professor de ginecologia da Unicamp (SP)

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