Histórias
 


A advogada Leila Barreto Ornelas, 51, de Brasília (DF), passou anos tentando engravidar, realizando duas rodadas de Fertilização In Vitro (FIV), que não vingaram. Quando achava que seu sonho da maternidade já não ia se tornar realidade, ela teve uma ótima surpresa: logo após fazer uma cirurgia para retirar a vesícula, ela descobriu que estava grávida de quatro meses. "Não tive vômitos, dores ou inchaço e tinha sangramentos regulares. [Até então] meu corpo não teve alteração e a gravidez ficou imperceptível", diz em entrevista exclusiva à CRESCER.

Leila no parto de Valentina — Foto: Arquivo pessoal
Leila no parto de Valentina — Foto: Arquivo pessoal

Leila sempre sonhou em ser mãe. "Eu sempre quis ter uma filha menina, e eu dizia que ela se chamaria Valentina, que significa valente, forte, corajosa e cheia de saúde. Comecei a tentar engravidar desde quando me casei aos 36 anos. Tentei de forma natural por muitos anos sem sucesso", recorda. Preocupada, ela realizou diversos exames para investigar se teria algum problema de fertilidade, mas não conseguiu nenhuma resposta e foi diagnosticada com Infertilidade Sem Causa Aparente (ISCA).

"Depois de muito sofrer com a ISCA e perceber meu lar vazio, tendo somente eu e o meu marido, eu precisava fazer alguma coisa por mim e pelo nosso sonho em busca da maternidade e da paternidade", diz. Por isso, ela decidiu que era hora de se recorrer à reprodução assistida. "Eu tinha 40 anos quando percebi que engravidar naturalmente seria praticamente impossível, mas foi uma decisão muito difícil. As medicações para a preparação da FIV são injeções diárias e os medicamentos que precisamos tomar mexem muito com o nosso corpo e com nosso equilíbrio emocional", lembra.

Em 2012, ela se submeteu à primeira FIV, que infelizmente não vingou. "Eu sofri e chorei muito. Achei que eu não tinha feito o repouso da forma adequada", lamenta. Três meses depois, ela se sentiu pronta para mais uma rodada de FIV. "Quando eu percebi que o procedimento não havia dado certo, eu estava no banho e desceu aquele sangue pelas minhas pernas", recorda. "Eu fiquei extremamente triste e me senti impotente. Achei que nunca seria mãe", acrescenta.

De coração partido, ela decidiu tentar um outro caminho. "Depois que as FIVs deram errado, em 2013, entrei com o processo judicial na Vara da Infância e me habilitei para entrar na fila da adoção. Entretanto, não fui chamada para adotar, nunca chegou a minha vez", diz.

'Operei grávida de três meses e não sabia'

Os anos se passaram e Leila já estava desacreditada com o seu sonho da maternidade. Até que, em julho 2017, aos 45 anos, precisou fazer uma cirurgia para retirar a vesícula. "Para realizar essa cirurgia, eu fiz vários exames e nada foi constatado sobre a gravidez", afirma.

O procedimento foi feito por vídeo, uma técnica minimamente invasiva em que o cirurgião faz quatro pequenas incisões no abdômen do paciente e, em um dos orifícios, é introduzido um aparelho chamado laparoscópio que possui uma câmera que permite ao profissional visualizar a vesícula. Assim, durante a cirurgia, também não foi possível identificar a gestação. "Tomei anestesia geral, operei a vesícula grávida de três meses e não sabia", diz.

"Quando retirei os pontos, 15 dias depois, o médico avisou que meu abdômen ficaria inchado por alguns dias", afirma. Mas, um mês depois, o inchaço ainda não havia diminuído, o que deixou Leila preocupada. "Fui ao meu endocrinologista, pois eu estava incomodada com o inchaço da minha barriga e queria retornar minha dieta e academia", diz. Ela explicou que havia feito uma cirurgia e o médico solicitou que ela fizesse alguns exames de sangue, que Leila fez no mesmo dia.

Mais tarde, ela recebeu uma ligação do endocrinologista. "Ele me ligou com uma notícia que mudou a minha vida: 'Você está grávida'", recorda. Ela não conseguia acreditar, afinal, não estava sentindo nenhum sintoma da gravidez. "Não tive sintoma nenhum. Eu praticava atividade física regularmente, pedalava mais de 20 km nos finais de semana e praticava musculação diariamente. Não tive vômitos, dores e nem inchaço. Meu corpo não teve alteração e a gravidez ficou imperceptível", destaca. Ela também teve sangramentos regulares. "[O sangramento] vinha ralinho, mas vinha, e por eu estar com idade avançada achei que já eram os efeitos da menopausa", explica.

Leila grávida — Foto: Arquivo pessoal
Leila grávida — Foto: Arquivo pessoal

Por isso, ela quis se certificar de que os resultados do exame estavam certos e foi na ginecologista no dia seguinte. "Ela fez o primeiro ultrassom e falou assim: 'Temos um bebê. Já tem perninhas, bracinhos, aqui está a cabeça, as mãozinhas e, pelo tamanho, você já está quase entrando no quarto mês de gestação'. Naquele momento, meu chão se abriu, pois foi uma mistura de felicidade e medo devido à minha idade", recorda.

'Engravidei naturalmente, após todos os diagnósticos médicos afirmarem que seria impossível'

Após quase 10 anos tentando engravidar, Leila finalmente conseguia ver seu sonho da maternidade se aproximando. "Aos 45 anos, engravidei naturalmente, após todos os diagnósticos médicos afirmarem que isso seria praticamente impossível", acrescenta. Foi só a partir do quarto mês de gestação que sua barriga começou a crescer. Felizmente, ela não teve nenhum dos sintomas desagradáveis da gravidez. "Nunca senti nada: vômitos, mal-estar, pressão alta, nada disso. Somente meus pés ficaram inchados no final da gravidez", afirma.

A gestação foi muito tranquila. "Continuei praticando atividade física todos os dias para melhorar minha qualidade de vida naquela fase. Curti cada momento de forma muito madura e consciente. Eu sabia que aquela gestação seria única e especial", destaca. Mas, também passou muito rápido, afinal, já estava praticamente na metade da gravidez. "Tive que correr com exames, chá de bebê e compras do enxoval", diz.

Leila e Valentina quando era bebê — Foto: Arquivo pessoal
Leila e Valentina quando era bebê — Foto: Arquivo pessoal

Em 18 de fevereiro de 2018, nasceu Valentina. "Vê-la pela primeira vez foi muito emocionante, passou um filme na minha mente com todas os momentos que eu havia passado até chegar naquele dia. Eu chorei muito e fiquei extremamente emocionada", lembra. "Ela nasceu saudável, com peso e medida normais, sorrindo e ali nosso elo foi selado para a eternidade", acrescenta.

Hoje, Valentina já está com 6 anos e vive uma vida muito feliz. "Ela sabe a história dela e sempre me acompanha nos momentos em que conto nossa história", afirma. Depois de passar por tudo isso, Leila decidiu criar um perfil no Instagram (@gravidaaos45), em que compartilha depoimentos de mulheres que tiveram dificuldades para engravidar e busca ajudá-las, atuando como coach. Ela também está terminando de escrever seu livro que conta sua jornada até a maternidade.

Leila e Valentina com 6 anos — Foto: Arquivo pessoal
Leila e Valentina com 6 anos — Foto: Arquivo pessoal

É possível descobrir a gravidez aos quatro meses?

Sim, inclusive, algumas mulheres descobrem a gestação apenas nas semanas finais ou quando já estão em trabalho de parto, o que é chamado de "gravidez silenciosa". De acordo com o ginecologista e obstetra Gabriel Costa, da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), podem ocorrer pequenos sangramentos de escape durante a gestação, que podem ser confundidos com a menstruação e dificultar a identificação da gravidez.

Pode ainda acontecer de a mulher não sentir a criança mexendo quando ela, inconscientemente, nega a gravidez. "Existem casos em que ela até sente, mas atribui isso a outros fatores, como um movimento do intestino, por exemplo”, explica o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo Nogueira, do Hospital Sírio Libanês (SP).

Em relação ao tamanho da barriga, o obstetra Domingos Mantelli diz que não há regra. "A circunferência da barriga varia e é definida de acordo com o tamanho do bebê, o volume de líquido amniótico e o ganho de peso da gestante", afirmou. Mulheres que estão na primeira gestação e possuem os músculos do abdômen definidos podem demorar um pouco mais para que a barriga fique saliente.

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