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Atriz, cantora e compositora, GABZ é mesmo uma multiartista e, neste ano, vive um dos melhores momentos de sua carreira. Depois da série "Da Ponte Para Lá", da MAX, e do filme "Biônicos", da Netflix, ela se prepara para viver sua primeira protagonista na próxima novela das 21h da Globo: "Mania de Você", de João Manuel Carneiro, que chega nas telinhas em setembro. Na música, caminho onde começou a vida artística, um dos destaques recentes foi a releitura do clássico "Tô Voltando", de Simone, que embalou uma cena marcante na segunda temporada de "Encantados", no Globoplay.

Com 25 anos e 17 anos de carreira, Gabrielly Nunes, como assina por trás das câmeras, traz a veia artística de casa. "Desde criança, fui educada com a arte, assistindo a filmes e recebendo uma educação cultural dentro de casa", comenta, além de contar que o pai e o irmão, músicos, estão entre suas maiores inspirações. Não por acaso, a música foi a porta de entrada na carreira artística, e ela destaca a importância do hip-hop ao longo do caminho: "foi fundamental para moldar quem sou como artista. Ele me ensinou a ser autêntica, a explorar minha criatividade e a ser versátil", aponta.

Ativa nas pautas raciais, GABZ traz o marco de ter interpretado a infância da primeira Helena negra de Manoel Carlos em "Viver a Vida", que na fase adulta foi estrelada por Taís Araújo. Além da importância do papel, um dos primeiros que deu protagonismo a uma mulher negra, ela também destaca como a oportunidade se refletiu em sua vida pessoal: "foi um marco importante para mim, especialmente por causa do bullying que sofria na escola devido ao meu cabelo", relembra. Hoje, feliz por ver a mudança no cenário das produções audiovisuais - embora ainda haja muito a ser feito -, a artista também comemora o fato de não estar sozinha construindo essa história: "eu nunca quis ser a única; eu quis fazer parte disso, sabe?", pontua.

A seguir, em entrevista exclusiva à Glamour, GABZ entrega mais detalhes sobre seu trabalho, cita suas inspirações artísticas e adianta o tanto que ainda está por vir. Confira:

Gaabz — Foto: Carlos Henrique Nascimento
Gaabz — Foto: Carlos Henrique Nascimento

1 - Você começou sua carreira de atriz quando ainda era criança, com a participação em “Cobras e Lagartos”. O que você diria que te fez se encantar com essa forma de arte?

Venho de uma família de artistas. Meu pai é um grande baixista e meu irmão é músico e compositor, o que me inspira muito. Desde criança, fui educada com a arte, assistindo a filmes e recebendo uma educação cultural dentro de casa. Todo domingo, a gente fazia faxina da casa e depois via um filme. Minha mãe até usava isso para nos incentivar: todo domingo, alguém escolhia a trilha sonora e depois outra pessoa escolhia o filme; então, isso nos motivava a ajudar com a casa. Percebi que o cinema era uma plataforma para contar histórias e mudar vidas, o que me encantou. Sempre fui uma criança espevitada e gostava de me apresentar, incentivada pelo meu pai. Assim, comecei a me encantar pela atuação e pela possibilidade de contar histórias através dessa forma de arte.

2 - Você também tem a sua história na música e, inclusive, declarou que não seria a atriz que é se não tivesse passado pelo hip-hop. Como você diria que essas duas vertentes se unem e enriquecem o trabalho que você entrega?

O hip-hop foi fundamental para moldar quem sou como artista. Ele me ensinou a ser autêntica, a explorar minha criatividade e a ser versátil. Através do hip-hop, descobri minha capacidade de expressão e minha coragem para perseguir meus sonhos. Meu nome é GABZ porque eu vim do hip-hop e eu sempre vou levar essa marca comigo - e isso é muito importante na minha história. Ter esse nome, ter esse vulgo que fala muito sobre as minhas raízes, fala muito de onde eu vim. O hip-hop tem um trabalho de construir autoestima que é muito necessário para arte. Assim, a rua me fez entender que realmente posso ser tudo o que quiser.

3 - Em 2009, quando você ainda tinha 9 anos, viveu o importante marco de interpretar a infância da primeira “Helena” negra em "Viver a Vida" - que, na fase adulta, foi vivida por Taís Araújo. Ao falar sobre o assunto, você destaca que a experiência mudou sua autoestima, né? Conte um pouquinho sobre como foi esse processo de enxergar beleza nos seus traços, antes tão renegados pela grande mídia:

Foi um marco importante para mim, especialmente por causa do bullying que sofria na escola devido ao meu cabelo. A experiência me deu poder e um lugar para me enxergar, porque fui criada num ambiente de muito amor. Meu processo de construção de autoestima foi emocionante e incluiu reconhecer minha beleza e valor de várias maneiras, especialmente através do hip-hop e do apoio das pessoas ao meu redor. É mais do que apenas me sentir bonita, é reconhecer minha história e me amar o suficiente para estar tranquila comigo mesma. É um trabalho contínuo, mas necessário, especialmente após séculos de mensagens contrárias.

4 - Situações como essa também provam que a máxima “representatividade importa” não é só uma frase; faz mesmo toda a diferença na vida de muitas meninas. Hoje, anos depois, com pautas raciais com mais espaço, houve um avanço - mas é inegável que ainda há muito a ser feito. Como você vê esse cenário atual? E como se sente ao refletir que muitas garotas negras também podem ver em você esse espelho que a Tais Araújo foi?

A representatividade é fundamental, especialmente no audiovisual, onde vemos corpos e histórias que refletem nossa diversidade. Acredito no poder do audiovisual para promover mudanças sociais reais, ampliando nossa percepção e gerando reflexões sobre questões como o racismo. Eu estou recebendo o protagonismo das 21h de outra protagonista das 21h, né? Na primeira fase de "Renascer", foi a Duda Santos, e ela estava recebendo de outra protagonista das 21h - e isso é uma coisa inédita e incrível, porque é muito doido você ter só uma mulher negra para olhar.

Nós não somos uma unidade de pessoas que pensam do mesmo jeito; nós temos vários jeitos, várias formas de falar, de se expressar. Eu lembro que eu ficava desesperada porque, geralmente, só tinha uma pretinha nas produções e, às vezes, quando ela não batia com a minha personalidade, eu ficava "Meu Deus, ela não tem nada a ver comigo, mas vão me colocar… Vou ter que ser ela na brincadeirinha com as minhas amigas". Agora, não precisa disso porque nós temos várias mulheres negras. Eu nunca quis ser a única, eu quis fazer parte disso, sabe?

5 - 2024 começou com tudo e você é a protagonista de dois grandes trabalhos: “Da Ponte Para Lá”, série brasileira da Max, e também será a protagonista da próxima novela das 21h, "Mania de Você". Como surgiram os convites para esses trabalhos e o que mais te chamou atenção neles?

Então, para "Da Ponte Pra Lá", soube através da Luh Maza, diretora e roteirista, que meu estilo estava no moodboard para a personagem Malu. Fiquei emocionada porque era uma história que queria muito contar, especialmente por envolver a poesia, algo que sempre esteve presente em minha jornada desde os dias do hip-hop. Sentia que era uma forma de encerrar um ciclo e agradecer ao movimento. Além disso, a oportunidade de explorar uma personagem com tantas camadas e profundidade me atraiu imediatamente. Quanto à "Mania de Você", o convite veio logo após meu trabalho em "Amor Perfeito". Fiz o teste e me senti muito à vontade, algo raro em testes. Fiquei encantada com a complexidade da personagem, que reflete a genialidade de João Manoel Carneiro e toda a equipe. Viola é uma personagem que me permite explorar muitas facetas da minha identidade como atriz, e estou completamente apaixonada por ela. Esses projetos representam não apenas desafios profissionais, mas também uma oportunidade de crescimento pessoal e artístico.

Gaabz — Foto: Carlos Henrique Nascimento
Gaabz — Foto: Carlos Henrique Nascimento

6 - O que você apontaria como o maior desafio de ser uma protagonista?

De maneira prática, a resposta mais óbvia seria que um dos maiores desafios de ser protagonista é lidar com a quantidade de cenas e o compromisso constante. Estar sempre trabalhando, sem folga, é desafiador, mas também gratificante para quem ama atuar. O maior desafio mesmo é honrar esse papel, especialmente por ocupar o horário nobre da TV brasileira, algo crucial para a cultura do país. É importante proporcionar uma experiência que emocione, divirta e faça refletir, valorizando o tempo do espectador.

Para mim, é um presente enfrentar esse desafio e contribuir para a narrativa que chega aos lares brasileiros diariamente. Sou uma operária da atuação, dedicada a construir e fazer acontecer, sempre considerando o tempo do telespectador como algo muito precioso.

7 - A série já está disponível na MAX, mas a novela ainda vem por aí. O que você pode adiantar sobre a sua personagem? O que o público pode esperar?

Olha, eu ainda não posso falar muita coisa, mas é muito diferente de tudo que eu fiz até agora. E como o público já sabe, o gênio que é o João Manoel Carneiro, vocês já sabem que podem esperar o máximo de emoção possível, né?

8 - Além da experiência em novelas e em séries no streaming, você já revelou que tem o sonho de ser atriz de cinema, né? Em que tipo de filme e personagem você imagina sua estreia?

Recentemente estrelei no meu primeiro filme nacional, “Biônicos”, uma grande realização por ser um filme de ação onde minha personagem tem quase superpoderes, algo incrível de fazer aqui no Brasil. No cinema nacional, tenho vontade de contar histórias reais, principalmente envolvendo mulheres negras, como minha avó - uma guerreira que teve três filhos e terminou duas faculdades. Desejo interpretar personagens como ela, destacando figuras como Luiz Gama, Luisa Mahin, Dona Gilda de Bangú e Suellen de Irajá, explorando os grandes feitos espalhados por todas as regiões do Brasil.

9 - Quais são suas principais referências como atriz?

Minhas principais referências como atriz são variadas e refletem minha admiração por artistas multitalentosas. Primeiramente, tenho grande apreço pelo trabalho de Léa Garcia, tanto no teatro quanto no audiovisual. Ela é uma fonte constante de inspiração para mim. Além disso, admiro profundamente o trabalho de Issa Rae, uma criadora versátil e talentosa. Outras artistas que me influenciam são Zezé Motta, Viola Davis e Zendaya, todas exemplares em suas múltiplas habilidades artísticas. Gosto muito do trabalho da Letícia Collin e Grace Passô, que é uma dramaturga muito intelectual e é realmente muita referência para mim. Também me inspiro muito na Clara Moneke e Duda Santos, cujas performances se diferenciam entre si e me fascinam. Eu tenho tantas inspirações. Essas são mais ou menos o caminho que eu estou seguindo ultimamente.

Gaabz — Foto: Carlos Henrique Nascimento
Gaabz — Foto: Carlos Henrique Nascimento

10 - Além do cinema, quais os outros sonhos e planos para os próximos anos?

Além do cinema, temos um projeto musical a caminho e outros projetos musicais quase fechados. A música continuará sendo parte da minha vida. Tenho interesse em desenvolver mais minha escrita, seja na literatura, roteiros ou outras formas de contar histórias, como audiovisual ou em peças teatrais. Quero continuar explorando diferentes formas de expressão artística e aprender coisas novas para compartilhar com o mundo, pois acredito que é para isso que estou aqui: criar e compartilhar.

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