Celebridades
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Por Nathalia Salvado


Carla Diaz completa 30 anos em novembro deste ano, sendo que 28 deles foram intensamente vividos em frente às câmeras, em uma carreira com alguns personagens muito queridos e vivos na memória afetiva das pessoas. "Comecei bem pequena mesmo, aos dois anos. Não sei bem o que é crescer longe das câmeras, então, a minha realidade é o que eu considero normal", contou em entrevista exclusiva para a Glamour.

Carla Dias (Foto: Divulgação/ Dêssa Pires) — Foto: Glamour
Carla Dias (Foto: Divulgação/ Dêssa Pires) — Foto: Glamour

"Sempre curti muito o que eu fazia e meus pais nunca me pressionaram para lidar com a arte como se fosse um trabalho regrado de obrigações e compromissos. Claro, tínhamos responsabilidade e comprometimento. Mas era muito mais pelo prazer que eu sentia em estar atuando. E as pessoas puderam acompanhar todas as minhas fases, de criança até hoje, meu crescimento e amadurecimento, como mulher e como atriz", completou.

Crescer diante das câmeras não é tarefa simples, mas Carla conseguiu fazer uma transição suave. "Ficou muito forte no imaginário do público a minha imagem como atriz mirim. E essa transição no trabalho foi feita de forma delicada e natural, tudo no seu tempo e na fase correspondente. Me viram criança, adolescente e mulher", aponta. Afinal, quem não lembra da Maria, de Chiquititas (1999-1997), e Khadija Rachid, em O Clone (2001-2002)?

"O que me encanta é ver hoje, com quase 30 anos de idade e 28 de carreira, que chega um momento em que um ator/atriz não tem mais um perfil, idade, e características fixas, isso varia de acordo com cada personagem. Por exemplo, em A Força Do Querer eu fiz a Carine, muitos a viram como mulherão, pois o estilo da personagem valorizava uma força e sensualidade, no texto e também no visual dela. Já agora, no último trabalho que fiz, nos cinemas, com a minha primeira protagonista, sobre o caso Richthofen, fiz a personagem dos 15 anos até os 21, então focamos nesse amadurecimento dela, que foi um grande desafio", apontou.

Carla Diaz (Foto: Divulgação/Dêssa Pires) — Foto: Glamour
Carla Diaz (Foto: Divulgação/Dêssa Pires) — Foto: Glamour

INFÂNCIA PERDIDA? QUE NADA!

Apesar de ter passado a infância em frente às câmeras, Carla Diaz não considera que perdeu alguma parte importante da sua vida e lembra de tudo com muito carinho. "Estava fazendo algo que amava e que, apesar de ter os compromissos que deveríamos cumprir, tinha todo o suporte para uma criança se sentir bem, em um ambiente lúdico e leve. E eu estava sempre cercada por crianças, além de não abrir mão de frequentar a escola. Quando a gente é criança, essa questão da figura pública não é muito bem compreendida. Depende muito dos pais e os meus sempre se encarregaram de manter meus pés no chão. Além disso, o contato com o público – na maioria, crianças – era carinhoso e respeitoso. Então estava tudo certo!", afirmou.

"Tenho muitas histórias da época de Chiquititas, pois vivíamos juntas. Morávamos no mesmo condomínio na Argentina, então lembro muito das brincadeiras no play, na rua, na casa de alguma chiquitita. Fora que também gravávamos juntas, então, as brincadeiras se estendiam até os bastidores. E não era como hoje, que as crianças se juntam e jogam videogame ou ficam no celular, não, naquela época nem internet existia e vejo como tive uma infância feliz e criativa, porque qualquer coisinha virava um jogo ou brincadeira que unia a gente. Lembro que foi lá, com as meninas e os meninos que eu aprendi a fazer estrela, parada de mão, ponte", lembrou, rindo.

Carla Diaz com o elenco de O Clone (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour
Carla Diaz com o elenco de O Clone (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour

PERSONAGENS ICÔNICOS: MUITO OURO!

Carla Diaz é sempre muito lembrada por Khadija e seu bordão: "Inshalá, muito ouro". Mas muito se engana quem pensa que atriz se incomoda com a lembrança, depois de ter feitos tantos papéis na TV. "Sou grata pela oportunidade de ter vivido Khadija. Além de tudo, foi uma escola maravilhosa. A minha recordação é deliciosa, foi um período muito feliz. Eu amei fazer aquele trabalho. E é muito especial saber que fiz uma personagem que sobrevive, depois de tantos anos, na cabeça e no coração das pessoas. Até a maneira de falar dela é lembrada até hoje", disse.

"Devo muito à equipe, aos colegas, à Glória Perez e o Jayme Monjardim. A novela foi um sucesso arrebatador e ainda é, pois está sendo reprisada não só aqui no Brasil como em outros países. Uma grande surpresa dessa quarentena foi receber mensagens de vários lugares, como América Latina, EUA, Europa... até em russo eu recebi, que precisei de ajuda para identificar e responder o idioma haha. Nunca imaginei que pessoas do outro lado do mundo, com outras culturas e costumes fossem ver meu trabalho e gostar, realmente foi incrível receber elogios pela Khadija em várias línguas!", completou.

Carla avalia sua carreira de forma positiva, otimista e em constate amadurecimento. "As minhas maiores questões sempre foram a arte, a dedicação ao teatro e a tv, a minha formação como atriz. E eu fico feliz em saber que esse comprometimento está muito presente no meu dia a dia e nos trabalhos que faço. O resto é consequência. A minha trajetória reflete um pouco disso. É muito bom quando profissionais da minha área e pessoas que curtem o meu trabalho falam da minha consistência como atriz. Quero seguir aprendendo sempre, pois há muito o que exercitar. Gosto de olhar para trás e ver que tive a chance de fazer personagens diferentes umas das outras. Essa versatilidade é fundamental para o meu amadurecimento como atriz", opinou.

Carla Diaz com o elenco de Chiquititas e Gugu Liberato (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour
Carla Diaz com o elenco de Chiquititas e Gugu Liberato (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour

A MENINA QUE MATOU OS PAIS

Este ano, estava marcada a estreia de A Menina que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais, filmes que abordam o caso Suzane Von Richthofen, que aconteceu há 18 anos. O lançamento foi adiado por conta da pandemia do novo coronavírus.

E qual o maior desafio de viver uma personagem real e também uma assassina? "A resposta está aí, na pergunta. Trazer para a ficção uma história real, descolando-a do meu julgamento sobre o assunto", contou. "Foi um desafio desde o momento em que recebi o convite. Mas eu sabia que tinha em mãos uma personagem que ia me instigar artisticamente. Mergulhei profundamente na preparação, num trabalho delicado de envolvimento com o roteiro, na busca de referências na literatura e no cinema", explicou.

"Foi um trabalho de muita entrega e muito intenso. Eu tive que me distanciar ao máximo do caso real, porque foi muito devastador. Eu tive que me isentar do meu julgamento, da minha opinião diante deste crime tão cruel. Precisava fazer a personagem com verdade. Até porque são dois longas, que mostram versões diferentes sobre o mesmo fato. Ou seja, a construção dessa personagem foi em dobro", disse.

Carla Diaz como Suzane (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour
Carla Diaz como Suzane (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour

Carla não teve qualquer contato com Suzane ou os irmãos Christian e Daniel Cravinhos, mas estudou bastante o caso para construir a personagem. "Por se tratar de um caso real tive muito material para a preparação, entrevistas e o próprio processo que é a base para os roteiros. Tivemos workshops também com a Ilana Casoy, nossa autora junto com o Raphael Montes, e ela esteve presente nas investigações na época do caso. Nos foram mostrados vídeos, documentos, fotos, que serviram de ferramentas para a construção da personagem. Também conversei com profissionais e fiz o processo que normalmente faço quando tenho um novo trabalho para desempenhar, ou seja, muito estudo e muita pesquisa!", afirmou.

"Não teve e não terá [contato com Suzanne e os Cravinhos]. Isso nunca esteve nos planos da produção e direção dos filmes. A base do roteiro são os depoimentos em julgamento, num caso público. E os envolvidos com o caso real não têm nenhuma ligação com o projeto cinematográfico", completou.

Carla Diaz em A Menina Que Matou os Pais (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour
Carla Diaz em A Menina Que Matou os Pais (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour

A atriz ainda elegeu sua cena favorita no filme. "As cenas foram cercadas de muita concentração e emoção. O ponto alto para mim foram as cenas do tribunal. O set ficou em total silêncio e todos saímos muito comovidos com aquela sequência", contou.

Sobre as críticas por Suzane Von Richthofen ganhar ainda mais exposição com a estreia do filme (ainda sem data definida), Carla Diaz afirma que todos têm direito de opinar. "Os filmes tornam públicos os depoimentos dos envolvidos neste crime bárbaro. Não há romantização, glamurização ou qualquer intenção de minimizar essa tragédia familiar. Eles são réus confessos, julgados e condenados pelo que fizeram, isso ninguém vai mudar", opinou.

MULHERES NO AUDIOVISUAL

Quando o assunto é o espaço das mulheres no audiovisual brasileiro, Carla Diaz tem certeza que ainda há muito o que melhorar e que o caminho ainda é longo, mas tem olhar otimista para o futuro. "Demos e continuamos a dar passos largos neste sentido. Hoje em dia é possível ver um longa inteiramente feito por mulheres. É isso faz toda a diferença. A nudez feminina está ganhando um novo contorno, por exemplo. Até então, o corpo feminino ocupava um lugar quase decorativo em algumas cenas", disse.

Carla Diaz (Foto: Divulgação/Dêssa Pires) — Foto: Glamour
Carla Diaz (Foto: Divulgação/Dêssa Pires) — Foto: Glamour

"Nessa última produção em que estive, nos cinemas sobre o caso Richthofen, já vi uma grande mudança. No dia do meu teste por exemplo, no set só tinha mulheres. Depois, nas gravações, também percebi a quantidade de mulheres dentro da equipe, o que me deixou feliz. Mas sei que ainda precisamos ter muitos avanços, tornar isso possível em todas as produções do audiovisual, com equidade salarial e de direitos. Mas se caminharmos juntas chegaremos lá!", completou.

REDES SOCIAIS

Carla Diaz acumula 2,1 milhões de seguidores no Instagram e, por lá, tenta mostrar um pouco do seu dia a dia e sempre com verdade. "A rede social é um recorte que a gente faz da nossa vida e que quer mostrar para os outros. Esse recorte só faz sentido para mim se for de verdade. Esse é o meu maior compromisso: a verdade", disse.

"De uns tempos pra cá, tenho sentido muito a necessidade de, além de usar espaço para divulgar o meu trabalho e me aproximar das pessoas que acompanham o meu trabalho, fazer uso das minhas redes para dar voz e destaques a assuntos que necessitam de um debate maior. Há questões urgentes, que não podem mais ser adiadas. Estamos vivendo um momento tão duro: pandemia, crise política, distanciamento social. O coronavírus escancarou o que já era errado e injusto. Para mim, se tornou impossível não trazer isso para as redes, além de mensagens positivas que também sempre gosto de passar."

Carla Diaz (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour
Carla Diaz (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour

AUTOESTIMA É FUNDAMENTAL

Por fim, a atriz ainda falou um pouco sobre a relação com o próprio corpo e contou que sempre se amou muito, mas já teve seus questionamentos. "Sempre tive uma autoestima boa, isso foi instigado em mim quando criança também, lembro da minha mãe me encorajando, me incentivando. Por exemplo, ela sempre me mostrou o lado bom de ser baixinha, com amor e carinho. O amor próprio começa a ser construído desde cedo e acho super importante os pais mostrarem isso para seus filhos", revelou.

"Já me questionei, sim, principalmente quando me julgaram sobre meu corpo, baixinha, acima do peso, abaixo do peso, cabelo longo demais, cabelo curto demais. Sim, passei por tudo isso. Por isso que temos que filtrar os comentários alheios, mas acho que, no saldo, sempre fui mais gentil do que carrasca comigo mesma. E analisando tudo isso num momento de pandemia, tão delicado para tantas pessoas, aprendi a agradecer mais, e não a estética do meu corpo, que ela muda ao passar dos anos e sim a saúde e a importância e o privilégio de estar bem.", contou.

Carla Diaz acredita que autoestima e aceitação são questões que devem ser trabalhadas diária e incansavelmente. "Significa que a gente não quer mudar nada na nossa aparência? Não! Significa que a gente até pode querer mudar uma coisa, outra ou muitas coisas, mas que a gente se ama independentemente desta mudança. Tem dia em que a gente acorda de mal com o espelho. O cabelo não está do jeito que a gente quer. A roupa não caiu bem, a pele está assim ou assado... O ser humano é assim! Por isso é tão importante que essas questões físicas não tornem o amor próprio tão frágil. A gente é o que é. Nada de ficar comparando com ninguém. Devemos nos inspirar. Comparar jamais!", completou.

Carla Diaz (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour
Carla Diaz (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour
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