Moda
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Os remakes de Pantanal e Renascer não nos deixam mentir: as novelas vêm recuperando o fôlego e o espaço no coração dos brasileiros. Assinadas originalmente pelo veterano Benedito Ruy Barbosa, as tramas ganharam novas versões pelas mãos do neto do autor, Bruno Luperi, trazendo para as telinhas o saudosismo de décadas anteriores e emoções e dedicação ainda não experimentadas pela geração Z.

Além de reunir famílias na sala para assistir aos episódios das novelas da Globo, as histórias transitavam pelo universo popular, servindo de assunto e pauta para conversas nos dias seguintes. "A moda tem tudo a ver com cultura, assim como o audiovisual, no geral. Novelas, filmes e séries são maneiras muito fortes de reforçar ideias, culturas, pensamentos e, claro, a moda", analisa Thais Farage, stylist e especialista em moda pela Universidade de São Paulo (USP). "No Brasil, as novelas tiveram um papel especial, mesmo não sendo um fenômeno isolado: Estados Unidos e México também foram impactados pela TV aberta. Por aqui, a influência das novelas perdura há décadas e se tornou um marcador de tendências mais forte até do que as passarelas."

Sonia Braga é a responsável pela primeira referência fashionista na TV aberta. Em 1978, Gilberto Braga (1945-2021) lançava a trama Dancing Days com a protagonista Júlia de Souza, que conversava com as mulheres que buscavam independência, tendo como pano de fundo uma boate. Ao som de As Frenéticas, a moda disco dos anos 1970 ganhou vida nas ruas em meias de lurex, sandálias plataforma e tops combinados com calças esportivas. Vamp, de Antônio Calmon, mergulhou no universo gótico para contar a história de Natasha, vivida por Claudia Ohana, em 1991. Rendas, transparência, recortes estratégicos e batom vermelho faziam parte do figurino inesquecível da personagem.

Três anos depois foi a vez de Babalu, primeira protagonista de Letícia Spiller após se "aposentar" da vida de Paquita e imediatamente virar referência no comércio popular com a novela Quatro por Quatro, de Carlos Lombardi. Blusa ciganinha, shorts jeans, flor como prendedor de cabelo e sandália anabela tornaram-se peças mandatórias das brasileiras. "Paraíso Tropical é sempre revisitada na hora dos memes pelas redes sociais. Bebel, de Camila Pitanga, virou referência de moda 25 anos após a estreia da trama", relembra Thais.

Taís Araujo e suas personagens também dominam o imaginário e os desejos de compra Brasil afora. Quem não se lembra de Ellen, de Cobras e Lagartos, com looks chiques e poderosos, além do seriado Mister Brau, com produções cheias de personalidade e referências afro.

GIOVANNA ANTONELLI, RECORDE DE AUDIÊNCIA

Jade, Bárbara, Helô, Atena... Quando Giovanna Antonelli está escalada para uma novela, já sabemos que o figurino das personagens que interpreta será visto e usado por aí. Prova disso é que a atriz é a recordista de pedidos de referência feitos ao Central de Atendimento ao Telespectador (CAT) da Rede Globo. "O lance mais legal é ver o personagem conquistando o público, que elege, curte e vibra. É para esse público que eu trabalho, crio e me reinvento cada vez mais. Sou uma atriz popular e amo fazer personagens que viralizam de alguma forma", conta a atriz.

Para compor a personagem, Giovanna é daquelas que coloca a mão na massa e, juntamente com a equipe da novela, tenta chegar ao denominador fashionista em comum. "Não consigo deixar algo da minha vida na mão de outra pessoa, imagine um personagem. Então palpito, falo, crio, escuto, troco, concordo e discordo. Sempre de coração aberto. No fim, o que queremos é a mesma coisa: ver a magia acontecer. A troca é parte fundamental na construção de um papel. A soma do olhar de cada um faz toda a diferença."

Uma das apostas de sucesso de Giovanna ao longo de seus 30 anos de carreira foi a pulseira de Jade, sua icônica personagem em O Clone, de Glória Perez, em 2002. "Um novo trabalho é sempre uma caixinha de surpresas. Estamos todos focados nos melhores resultados, mas não sabemos o que vai acontecer. Eu adoro testar. Na delegada Helô, por exemplo, usamos dois cintos que acabaram viralizando. Foi acaso, um improviso na falta de cintos. Já a pulseira que Jade pega quando a mãe morre foi ideia minha e acabou virando um símbolo importante da personagem. Amo o processo criativo e exerço muito esse poder no meu ofício. É uma delícia."

Das peças que ganharam o Brasil, Giovanna conta que não leva quase nenhuma para seu acervo pessoal, mas o contrário acontece. "Com exceção da Jade, que guardo um pano até hoje, mas sempre levo peças da minha casa para elas." Com quase 20 milhões de seguidores no Instagram, Giovanna aprendeu a usar as novas tecnologias a seu favor. "Não dá mais para comparar a era das novelas de até dez anos atrás com a era digital. Hoje, a atenção se dividiu e temos que descobrir novas formasde lançar tendências, não somente por meio da TV."

Thais pensa parecido sobre a forma de consumo das novas gerações. "Sinto que a TV aberta está se renovando para lutar contra os streamings. Os remakes vão impactar uma geração que não acompanhou novelas anteriormente. Mais canais, mais espaços para produzir novas ideias. Atualmente, o maior programa de impacto na TV aberta, quando o assunto é moda, é o Big Brother Brasil. Quem não se lembra da sandália usada por Manu Gavassi?", finaliza.

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