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Por Malu Pinheiro (@mariluisapp)

Nesta quinta-feira (07.03), estreia nos cinemas do Brasil o filme Todos Nós Desconhecidos”, mais novo longa de Andrew Haigh. Diferente de tudo o que é considerado tradicional, a história acompanha o roteirista Adam (Andrew Scott) que, enquanto se relaciona com seu vizinho Harry (Paul Mescal), tem reencontros inesperados com seus falecidos pais (Claire Foy e Jamie Bell).

O longa foi indicado a Melhor Filme Britânico no BAFTA Awards e também rendeu a indicação de Claire Foy como Melhor Atriz Coadjuvante neste prêmio. A britânica, inclusive, já está acostumada com a temporada de premiações. Em 2018, ela venceu como Melhor Atriz no Emmy Awards por sua interpretação de Rainha Elizabeth II na série “The Crown” – e que a tornou conhecida mundialmente.

Em “Todos Nós Desconhecidos”, Claire interpreta a mãe de Adam – que não tem um nome, é apenas mãe – e representa uma geração passada que se preocupa com a sexualidade de seu filho. “Eu senti que eu tinha uma responsabilidade em representar uma maneira geracional de se pensar. É realmente útil para o personagem do Adam e também para o conceito do filme”, disse em entrevista à Glamour.

Elenco de "Todos Nós Desconhecidos" — Foto: Getty Images
Elenco de "Todos Nós Desconhecidos" — Foto: Getty Images

O longa conta apenas com esses quatro personagens e todo o processo de criação foi tão íntimo quanto a história ali narrada. “Nós gravamos o filme na casa do diretor Andrew Hague, o que deu uma sensação muito diferente, foi muito pessoal”, conta. “É um projeto que considero incrivelmente bravo. Acho que é disso que nós precisamos nos cinemas. De histórias honestas que não retratem seres humanos como perfeitos, mas que mostram que todos nós estamos tentando o nosso melhor”.

Sobre a temporada das premiações, Claire revela que não se sente pressionada para ter seu nome nas listas. “Eu não posso fazer nada. Não posso fazer nada depois que eu fiz o meu trabalho. Acho que a melhor coisa que temos a fazer é continuar trabalhando e focar no que é importante”, disse.

Mas, sua interpretação de Rainha Elizabeth II lhe rendeu um troféu e foi um marco em sua carreira – e ela admite. “Foi um verdadeiro desafio, algo que eu nunca tinha feito antes. Interpretar um personagem fora do meu contexto, fora da minha zona de conforto, foi uma experiência realmente incrível, uma oportunidade única de interagir com tantas pessoas ao redor do mundo. Eu sempre serei grata pela oportunidade”, diz.

Confira abaixo a entrevista na íntegra com Claire Foy:

Queria começar falando sobre “Todos Nós Desconhecidos”, que está incrível! Como foi para você fazer esse filme?

Foi maravilhoso. Tivemos um ótimo tempo juntos. Foi produção muito pequena, muito íntima. Nós gravamos o filme na casa do diretor Andrew Hague, o que deu uma sensação muito diferente, foi muito pessoal. E eram atores maravilhosos. Todas os meus momentos com Andrew Scott e Jamie Bell foram muito bons. Eu os adoro e os acho incríveis! Então, foi uma experiência maravilhosa.

Claire Foy — Foto: Getty Images
Claire Foy — Foto: Getty Images

No filme, você tem diálogos importantes e fortes com Adam. Acho que representam muitas mães de certas épocas, né? Você sentiu uma precaução?

Sim, eu definitivamente senti que eu tinha uma responsabilidade em representar uma maneira geracional de pensar. Eu não queria ter atitudes e sentimentos modernos de qualquer maneira, ou a partir de uma retrospectiva. Eu realmente queria que ela estivesse vivendo em uma época em que ela percebia que era perigoso ser um homem gay e em meio a epidemia da AIDS – e que isso impactasse o seu relacionamento com ele e com quem ele era. Acho que nós realmente precisávamos entrar nisso em vez de tentar fazê-la uma mãe mais moderna, eu acho. É útil para o personagem do Adam e também para o conceito do filme, eu acho. Basicamente seus pais são apenas de um tempo diferente, e com perspectivas diferentes.

Como foi pra você trabalhar com um elenco reduzido?

Eu não senti que era um elenco muito pequeno. Todos os personagens eram bem grandes, então foi tão grandioso quanto um set com 80 personagens principais. Eu sentia que tudo era certo, sentia que a história que vivíamos era certa. Sentia que todos tínhamos uma chance de se conectar e ter nossa própria experiência juntos. Foi uma honra trabalhar com esses atores. E ser incluída entre eles foi incrível. Então, não foi nada estranho para mim, eu amava. Eu amava passar tempo com eles.

Uma das coisas que mais me tocou no filme foi como podemos refletir sobre tantos sentimentos com tão poucos personagens, a partir de uma só pessoa... Família, amor, traumas, relacionamentos, saúde mental, morte. É uma proposta interessante do filme, né?

Eu acho que o que o Andrew Haigh, diretor e escritor, faz é não tentar complicar a vida. A vida é tão... Se você tiver sorte, é longa. E se você não tiver, tem muito o que se encaixar se você tiver os olhos abertos. Acho que o filme encoraja o público a lembrar que você não está aqui por muito tempo. A vida é passageira e tão preciosa. E ter essas conversas, dizer as coisas, se expressar, ser você mesmo, se abrir e amar. E para isso que estamos todos nós aqui, basicamente. E não significa apenas algo romântico, também significa familiar, sua família. E eu acho que de forma tão pessoal, o que é muito importante, foi o que o Andrew fez. Ele faz isso realmente de uma forma universal, para todo mundo que o assiste, porque todas as coisas que ele luta como humano e como diretor, são as mesmas que nós lutamos. Então, eu acho que é incrivelmente bravo. Também acho que é disso que nós precisamos nos cinemas. De histórias honestas que não representem seres humanos como perfeitos, mas que mostram que todos nós estamos tentando o nosso melhor.

E todas essas questões são trazidas de forma sensível e muito real... Por que é como somos, né?

Sim, e eu acho que basicamente tudo é tão maravilhoso quando você vai ao cinema para ver um filme que é fantástico ou ver alguém que está agindo como um ser humano. O cinema pode te permitir aprender sobre o que é ser um ser humano. O cinema pode te dar um espaço para sentir coisas que te assustam ou que você nunca parou para pensar ou que não tocam em sua vida de todos os dias. E eu acho que esse filme realmente dá para as pessoas uma oportunidade de terem um espaço onde elas podem sentir esses sentimentos e, espero, se sentir um pouco esperançosas sobre a vida e o significado do todo.

Qual é a sua expectativa para o lançamento desse filme?

Eu nunca tenho expectativas. O fato de que as pessoas amam o filme e as pessoas realmente respondem a ele, é tudo o que você pode esperar. Então, eu conheço pessoas que têm visto o filme, e realmente foram tocadas por ele, e eles têm mantido o filme com eles. Então, quero que mais pessoas vejam o filme, é isso, eu acho. Então, eu só quero que as pessoas vejam, porque eu acho que é ótimo.

Como você lida com a temporada de premiações em que estamos? Há uma pressão para aparecer nas indicações?

Não. Tenho muito sorte de que o filme já foi feito, então eu não posso fazer nada. Não posso fazer nada depois que eu fiz o meu trabalho. Acho que a melhor coisa que temos a fazer é continuar trabalhando e focar no que é importante.

Você ganhou muitos prêmios por seu trabalho em “The Crown”. Interpretar a Rainha Elizabeth foi um marco na sua carreira?

Com certeza. Interpretar a Rainha Elizabeth foi um verdadeiro desafio, algo que eu nunca tinha feito antes. Interpretar um personagem fora do meu contexto, fora da minha zona de conforto, foi uma experiência realmente incrível, uma oportunidade única de interagir com tantas pessoas ao redor do mundo. Eu sempre serei grata pela oportunidade.

Claire Foy como Rainha Elizabeth II  — Foto: Foto 1: Netflix | Foto 2: From Wikimedia Commons, Unknown / Library and Archives Canada
Claire Foy como Rainha Elizabeth II — Foto: Foto 1: Netflix | Foto 2: From Wikimedia Commons, Unknown / Library and Archives Canada

Rainha Elizabeth, Mãe, Salomé, de “Entre Mulheres”... Você vê semelhanças entre essas mulheres?

Eu faço todas elas (risos). Eu poderia tentar encontrar semelhanças em todas. A razão por eu ter feito todas elas é que elas são humanas e isso me encoraja a não ficar buscando semelhanças, porque eu estou aprendendo. Eu acho que todos os papéis chegam para mim na hora certa. Eles chegam e eu posso pensar “o que eu vou fazer agora?” ou “não, não é muito para mim”. Mas, eu amo profundamente todas elas.

Eu li uma entrevista sua ao The Guardian em que você fala que costumava ser muita dura consigo mesma. Como foi o processo para mudar isso?

É como a maioria das coisas, eu só tive que parar de fazer isso. Eu acho que às vezes pode ser muito útil, porque pode te empurrar a não aceitar seu primeiro erro, eu acho. Ou pode ser útil para tentar, sim, te empurrar a fazer melhor em algo. Mas na minha condição, não era bom, foi apenas uma maneira de não ser muito boa para mim mesmo. Então eu decidi só não me preocupar mais, eu não vou ser má para mim mesmo. A vida é muito rápida. Então, eu passei a ser gentil comigo mesma.

E você não tem redes sociais, né? Como é a sua relação com a internet?

Eu não tenho. A internet é muito útil, mas eu tenho minhas dúvidas quanto as redes sociais, e eu acho que a maioria das pessoas também têm. Eu sou muito feliz por poder continuar a trabalhar no momento e não ter nenhuma rede social. Não sei por quanto tempo isso vai continuar, mas não é bom para mim de qualquer maneira. Isso me dá muito pouco de insegurança, então é melhor eu não ter, basicamente.

E você já tem outros trabalhos em vista?

Eu gravei algo antes de Natal, que eu não posso falar sobre, porque não foi anunciado, e é isso, basicamente, e espero fazer mais coisas ainda este ano.

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