Lifestyle

Por Amanda Noventa, colaboração para Marie Claire


Amanda Noventa, durante passeio de caiaque no gelo — Foto: Divulgação
Amanda Noventa, durante passeio de caiaque no gelo — Foto: Divulgação

"O navio balança de um lado para outro. Deitada em posição fetal na cama da minha cabine, olho fixamente a imensidão azul que se divide entre céu e ondas gigantes na minha janela. “Bem-vindos ao Drake”, diz uma voz no alto-falante, quebrando um momento que poderia ser de silêncio e paz profundos, não fosse a náusea que sinto desde o primeiro dia.

Drake é a passagem entre a América do Sul e a Península Antártica, o ponto de encontro entre os oceanos Pacífico e Atlântico. O aviso no alto-falante anuncia que eu e os outros 119 passageiros estamos no pedaço de mar mais perigoso do mundo devido às condições climáticas.

Só me resta tomar outro comprimido para o enjoo não piorar, e esse é o único medo que sinto. Estamos a bordo do SH Vega, da Swan Hellenic. Um navio que conta com tecnologia de ponta e realiza expedições para a Antártica de novembro a março. Um gigante da tecnologia que torna possível o sonho de viajantes curiosos como eu conhecer o continente gelado.

Sauna, academia, jacuzzi. É possível usar todos esses espaços enquanto se navega por esse mar agitado. Além disso, profissionais de alto nível dão palestras ambientais, um aquecimento para encontrar tudo o que está por vir. Embalada pelo balanço do Drake junto à emoção do momento, fico sonolenta e introspectiva o bastante para sentir como se atravessasse um portal. Um portal para realizar o sonho de conhecer a Antártica! Sim, o Drake foi bem simbólico para mim.

Fui sozinha para essa viagem. E apesar de já ter rodado o mundo, não me lembro de ter aproveitado tão bem os momentos de solitude que essa viagem me proporcionou.

Dois dias depois de embarcar, acordei num mar calmo. É o tempo que dura a passagem pelo Drake. Corri para a janela, abri as cortinas e pela primeira vez a paisagem mudou. Montanhas cobertas de gelo, e um silêncio ainda mais profundo, como nunca havia experimentado em nenhum outro lugar do mundo. Choro de emoção.

A partir daqui, icebergs de todos os tamanhos vão surgindo no entorno do navio. Pássaros curiosos sobrevoam nossa busca pelo ponto perfeito para ancorar. Difícil acreditar: cheguei na Antártica!

Pisando na Antártica

O passeio tem paisagens incríveis e expedição em terra — Foto: Divulgação
O passeio tem paisagens incríveis e expedição em terra — Foto: Divulgação

A viagem já valeria a pena se ficássemos apenas a bordo do SH Vega olhando para a paisagem lá fora, juro! Mas temos botes zodiacs -- um tipo inflável --disponíveis para sair do navio e de fato colocar os pés no continente. Nossa rotina se resume a navegar em busca de paisagens deslumbrantes, ancorar e sair para uma expedição em terra.

Mas quando se trata da Antártica, a imprevisibilidade é um elemento presente na viagem. Talvez mais do que em qualquer outro lugar do mundo. Na Antártica, tudo depende do clima. Um vento que surge de repente pode abortar a missão de explorar qualquer ponto específico.

Na nossa primeira sa��da de zodiac, percorremos alguns pontos próximos à Ilha Cuverville para observar uma colônia de pinguins quando uma nevasca aconteceu inesperadamente. Já tinha dado tempo de ver os animais caminhando juntos, escorregando no gelo e pulando na água de maneira graciosa e atrapalhada. Mas em poucos segundos a nevasca deixou tudo absolutamente branco, e a expedição de observação virou uma aventura de acelerar o zodiac sobre as ondas rumo ao navio.

De um lado, a Ilha Anvers com montanhas cobertas de neve, do outro icebergs enormes flutuando — Foto: Divulgação
De um lado, a Ilha Anvers com montanhas cobertas de neve, do outro icebergs enormes flutuando — Foto: Divulgação

Meu cabelo congelou, a lente dos óculos foi ficando molhada e o vento frio já me impedia de falar qualquer coisa. Tá tudo bem, eu vim aqui para isso.

No dia seguinte chegamos à Ilha Wiencke, o lugar que mais me impressionou em toda viagem. Não sei se de propósito, mas chegando lá o SH Vega deu uma volta 360° em torno de si mesmo e conseguimos ter uma visão panorâmica do lugar.

De um lado, a Ilha Anvers com montanhas cobertas de neve, do outro icebergs enormes flutuando. O mar estava tão calmo que parecia um espelho refletindo tudo aquilo. Todas as condições estavam favoráveis para que a gente fosse explorar a Antártica por terra (ou melhor, gelo).

Enquanto eu aguardava mais informações e observava cada milímetro daquela paisagem para não esquecer nenhum detalhe, vejo um esguicho na água. Depois outro. Eram duas baleias se aproximando como que para coroar a perfeição daquele lugar. Jogam a cauda para o alto, mergulham até desaparecer. Alguém avisa que há uma terceira baleia na outra ponta do navio e eu já não acredito que isso está acontecendo. Saio correndo à procura e lá está ela flutuando calmamente pela água. Emocionante. E o dia ainda nem começou…

Minutos depois, o zodiac nos levou para uma caminhada na ilha. Não sou de topar trilhas no calor. Mas no frio, estou dentro. Minha teoria é: quando se está com as roupas certas para a ocasião (na Antártica vale basicamente as mesmas de esqui), a caminhada no frio esquenta mas não deixa você suar, criando um micro-clima prazeroso.

A neve caía forte na horizontal e eu fui afundando as minhas botas no gelo, um passo atrás do outro bem devagar. Não queria que esse momento acabasse nunca! Uma imensidão branca, o navio lá no fundo. Dezenas de pinguins-gentoo ocupados demais tirando um cochilo na nevasca, outros caminhando com a tranquilidade de quem está à vontade em seu habitat congelado.

Já viajei para dezenas de lugares do mundo, nem sei quantos países. Mas se você me pedir para escolher só um momento de qualquer viagem, eu escolho esse. A Antártica é o além do fim do mundo. Um vazio e um silêncio tão absurdos que nos fazem conectar com nossa própria existência. Uma experiência arrebatadora para não esquecer.

A Antártica é o além do fim do mundo, diz Amanda — Foto: Divulgação
A Antártica é o além do fim do mundo, diz Amanda — Foto: Divulgação

Remando no gelo

Eu já tinha feito caiaque, mas caiaque no mar congelado seria a primeira vez. O time de especialistas confirma que as condições estão favoráveis, mas eu olho lá fora e cai uma neve consistente. Me pergunto como será possível remar uma vez que o mar está coberto de pedras de gelo. Mas estou apaixonada demais pela Antártica para recusar qualquer experiência.

Vou mergulhando o remo entre um bloco e outro, desviando quando possível e tentando seguir o fluxo. A vista composta apenas por um mar imenso coberto de gelo é rompida por uma surpresa: uma foca sozinha, boiando num pequeno iceberg que flutua na água. Ela me vê também. Gosto de pensar que trocamos olhares de quem sabe o prazer que é fazer uma viagem solo.

O passeio de caiaque termina e eu volto para o navio me perguntando o que vem depois da Antártica. Será que agora qualquer outro lugar vai me parecer pouco?

Uma base de 1944 no meio da neve: Port Lockroy — Foto: Divulgação
Uma base de 1944 no meio da neve: Port Lockroy — Foto: Divulgação

No último dia de viagem, o SH Vega para em Port Lockroy, uma base inglesa construída em 1944 para uma missão secreta. Hoje, além de funcionar como museu e centro de pesquisa, tem o serviço de correio mais ao sul do mundo. Compro selo, cartão postal e emocionada (com a mão tremendo!) escrevo e envio para mim mesma: "Lembre-se: sua vida é incrível e não há um dia em que você não possa dormir feliz". Talvez o lembrete seja um tanto utópico, mas na Antártica nada é. Tudo é incrível e não há um dia que você não possa dormir feliz."

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