Luísa Sonza decidiu aparecer no Instagram nesta segunda-feira (17), para fazer uma reflexão em meio a polêmica do PL 1904/24, que equipara o aborto ao crime de homicídio.
A cantora mandou um recado direito à "galera a favor da família e da vida" e questionou o motivo deles não se importarem tanto com pais que abandonam os filhos e não pagam pensão.
"Gente, seguinte, a galera que é tão afim da vida, tão a favor da vida, a favor da família, aquela coisa toda. Por que vocês não começam penalizando, com pena máxima, mais do que 20 anos, para pais que abandonam filho, porque ele foi lá e quis fazer também", comparou Luísa.
"Então, porque que vocês não começam penalizando pais que não pagam pensão. Tem que ser a maior pena, mais de 20 anos e não adianta também pagar pensão merreca e, principalmente, não ser um pai presente. Abandonar, então, nem sei... imagina, abandonar a família que vocês tanto falam? Vocês podiam começar por aí, só pra começar, começando raso. O que vocês acham, galera a favor da família? Tô sugerindo aqui, não sei se passou pela cabeça de vocês", continuou.
E ainda apontou que o peso em cima dos homens que abandonam é muito menor do que nas mulheres que desejam abortar: "Se vocês se preocupam tanto com a vida, tanto com a família, vocês tem que começar a responsabilizar os papais, não é mesmo? E talvez até vocês, né? Porque às vezes tem um filho: 'Ah não, mas minha família é maravilhosa'. Mas e o filho fora do casamento? E a outra familhazinha que vocês escondem?
"Tem que cuidar também desse outro filhinho, não deixar só pensão não adianta também. Uma pensão merreca, pelo amor de deus. Então tem vários problemas aí que vocês não estão levantando, que são os grandes problemas do mundo, que não começam pela mamãe, começam pelo papai. Das crianças que já estão aí vivas, já existem, não é um feto que nem foi formado", finalizou.
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Luísa Sonza refletiu sobre o PL que equipara o aborto ao crime de homicídio.
PL nº 1904/24 quer equiparar pena de aborto ao crime de homicídio simples
O PL nº 1904/24, nomeado por militantes feministas como PL da Gravidez Infantil, visa equiparar a pena para aborto feito depois da 22ª semana, legalmente ou não, ao crime de homicídio simples. Com isso, a pena pode subir para seis a 20 anos de prisão, a depender do entendimento de juízes em cada caso. Especialistas veem o projeto como um retrocesso, além de definirem o projeto como uma forma de criminalizar ainda mais a realização do aborto no país.
Fontes ouvidas por Marie Claire ratificam que as maiores impactadas podem ser meninas vítimas de estupro. Elas levam mais tempo para detectar a gestação e são, em sua maioria, vítimas de estupro, às vezes por um familiar ou outra pessoa próxima. Dados do Governo Federal apontam que 12 mil meninas entre oito e 14 anos foram mães em 2023.
Além disso, se fosse aprovado, o projeto concederia pena maior para a pessoa que abortar depois de um estupro do que para estuprador. No caso de estupro de uma pessoa adulta, a sentença pode ir de 6 a 10 anos. Se a vítima for menor de idade, varia de 8 a 12 anos. No caso de estupro de vulnerável, de 8 a 15 anos. Se resultar em lesão corporal grave, a sentença pode chegar a 20 anos.