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Angélica (Foto: Reprodução/ vídeo Vogue)

Angélica (Foto: Reprodução/ vídeo Vogue)


Convidada especial do Vogue Wellness Summit, Angélica encerra o quadro de programações do nosso evento focado em trazer novidades sobre autocuidado e saúde feminina que vão além da estética.

E é sobre saúde espiritual, mais especificamente sobre meditação transcendental, que a apresentadora nos fala com exclusividade - e com conhecimento de causa. Após um acidente de avião em 2019 que quase tirou, entre outras, sua vida e da sua família, a artista se viu obrigada a colocar tudo em perspectiva e a olhar cada vez mais para dentro de si.

Tendo de administrar um trauma intenso, Angélica tentou as mais diversas terapias, inclusive uma mudança nos hábitos alimentares, mas foi na técnica comandada por Klebér Tani que começou a entender e a encontrar sua essência e, como define, o seu ser.

Abaixo, a estrela paulista de 47 anos relata em detalhes trechos de como foi forçada a encontrar equilíbrio mental ao enfrentar uma profunda sensação de impotência em um momento pra lá de turbulento - e em como isso reflete na sua vida atualmente:

Angélica é adepta da meditação transcendental (Foto: Reprodução/Instagram)

Angélica é adepta da meditação transcendental (Foto: Reprodução/Instagram)


"Cair de avião é uma experiência que comprime anos em poucos segundos, sua vida inteira passa pela cabeça: [você se pergunta] onde você errou, o que poderia ter feito de diferente, o que é possível fazer agora... E a resposta pra tudo era "nada". As coisas mais importantes da minha vida estão em risco e eu não posso fazer nada. Uma vida inteira que passou voando agora estava literalmente caindo pra um futuro desconhecido, ou pra nenhum futuro, e eu não posso fazer nada.

 


Mas estar nas mãos de Deus pode ser uma glória, e por um milagre ninguém perdeu a vida naquele dia. O pouso forçado me deu várias escoriações, algumas fraturas, a companhia incômoda de uma colar cervical por um tempinho, mas estamos todos vivos. Eu e as pessoas mais preciosas da minha vida estávamos salvos. E ainda que nossa vida estivesse preservada, naquele dia eu perdi uma coisa muito, muito importante: perdi a minha paz.

Depois do acidente eu passei meses com medo. E não só medo de voar, medo de tudo, medo de sair na rua, tropeçar e morrer, medo de pegar uma doença, medo de ser assaltada, tomar um tiro, medo que algo inesperado acontecesse com meus filhos ou com meu marido, medo de mais uma vez não poder fazer nada.

Procurei tratamento, me ajudou muito. Fiz terapia, tratamento psicológico, exercícios, mudança na alimentação... Fiz tudo o que podia pro meu corpo e minha mente se reconstruírem, mas o vazio que eu encontrei dentro  do peito naquela queda de avião continuava lá. O que eu demorei pra entender  foi que esse vazio não surgiu no dia em que eu sofri o acidente, sempre esteve comigo, era uma parte de mim. Por mais que eu tentasse, nada preenchia esse vazio. [...]

Três filhos, um monte de programas de TV, shootings, propagandas, viagens... 40 minutos custam caro nessa rotina, mas custa muito mais caro viver à beira de um ataque de pânico. E essa era a rotina dentro da minha cabeça.Quando a meditação transcendental entrou na minha vida, eu tava mais uma vez tentando preencher aquele vazio. E foi estudando, praticando diariamente, me dedicando realmente a isso que comecei a entender e encontrar a minha essência, o meu ser. Me reconectei com meu ser interior, descobri a fonte dos meus pensamentos, o lugar onde eles nascem. É como um arco e flecha: aprendi que ao puxar meus pensamentos nos níveis mais profundos de funcionamento, diminuindo a excitação, minha mente passou a ficar mais calma, mais quieta e, ao mesmo tempo, mais produtiva e cheia de energia, absolutamente consciente. Descobri quem eu realmente sou, encontrei o meu refúgio.

Angélica (Foto: Reprodução)

Angélica (Foto: Reprodução)

O que a queda do avião me tirou não foi um pedaço de mim, mas uma venda dos meus olhos. A venda que a gente usa pra tornar a vida mais fácil, uma venda que diz: 'Eu tenho o controle sobre tudo'. Não, eu não tenho, você não tem, ninguém tem. Mas curiosamente a gente pode aprender a ter algum controle sobre uma coisa muito especial: podemos ter controle sobre a nossa relação com esse vazio que todo mundo tem dentro de si, e encontrar nele uma paz que transborda pra todos os outros pontos e relações da nossa vida.

Depois de me dedicar mais à meditação, passei a ter mais calma para lidar com os problemas da vida. E eles vão surgir, no casamento, na relação com os filhos, na carreira... As incertezas que antes me geravam gatilhos enormes de ansiedade passaram a ser parte da vida que a gente vai administrando, superando ou, às vezes, até falhando em resolver, mas de uma maneira mais suave, mais tranquila, menos dura com nós mesmos."