• Olga Penteado
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Ioga Facial (Foto: Hugo Toni)

(Foto: Hugo Toni)

Seja pelo “Efeito Zoom” – o aplicativo de chamada de vídeos colocou em evidência ruguinhas e linhas de expressão que antes passavam despercebidas – ou por um quilinho ou outro adquiridos na quarentena, muita gente aproveitou o período de isolamento para investir em tratamentos estéticos a serem realizados a posteriori. Foi o caso de quem adquiriu serviços a preços promocionais da rede de estética AD Clinic, com unidades em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro. “Já trabalhávamos com vendas antecipadas online, mas a procura nos primeiros meses da quarentena foi surpreendente: apresentamos um crescimento de 523% nas vendas”, fala Rodrigo Nunes, fundador da rede.

No terreno das cirurgias plásticas, o Google registrou um aumento de buscas de 4800% pelo termo “rinoplastia” nas últimas semanas, impulsionado pelo fato de famosos terem realizado alterações estéticas ou funcionais no nariz na quarentena. Segundo Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, especialista em Rinoplastia Estética e Reparadora, outro fator que explica a demanda é a oportunidade de aproveitar o home office para fazer um procedimento cirúrgico sem precisar de férias. ”A telemedicina facilita o primeiro contato do médico com o paciente para esclarecer dúvidas. Além disso, as novas modalidades, como a rinoplastia ultrassônica, são menos traumáticas, e os hospitais estão adotando protocolos rigorosos para as cirurgias”, acrescenta o cirurgião plástico.

Nos consultórios dermatológicos, a procura por procedimentos estéticos também cresceu na medida em que as regras de isolamento estão sendo flexibilizadas pelas autoridades. “Comecei atendendo uma ou duas vezes por semana, mas agora, como o aumento da procura, o consultório voltou ao horário habitual de funcionamento”, conta Thais Pepe, dermatologista de São Paulo. Os pacientes estão encontrando, porém, um “novo normal” nas clínicas, com regras reforçadas de segurança, distanciamento e higiene. “Não se trata de modismo, essa rotina adaptada que estamos vivendo veio para ficar, pois é uma ferramenta que nos proporciona segurança para darmos continuidade ao atendimento médico presencial”, acredita Fabiana Cório, dermatologista de São Paulo.

A nova rotina inclui agendamentos espaçados entre um paciente e outro, descontaminação constante de todas as superfícies e o uso de equipamentos de proteção individual por todos nas equipes. De tão paramentados – com máscaras N95, face-shield, avental, touca, luvas e propés descartáveis – os dermatologistas lembram os médicos intensivistas de UTI que vemos na televisão.

Nessa volta às clinicas, o botox tem sido o procedimento mais procurado. Motivos não faltam: é um tratamento consagrado, ajuda a valorizar a região dos olhos – a única exposta ao usarmos as máscaras faciais que nos protegem do coranavírus –, e pacientes que são já são usuários estavam ávidos para voltar às sessões de manutenção. “A aplicação da toxina botulínica ameniza as linhas de expressão e é particularmente eficiente para terço superior da face: trata pés de galinha, vincos na testa e levanta o olhar”, afirma Paola Pomerantzeff, dermatologista de São Paulo. Outro detalhe que faz a diferença: o paciente pode – e deve – permanecer de máscara durante a aplicação.

Segundo os dermatologistas, procedimentos menos invasivos e traumáticos, como ultrassons e laser não ablativos, também ganharam força para renovar a pele e melhorar o contorno do rosto. “Recomendamos, mais do que nunca, os tratamentos sem downtime, ou seja, que não causam efeitos posteriores, como vermelhidão, sensibilidade e descamação”, diz Victor Bechara, dermatologista carioca.

Já tecnologias como laser ablativos (que removem a camada superficial da pele), microagulhamento e alguns tipos de peelings mais profundos devem evitados, segundo os dermatologistas, devido à exposição da pele ao meio externo e a maior possibilidade de contaminações. “Evite procedimentos que danificam a barreira cutânea do rosto porque nesse momento devemos ter a saúde da nossa pele intacta”, reforça Frederico Lara, dermatologista de São Paulo.

Mas não são apenas os procedimentos estéticos que estão levando os pacientes aos consultórios dermatológicos, mas também as doenças de pele relacionadas à tensão da pandemia. “Manifestações cutâneas tem íntima relação com o stress, como psoríase, vitiligo, dermatite atópica, dermatite seborréica, urticárias, rosácea e herpes”, enumera Luciana Garbelini, dermatologista de São Paulo, que, assim como seus colegas aderiu à telemedicina e continua atendendo também desse modo, já que nem todos pacientes querem – ou podem – voltar ao consultório agora. Outra questão relacionada ao stress em alta nos consultórios é a queda de cabelo. “Tenho recebido pacientes com problemas seríssimos de queda dos fios, com dor e dermatites no couro cabeludo”, relata Karla Assed, dermatologista do Rio de Janeiro.

Para o corpo, os tratamentos mais procurados nas clínicas dermatológicas são as tecnologias que dissolvem gordura e também as que combatem a flacidez adquirida devido à dificuldade de se exercitar durante o período. É o caso da criolipólise, que congela e inviabiliza as células de gordura, e do ultrassom microfocado e bioestimuladores, eficientes contra a flacidez. “O ganho de peso na quarentena tem sido a reclamação mais constante dos nossos clientes”, confirma Luciana Sensini, diretora da clínica estética Fisioforma, com unidades em São Paulo, capital e interior. 

Para atendê-los, foram criados protocolos que unem acompanhamento nutricional com equipamentos tecnológicos, como os que promovem contrações supramáximas nos músculos, mais intensas do que as promovidas pelos exercícios físicos. “O resultado é um corpo mais firme, com contorno mais bonito, sem a necessidade de ir à academia de ginástica no momento. Acredito que boa parte da minha clientela se sinta mais segura no ambiente controlado da clínica”, fala Luciana.