Não sei se você tem algum parente ou amigo que trabalha em uma loja de roupas ou calçado. Se você já perguntou pra ele ou pra ela quanto ganha, certamente a resposta vai ser um fixo mais uma comissão. Este é o tipo mais comum de remuneração de pessoas na área comercial. A tal da comissão vai depender das vendas do mês e, como nem todo mês é bom, essa parte do salário varia. Mas, o que isso tem a ver com investimento em renda fixa e renda variável? A lógica é bem parecida ‘ora pois’.
A renda fixa não tem fixa no nome à toa. É um investimento que você já sabe o que vai ganhar na hora que contratar (não totalmente, mas depois eu explico). É o salário que está registrado na carteira de trabalho e pinga na conta todo mês (no caso dos investimentos, no vencimento do papel). A renda variável é justamente a que não dá para prever quanto será. Um dia, mês ou ano pode ser ruim, outro bom, outro muito muito muito incrível e outro péssimo. É, como o nome também já diz, variável. A diferença maior entre essas duas classes de investimentos é a forma de remuneração e o risco embutido neles.
Os investimentos mais populares de renda fixa são: caderneta de poupança, os fundo DI e de renda fixa, título público, LCI, LCA e CDB. Você consegue prever o rendimento do título se ficar, claro, com ele até a data do vencimento. Muitas das aplicações em renda fixa são títulos de dívida - o investidor faz um empréstimo a quem emitiu (o governo, o banco, a empresa).
Os investimentos de renda fixa têm ainda duas subdivisões: os papéis que são prefixados e os pós-fixados. Mais confusão, eu sei, mas saber isso é importante na hora de decidir em qual investimento apostar. E não é tão complicado assim.
- Os prefixados são aqueles títulos que a taxa de remuneração (o juro por este empréstimo) é fixada na hora da assinatura do contrato. Se você precisa saber exatamente quanto terá de dinheiro e de rendimento na hora que o papel vencer, é uma boa pedida. Depois de aplicar, é esquecer e deixar render a grana.
- Já os títulos pós-fixados vão pagar o juro para o investidor dependendo de como um índice (ou indexador, como o mercado gosta de chamar) se comportar. Por isso que eu disse lá em cima que nem todos os investimentos em renda fixa significa saber o quanto vai ganhar já no ato da aplicação.
É o caso de alguns títulos públicos, por exemplo, que vão pagar de acordo com o valor da taxa de juros, a Selic, ou a inflação (IPCA). Os CDBs, por sua vez, são dívidas de bancos. Eles emitem, vendem pra pessoa física e geralmente pagam um rendimento atrelado ao CDI (este nominho você ainda vai ouvir bastante), um índice que os bancos usam como base para emprestar dinheiro uns para os outros.
Do lado da renda variável, as ações (aquelas que são negociadas em bolsa de valores e caem ou sobem todo dia) são as mais conhecidas. Mas há também os fundos multimercados, que mesclam vários tipos de investimento em uma cesta só e os fundos imobiliários, que compram também vários ativos físicos, como prédios ou terrenos. O dólar é um investimento variável, assim como o ouro.
Até a casa própria é considerada um investimento de renda variável, sabia? Afinal de contas, você não sabe por quanto exatamente conseguirá vender, e nem se vai ganhar ou perder dinheiro. Nem todo mundo se liga disso, mas é um investimento arriscado (pode acontecer um monte de fatalidades com ele), é de baixíssima liquidez (tem gente que está há anos tentando vender a casa e não consegue) e tem ainda o risco de mercado, que depende de como está indo a economia.
Quais os riscos que eu corro?
Além do modelo de remuneração, as aplicações de renda fixa e variável são diferentes também nos riscos. Os primeiros são mais seguros, ou seja, você corre menos risco de perder o dinheiro que investiu ou de não ganhar alguma remuneração. Alguns papéis – os emitidos por bancos – têm até uma proteção extra. Se o banco quebrar, um santo protetor chamado FGC (Fundo Garantidor de Crédito) assume a bronca e deposita todo o dinheiro de quem tiver investimento de até R$ 250 mil por CPF, em cada instituição..
Já a renda variável pode ser igual futebol, uma caixinha de surpresas. Você pode sim perder tudo ou muito perto disso. É um mundo mais instável, mas, obviamente, que pode te dar retornos bem maiores também. Não dá pra ter tudo na vida, não é?
Última dica: faça como todo bom investidor e pesquise antes de investir em algo. Entenda os riscos que pode correr e pense com muito carinho e afinco quanto você pode perder antes de apertar o botão do play.
Conheça os riscos que estão embutidos nos investimentos em nossa outra matéria super completa sobre isso.