Brasil e Política

Por Gustavo Ferreira, Valor Investe — São Paulo


A inflação está bem baixinha. Mas ela não parece combinar muito com o tanto de dinheiro que deixamos numa passagem rápida pelo supermercado. Você pega leite, pão, ovos, arroz, feijão, alguns produtos de higiene e limpeza, alguma coisa para jantar e, quando vai ver, lá se foram uns R$ 200 embora.

Custa caro viver, né? Mas não é porque as coisas são caras que a inflação está, obrigatoriamente, alta. O preço que pagamos por produtos e serviços, ou seja, o “custo de vida”, não entra no cálculo da inflação. O que entra, sim, é a variação média dos preços, que você vê medida em porcentagem.

Reparou bem na expressão variação média? É justamente por ser uma média que, quando o preço do tomate vai para as alturas e gera um monte de memes, não necessariamente é refletido na inflação.

Ainda que comer tomate tenha virado artigo de luxo em algum momento, a queda simultânea de outros preços pode até fazer, no fim das contas, a inflação no mês mexer pouco ou até ser negativa – é a tal da deflação.

Normalmente, o que entendemos por “calcular a média”? Simplesmente somar os valores e dividir pela quantidade de vezes em que eles aparecem. O nome completo dessa conta é “média aritmética”. No caso da inflação, a média é outra, a ponderada. Essa conta, mais sofisticada, considera não só o quanto subiram ou desceram os preços em média. Ela também pondera se o preço que subiu ou desceu é de um produto ou serviço muito ou pouco consumido.

Por exemplo, quando a gasolina fica mais cara. Ela impacta com força a inflação por ser consumida em larga escala. Mas se uma quebra na safra de jiló (credo, jiló!), digamos, fizer seus preços dispararem, aí o impacto no índice de inflação será ínfimo - e isso mostra que, além de mim, muita gente também não come esse vegetal.

No Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o principal medidor da inflação, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conhecido como “inflação oficial”, o IPCA ganhou esse apelido por ser o índice considerado pelo Banco Central para fazer a sua política monetária – que é o nome pomposo dado por economistas ao controle da inflação.

Se uma coisa fica mais cara, não necessariamente a inflação, que é uma média, vai subir  — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Se uma coisa fica mais cara, não necessariamente a inflação, que é uma média, vai subir — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quais as causas da inflação?

Basicamente, duas: demanda e custos.

A inflação puxada pela demanda é aquela gerada quando o consumo sobe. As famílias, o governo ou as empresas, no curto prazo, aumentam seu consumo e a oferta de produtos continua a mesma. A mesma oferta para uma demanda maior representa pressão nos preços, o que empurra a inflação para cima.

Explico: como os produtos ficam mais escassos, aumenta a disposição de parte das pessoas para pagar mais caro por eles. E o produtor, que não é besta, sobe seus preços e garante maiores lucros.

É por isso que o Banco Central, quando quer que a inflação suba ou desça, altera a taxa básica de juros, a Selic. Se ela sobe, os outros juros da economia acompanham o movimento. Empréstimos e financiamentos mais caros, desestimulam as pessoas a consumir, e os preços caem, ou no mínimo se mantém sob controle. Se, ao contrário, a Selic cai, então há crédito mais barato na praça, mais consumo – e os preços sobem.

Outro fator que pode mexer a inflação via demanda é se o governo começar a imprimir dinheiro. Quem não gostaria de ter uma impressora de dinheiro em casa? Pois é, o governo tem! Com mais dinheiro em mãos, as pessoas passam a consumir mais, pressionando os preços para cima. Foi a realidade do Brasil até os anos 80 e trouxe consequências desastrosas até a década seguinte, quando os brasileiros conviviam com a hiperinflação.

Em março de 1990, em seu auge, a inflação bateu os 80% ao mês - para você ver como ninguém gosta de inflação, hoje em dia tem quem reclame dos atuais 4% ao ano…

Um exemplo comum de inflação de custo pode ser observado quando sobem os preços para o setor produtivo. Por exemplo, se a gasolina fica mais cara, você não sofre só ao andar de carro. Sobe o custo também para as empresas produzirem e transportarem seus itens pelo Brasil. E o produtor repassa parte desses custos aos preços finais. Se quiserem manter seus hábitos de consumo inalterado, as pessoas precisam pagar mais caro.

Impacto semelhante acontece também quando o dólar fica mais caro em reais. Uma série de insumos usados por empresas são importados, pagos em dólar. O trigo, por exemplo. Boa parte do que é usado nas padarias de todo o Brasil vem do exterior. Logo, se o preço do dólar em reais dispara, não é só quem está com viagem para a Disney marcada que terá problemas. Além do pãozinho, uma série de outros itens consumidos por você no dia a dia também ficará mais cara.

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