Saúde
Por , Em Colaboração para Marie Claire — São Paulo

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as brasileiras. Matam mais do que todos os tipos de cânceres somados. Diminuir a mortalidade envolve alguns desafios, entre eles corrigir a percepção errada de que os problemas do coração são tipicamente masculinos.

Um dos entraves é que as mulheres têm queixas mais difusas do que os homens para as enfermidades coronarianas, como infarto e angina. “É muito menos comum elas relatarem dor no peito”, exemplifica a cardiologista pediátrica Ieda Jatene, membro do Grupo de Estudos da Saúde da Mulher do Hcor, citando um sintoma que ganhou notoriedade até mesmo entre leigos.

Por desconhecimento e dificuldade de decifrar os sinais de alarme do corpo, é comum que elas não procurem ajuda. Muitas chegam ao cardiologista encaminhadas pelo ginecologista, quando esse profissional percebe alguma alteração em exames de rotina da paciente, como colesterol, triglicérides e pressão arterial.

“A mulher atribui os sintomas a outras causas, como a ansiedade. Em geral, elas procuram o cardiologista num ponto mais atrasado do que o homem procuraria com a mesma queixa”, aponta Jatene.

Além disso, os próprios profissionais de saúde tendem a minimizar as queixas das pacientes.

“Se um homem chegar num pronto-socorro com uma dor no peito, a probabilidade de receber o tratamento protocolado para dor torácica é muito maior do que uma mulher. Nem sempre ela vai estar com essa queixa e os médicos, muitas vezes, não estão preparados para reconhecer os sinais e sintomas delas”, atesta a cardiologista Glaucia Maria Moraes de Oliveira, presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O sexo feminino nunca foi protagonista das pesquisas que desenvolvem ferramentas para diagnóstico e tratamento de doenças. “A participação das mulheres é pequena porque a gravidez e as flutuações hormonais são ruins para os ensaios clínicos. Você não sabe o que ela sente, nem se o remédio funciona para ela. Historicamente, a gente subreconheceu e subtratou as doenças cardiovasculares das mulheres”, diz Oliveira.

Diante dos indícios a seguir, a recomendação é procurar um médico: “É claro que pode não ser nada, mas, se tiver alguma coisa, é possível tratar antes que evolua para algo grave”, diz Jatene.

Cansaço desproporcional ao esforço realizado

Imagine uma pessoa que está acostumada a fazer uma caminhada e percebe que o mesmo exercício começa a causar um cansaço extremo. A mudança no padrão pode ser desencadeada por um monte de fatores, de anemia a hipotireoidismo, só para citar exemplos comuns. No entanto, também pode ser indício de algo mais grave no sistema cardíaco.

“A doença coronária coloca a vida em risco, por isso a gente precisa investigá-la primeiro. Não é isso? Vamos ver o que pode ser”, diz Jatene.

Oliveira frisa que, se o sintoma for agudo, é necessário procurar um serviço de emergência: “Às vezes não é um cansaço, mas um infarto, uma isquemia ou uma angina que está vindo”.

Desconforto na região do tórax

Algumas mulheres referem um desconforto no peito quando fazem exercício físico ou ficam nervosas, sem caracterizar o sintoma como dor, como dizem os homens. “Elas descrevem como peso ou uma opressão no peito”, afirma Oliveira.

Na dúvida, o médico pode pedir alguns exames. Para afastar infarto e AVC no pronto-socorro, a paciente faria exames de sangue e eletrocardiogramas seriados. Para aprofundar a busca, pode-se solicitar um um teste ergométrico — aquele realizado na esteira — e o ecocardiograma, para começar.

Sensação de desânimo e de fraqueza sem explicação

Num cenário normal, a quantidade de sangue que o músculo do coração bombeia é suficiente para atender as necessidades do corpo. Quando a pessoa corre, carrega peso ou se estressa, o coração precisa trabalhar um pouco mais.

No entanto, caso uma artéria esteja entupida, o sangue não consegue fluir como deveria para suprir os músculos, e a pessoa sente sintomas como fraqueza e falta de ânimo.

Palpitação

Em uma situação de atividade física ou de stress, a pessoa sente uma batedeira desproporcional no peito. Muitas vezes isso se mostra no teste ergométrico. “O esforço aumenta a frequência do coração e aparecem batimentos fora do ritmo normal que são sugestivos de alguma dificuldade de irrigação do músculo cardíaco”, diz Jatene.

Esse sintoma também está ligado à ansiedade e à depressão, distúrbios duas vezes mais prevalentes no sexo feminino e associados às doenças cardiovasculares.

Falta de ar

Diversas condições, como asma, bronquite, pneumonia e enfisema, causam falta de ar. Mas as doenças coronárias também podem manifestar o sintoma, que os médicos chamam de dispneia. “Às vezes é apenas uma sensação de falta de ar”, atesta Oliveira.

É comum que tanto as pacientes quanto os profissionais de saúde atribuam a queixa a um problema psíquico, sem investigar causas físicas. Um teste ergométrico, um ecocardiograma e exames de sangue podem ser suficientes para descartar qualquer anomalia cardíaca. “Se ela não tiver nenhum problema que a coloque em risco, o médico pode sugerir prática de atividade física, medicação e acompanhamento psicológico”, diz Jatene.

Fatores de risco

A incidência de doenças cardiológicas está relacionada a fatores de risco conhecidos pela ciência: hipertensão, colesterol alto, diabetes, sedentarismo, obesidade, stress, tabagismo, alcoolismo, alterações de sono e idade.

A mulher reúne ainda algumas especificidades relacionadas ao gênero, como os hormônios, o menor acesso ao serviço de saúde e a pior condição socioeconômica. Segundo a professora da UFRJ, as calculadoras de risco cardiovascular foram desenhadas para homens e, por isso, não se aplicam no caso delas. Para o sexo feminino, esses sistemas deveriam levar em conta, por exemplo, a gestação.

“A gravidez é uma janela de oportunidade para saber o que vai acontecer no futuro. Se uma mulher teve diabetes gestacional, ela tem sete vezes mais chance de desenvolver diabetes no futuro. Se ela teve hipertensão [uma condição conhecida como eclâmpsia e pré-eclâmpsia], tem mais probabilidade de ter hipertensão arterial, insuficiência cardíaca ou fibrilação atrial”, afirma Oliveira.

Quando o período reprodutivo acaba, cai a produção de hormônios femininos, como o estrógeno e a progesterona, que têm efeito protetor contra males do coração.

Oliveira frisa que o sexo feminino precisa ser protagonista da própria história: “A mulher tem dupla tem dupla ou tripla jornada. Se ela não acha que o que ela tem é importante, posterga a busca pelo sistema de saúde. Ela precisa se colocar no centro do próprio cuidado”.

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