Saúde

Por Marcella Centofanti, Colaboração Para Marie Claire — São Paulo

A ex-youtuber Jout Jout, que está afastada das redes sociais, voltou a ser assunto na semana passada, quando a internet ficou sabendo que ela deu à luz em março deste ano. A notícia, compartilhada por sua mãe no Instagram, surpreendeu os fãs pelo local do parto: na casa da família em São Pedro da Serra, no Rio de Janeiro.

Jout Jout virou trending topic no Twitter. Ao lado de mensagens de felicitações, não faltaram também críticas sobre a escolha da ex-youtuber. No entanto, duas especialistas ouvidas por Marie Claire atestam que o parto domiciliar é uma escolha segura para a mãe o bebê.

Opção referendada pela OMS

“O parto domiciliar é reconhecido e aconselhado pela OMS como medida de saúde pública”, diz a médica obstetra Juliana Giordano, que tem doutorado em saúde perinatal pela Unicamp e é diretora da Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras.

Ter um filho em casa é uma política de saúde pública na Inglaterra, por exemplo. No país, o parto domiciliar é a primeira opção do questionário que as gestantes preenchem durante o pré-natal.

Segundo o Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica (Nice, na sigla em inglês), cujas recomendações baseadas em evidências norteiam o sistema inglês, o parto domiciliar ou em uma unidade liderada por parteiras é particularmente adequado para grávidas multíparas (que já tiveram um filho) de baixo risco.

“A taxa de intervenções é menor e o resultado para o bebê não é diferente em comparação com uma unidade obstétrica”, informa o Nice.

Juliana Giordano aponta que nenhuma opção é isenta de riscos: “Sempre existe uma chance de complicação, tanto no hospital quanto em casa, por mais que você tenha a melhor conduta baseada em evidências e uma equipe preparada”.

Segundo ela, as principais complicações do procedimento são as hemorragias puerperais, que podem acontecer em 1 a 2% dos casos.

“Nesse tipo de intercorrência, quanto mais rápido o atendimento, melhor. No ambiente domiciliar, os profissionais conseguem agir com mais agilidade nas medidas iniciais, porque o material está à mão. No hospital, a equipe técnica precisa sair da sala de parto, pegar a medicação e voltar, um tempo que faz a diferença nesse caso”, diz a médica.

Preconceito no Brasil

A despeito dos dados científicos e do reconhecimento internacional, no Brasil ainda há resistência e preconceito em relação ao parto domiciliar, a começar pela classe médica.

“O corporativismo persegue esse tipo de atendimento. A função do médico no parto deveria ser tratar somente os episódios graves. Em 80% dos casos, a obstetrícia é um processo fisiológico. O médico deveria ficar na salinha do lado, à disposição caso uma coisa acontecesse, para atuar quando necessário, o que não é o padrão no Brasil”, afirma a diretora da Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras.

“Eu brinco que esse é o parto de princesa. Nenhum médico tocou nas princesas inglesas. Elas foram acompanhadas do começo do pré-natal até o nascimento do bebê somente por enfermeiras obstetras. Esse é o padrão sueco, australiano e da maioria dos países desenvolvidos", diz.

Critérios elegíveis para um parto domiciliar

No Brasil, onde não há uma política pública estabelecida para regulamentar o parto domiciliar, a escolha de parir em casa ou no hospital baseia-se na avaliação do risco realizado durante o pré-natal.

Os profissionais responsáveis pelo parto em casa devem ser capacitados para identificar os fatores de risco ao longo da gestação e fazer uma indicação cuidadosa.

“É fundamental que a equipe esteja familiarizada com o histórico da gravidez, os exames realizados e a saúde geral da mulher e do bebê para avaliar se o parto domiciliar é uma opção segura”, diz a enfermeira obstétrica Roselane Gonçalves, professora doutora do curso de obstetrícia da Universidade de São Paulo (USP).

O ideal é que a gestante comece a ser acompanhada pela equipe que vai conduzir o parto a partir da 16ª semana de gestação, realizando consultas regulares.

De acordo com a enfermeira obstétrica, alguns critérios que indicam a necessidade de um procedimento hospitalar incluem pressão alta durante a gestação, diabetes (gestacional ou não), gravidez gemelar, parto prematuro, herpes genital ativo, cesárea anterior e sorologia positiva para HIV.

Vínculo de confiança

Durante o pré-natal, a equipe de parto domiciliar estabelece um vínculo de confiança com a gestante e sua família. É um momento de diálogo e acompanhamento constante para esclarecer dúvidas, entender as preferências da gestante e prepará-la para possíveis desdobramentos no grande dia.

Durante o chamado trabalho de parto ativo, os profissionais devem estar presentes o tempo todo. “É essencial que a equipe seja capacitada para monitorar a mãe e o bebê constantemente. Como o bebê não está visível, o batimento cardíaco fetal é um dos principais indicadores de possíveis intercorrências”, aponta a professora da USP.

Caso qualquer sinal de risco seja detectado, a equipe deve estar pronta para uma possível transferência para um hospital. “O parto domiciliar é uma atividade que exige o acompanhamento de profissionais experientes”, diz Roselane Gonçalves.

A presença de pelo menos duas pessoas capacitadas — enfermeiro obstetra, obstetriz ou médica — é fundamental, pois tanto a mãe quanto o bebê podem precisar de cuidados simultâneos.

Os profissionais devem estar equipados com materiais de emergência, como oxigênio, ventilador com máscara e medicamentos, a fim de garantir a segurança e o atendimento adequado em caso de necessidade.

Planejamento do parto e pós-parto

Durante o pré-natal, a gestante realiza um plano de parto, no qual são determinadas suas preferências e decisões quanto ao procedimento — em que local ela quer dar à luz e quem poderá estar presente no dia, por exemplo?

Além disso, fica estabelecido um hospital de referência em caso de transferência. O local deve estar localizado de 15 a 30 minutos da residência, a depender do protocolo.

Após o parto, o recém-nascido precisa receber vacinas e passar por exames de triagem neonatal, que incluem testes do pezinho, olhinho, coraçãozinho e orelhinha. A maioria dos procedimentos precisará ser realizada em instituições de saúde.

“O parto domiciliar é mal visto socialmente no Brasil como se fosse uma escolha louca e insegura. No entanto, tendo uma equipe técnica com dois profissionais, com todo o material e com todo o preparo para as intercorrências em ambientes domiciliares, com um plano de transferência montado e alinhado com uma equipe que aguarde no hospital caso seja necessária uma transferência, os riscos são iguais ou até mais baixos do que em um parto hospitalar”, afirma Juliana Giordano.

O que diz a Febrasgo

A Febrasgo, que representa as associações de ginecologia e obstetrícia do Brasil, afirma, em nota, que é "completamente contrária a qualquer tipo de parto domiciliar". Diz o texto:

"Entende-se que o parto deva ocorrer em ambiente hospitalar e devidamente acompanhado e conduzido por uma equipe multidisciplinar especializada, o que reduz riscos de mortalidade materna e do bebê. O mesmo cenário não é garantido com a condução de um parto não-assistido.

Sobre o local de assistência ao parto, a Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal (2022), do Ministério da Saúde, informa:

Gestantes de risco habitual devem ser informadas que o planejamento do parto no domicílio não é recomendado, tendo em vista o maior risco de mortalidade perinatal.

Gestantes de risco habitual que optarem pelo parto em Centro de Parto Normal (extra, peri ou intra-hospitalar), se disponível na sua área de abrangência ou próximos dessa, devem ser apoiadas em sua decisão.

O local do parto deve dispor de condições para atendimento imediato de intercorrências e complicações do parto, estando inserido em sistema de transferência eficaz, rápido e seguro para os casos de necessidade de intervenções cirúrgicas ou cuidados intensivos, para a mãe ou para o recém-nascido."

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