Saúde

Por Dóris Marinho, Colaboração Para Marie Claire — São Paulo

As dores crônicas da fibromialgia sempre estiveram presentes na vida da farmacêutica Lívia Teixeira, de 33 anos. Ela experimentou diversos tratamentos, mas foi no uso da maconha medicinal que encontrou alívio para os sintomas.

A fibromialgia é uma doença de caráter crônico que acomete, principalmente, mulheres. Além da dor persistente e generalizada, a condição é conhecida por ocasionar transtornos de humor, sono de má qualidade, dormências migratórias, dificuldade de concentração, alterações no intestino, fadiga, entre outros.

No caso de Lívia, alguns destes incômodos a acompanham desde a infância. “Eu vivia em prontos-socorros. Por muito tempo, achei que sentir dor era algo natural, inerente ao ser humano. Apenas na faculdade entendi que nem todos compartilhavam dessa vivência”, relata a paulista.

“O ano era 2011 e pouco se falava sobre o assunto, nenhum médico sabia o que era fibromialgia. Como sou da área da saúde, comecei a estudar e fiz, praticamente, um autodiagnóstico. Só tive a validação mais tarde, no doutorado, graças à minha orientadora, que era médica e entendia muito sobre a doença”, recorda.

Marcella Andrade, reumatologista e diretora médica da Clínica Immunis Reumatologia Integrada, ressalta o impacto que o diagnóstico tardio pode ter na vida de pessoas com fibromialgia: “Devido à presença de dor constante, o paciente, em geral, acaba se restringindo de atividades laborativas e de convívio social”.

“Com o passar do tempo, esses sintomas vão se agravando como uma ‘bola de neve’: atrapalham a rotina, o sono e o emocional e, com essas esferas em mau funcionamento, a dor também se intensifica. Então, é comum encontrarmos pacientes que ganham peso e outras comorbidades por não conseguirem fazer atividade física, dormir bem ou até pela presença da própria ansiedade, por exemplo”, alerta a médica.

Com o objetivo de contornar estes obstáculos e melhorar sua qualidade de vida, Lívia passou a buscar, de forma independente, alternativas para o tratamento da fibromialgia. “Me informei sobre mudanças no estilo de vida, alimentação antiinflamatória, cuidados com o intestino, com o sono. Cheguei até a usar medicação, mas não foi bom para mim, me trouxe muitos efeitos colaterais”, conta ela.

Ainda no processo de entender a doença e seus percalços, a farmacêutica criou o projeto De Bem Com a Fibro, voltado para pessoas com fibromialgia.

“Tive essa vontade de compartilhar tudo o que eu estava pesquisando. Então, quando a Anvisa liberou o canabidiol, medicamento derivado da cannabis, fui bombardeada com perguntas sobre isso. Decidi experimentar o tratamento e percebi um ganho grande no meu bem-estar”, afirma.

Tratamento com cannabis medicinal

O tratamento da fibromialgia geralmente é multidisciplinar — ou seja, envolve diversas especialidades médicas, como reumatologia, psicologia, fisioterapia, entre outras, dependendo das especificidades de cada paciente.

Segundo Andrade, a cannabis medicinal pode ser indicada como alternativa para pessoas que não respondem bem a esta abordagem convencional. “É um recurso terapêutico promissor porque auxilia em diversos sintomas que os pacientes com fibromialgia relatam, como o sono não reparador, a fadiga e os transtornos de humor, além de, obviamente, aliviar a dor crônica”, esclarece a médica.

Lívia conta que, de fato, recorrer à substância fez toda a diferença: “Por que usar um remédio diferente para cada sintoma da fibromialgia se existe um tratamento capaz de equilibrar todos os seus sistemas? Melhora o sono, o intestino, o sistema imunológico. Na minha experiência, o uso da cannabis medicinal é incomparável e tem pouquíssimos efeitos colaterais. Eu nunca tinha encontrado nada tão eficaz para o controle da dor”.

Como usar a medicação

Para Lívia, o tratamento com cannabis medicinal é um divisor de águas no manejo da fibromialgia: “Ele chega como uma esperança para os portadores da doença, que têm pouquíssimas opções realmente eficazes”.

Contudo, a farmacêutica faz questão de destacar a importância de ter um acompanhamento médico durante todo o processo. “Existem vários canabinóides, várias dosagens, vários ajustes para melhorar a absorção. Portanto, é fundamental contar com a orientação de um médico especializado”, aconselha.

Andrade reforça que a medicação só pode ser utilizada com prescrição médica: “A cannabis medicinal costuma ser prescrita na forma de óleo e, desde a autorização da Anvisa, pode ser importada ou comprada em farmácias. Nesse último caso, é necessária a prescrição na receita azul”.

Ainda segundo a médica reumatologista, as doses e as propriedades dos produtos devem ser indicadas após uma avaliação individual, levando em consideração as características clínicas de cada paciente. “Devemos lembrar também que, apesar de ser derivado de planta, o medicamento pode ter efeitos colaterais e algumas contraindicações”, ressalta.

Estigmas e preconceito

Embora venha ganhando destaque nos últimos anos, a fibromialgia ainda é cercada por incontáveis estigmas. “Um grande mal-entendido, que é extremamente desrespeitoso, é quando os familiares, amigos e, muitas vezes, até os médicos, não acreditam nos sintomas e no sofrimento desses pacientes”, aponta a reumatologista.

O mesmo acontece com o uso da cannabis medicinal no tratamento da doença, que, até hoje, enfrenta certa resistência. “Por ser algo mais novo e com estudos controversos, muitos médicos não são favoráveis à sua prescrição nesse contexto”, alega Andrade.

Lívia, que sente na pele os benefícios da substância, defende a conscientização e a desconstrução dos tabus em torno do assunto: “O ser humano já se relaciona há muito tempo com essa planta, que foi proibida por um conservadorismo recente. É urgente regulamentar e facilitar o acesso ao medicamento”.

“O tratamento com cannabis medicinal é sabidamente eficaz e pode salvar vidas. Por falta de leis e definições, as pessoas se sentem muito inseguras. Então, é um processo de educação mesmo”, ela acrescenta.

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