O climatério representa um divisor de águas na vida de toda mulher. Ele marca a transição entre o período reprodutivo e a menopausa — última menstruação espontânea — e vem acompanhado de diversas alterações hormonais significativas. Sem o devido acompanhamento, esta fase pode repercutir no bem-estar mental das mulheres e evoluir gradualmente para um quadro de depressão.
Foi o que aconteceu com a psicóloga Sonia Tupinambá, de 68 anos. Ela conta que, por muito tempo, não associou os sintomas experienciados à chegada da menopausa: “Eu sofria bastante com cansaço extremo, falta de energia e disposição, depressão e aumento de peso. Porém, achava que era só um momento ruim e que um dia iria passar”.
Na tentativa de recuperar sua qualidade de vida, Sonia chegou a recorrer ao uso de medicamentos antidepressivos. “Os médicos que me acompanhavam me receitaram calmantes, florais, tomei até tarja preta, mas eram paliativos. Lembro da minha mãe e da minha avó sofrendo com isso e pensava que agora seria a minha vez, não tinha como escapar”, recorda-se a aposentada.
O equívoco, infelizmente, é comum nesta etapa da vida. Além das oscilações hormonais, vários fatores psicossociais podem contribuir para o surgimento de episódios depressivos na maturidade. Dentre eles, destacam-se os reflexos do envelhecimento em si e a desvalorização estética do corpo da mulher mais velha perante a sociedade.
No caso de Sonia, uma feliz coincidência transformou o rumo da história: sua filha é a médica ginecologista Beatriz Tupinambá, que se aprofundou no assunto justamente para tratar os sintomas da mãe e, hoje, é especialista em climatério e menopausa.
“São muitos desafios nos cuidados da menopausa, porque os sintomas variam de mulher para mulher. O problema é que, normalmente, as pessoas vão associando todos eles à vida que estão levando, como a rotina corrida e estressante e o processo de envelhecimento”, afirma Beatriz.
Ela ressalta, ainda, os perigos de negligenciar o climatério e a menopausa: “Quanto mais cedo se inicia o tratamento, menores são as chances de desenvolver outras doenças características da terceira idade, como Alzheimer, osteoporose e doenças cardiovasculares”.
Impacto do tratamento adequado
De acordo com a ginecologista, o tratamento da menopausa deve aliar a terapia de reposição hormonal à adoção de hábitos saudáveis: “Não basta focar apenas nos hormônios que estão em falta, mas no corpo da mulher como um todo. É preciso cuidar do sono, da alimentação, da libido, da saúde mental, da disposição, entre outros pontos”.
Para Sonia, este foi o primeiro passo em direção a uma vida em equilíbrio com os efeitos da menopausa. “No início, o que mais me ajudou foi a higiene do sono, passei a dormir como criança. Além disso, tirei todos os alimentos inflamatórios da minha alimentação. Desde então, perdi 25 quilos, comecei a tomar suplementos e os hormônios bioidênticos [similares aos produzidos pelo próprio corpo]”, relata a psicóloga.
Ela conta que, em poucos meses de tratamento, conseguiu se libertar dos antidepressivos e de outras substâncias: “Eu usava várias medicações de pressão, anticoagulantes, precisei fazer até cateterismo. Hoje, recebi alta do cardiologista e não uso mais nada além dos meus suplementos e hormônios”.
Foco e determinação
Compreender o impacto da menopausa em seu dia a dia e a importância de suas escolhas nesta fase da vida fez toda a diferença no processo de cura de Sonia. “Não tenho mais nenhum sintoma da menopausa! Estou com 68 anos, me alimento bem, como meu chocolate de vez em quando, durmo a noite toda, faço atividade física, mesmo sem gostar, porque sei o quanto é importante. Tenho três netos e quero conhecer meus bisnetos cheia de saúde”, celebra a psicóloga.
Para Beatriz — que, além de ginecologista, é professora de pós-graduação em ginecologia endócrina e idealizadora do Método Ressignifique o Climatério e a Menopausa —, o sucesso do tratamento está atrelado também ao esforço e à determinação da paciente.
“Não foi simplesmente uma terapia de reposição hormonal ou apenas uma suplementação. Mas sim a determinação, o foco e a força de vontade dela de fazer toda a mudança sugerida no meu método. É ter um compromisso diário com a nossa saúde”, destaca a médica.