Saúde

Por Jaquelini Cornachioni, redação Marie Claire — São Paulo

Carla Borges Bertin já era mãe de um menino de 10 anos quando Gabriel nasceu para alegrar ainda mais a família. “Era uma criança doce, fofa. O Gabriel não procurava os amiguinhos para brincar, mas o que chamou mesmo a nossa atenção foi o atraso na fala”, comenta a advogada, que buscou um neuropediatra assim que notou o comportamento do filho.

O diagnóstico de TEA (transtorno do espectro autista) se tornou uma realidade no dia 2 de abril de 2014. “Depois da consulta, voltei para casa com uma convicção: eu não entendia nada sobre autismo e precisava estar ali por ele.”

Ao lado do marido, José Carlos Bertin Júnior, ela começou uma saga para entender mais sobre autismo. Pouco tempo depois, Gabriel deu início às terapias semanais, e adaptações na casa foram feitas, como um espaço para brincadeiras educativas que estimulam o aprendizado.

“O diagnóstico de autismo é como entrar em uma casa mal assombrada. Você não tem a menor ideia do que vai acontecer lá dentro e acaba se assustando, mas, se você tem conhecimento, essa casa passa a ter luz. Então, mesmo que uma coisa ou outra seja difícil de encarar, é possível identificar o que está havendo. Por isso estudar foi tão importante. Eu e meu marido passamos meses trocando links, buscando livros em bibliotecas, ficávamos a madrugada inteira conversando sobre o que cada um tinha aprendido”, relembra Carla.

Mas tudo mudou para a advogada quando, na sala de espera da terapia, uma assistente social informou que ela poderia comprar um carro com isenção de IPI, já que o autismo é considerado uma deficiência. Focada no desenvolvimento de Gabriel, Carla conta que não havia pensado nos direitos que o filho tinha enquanto criança autista.

Ao procurar sobre isso no Google, uma decepção: “Muitas informações não levavam a nada. Era sempre assim: 'O autista tem direito a tal coisa, procure um advogado'. Foi aí que pensei: 'Bem, sou advogada, eu mesma vou resolver’. O que mais me incomodou foi pensar em quem não teria dinheiro para pagar um advogado. De que forma essas pessoas teriam acesso aos seus direitos?”, questiona.

Dra Carla Bertin e o filho, Gabriel, de 12 anos, diagnosticado com autismo aos 3 — Foto: Reprodução / Instagram
Dra Carla Bertin e o filho, Gabriel, de 12 anos, diagnosticado com autismo aos 3 — Foto: Reprodução / Instagram

Acesso à informação para todos

Apesar de nunca ter trabalhado com nenhuma causa ligada à deficiência, Carla mergulhou no tema, até que teve uma ideia. “Estava na igreja quando pensei nisso. Virei para o meu marido, cochichando, e disse: ‘E se fizermos um site explicando para os pais como eles conseguem exercer os direitos dos filhos, com todas as ferramentas para aquelas pessoas que não têm como pagar um advogado?'.”

Em 2018, poucos meses depois de ter a ideia, nasceu o Autismo Legal, com conteúdo pensado e escrito por Carla. O marido ajudou na programação do site. “Temos artigos sobre planos de saúde, SUS, transporte e benefícios sociais.”

Hoje, a rede social do projeto conta com mais de 200 mil seguidores, e o site tem informações completas e atualizadas em relação aos direitos do autista. “Nunca imaginei que minha ideia se tornaria o que é hoje. Tem muitas famílias em situação de vulnerabilidade sem condição de pagar advogados. Se, para mim, que sou formada em direito, era difícil entender, imagina para quem não é acostumado a tanta burocracia. O Autismo Legal é como um filho mais novo, tenho muito carinho por ele, mas dá trabalho”, revela.

No site, é possível encontrar passo a passo para conseguir medicações gratuita, orientações sobre educação, redução da carga horário de trabalho para pais de crianças diagnosticadas com TEA, entre outras coisas.

“Posso não ser a melhor advogada para pessoas autistas, mas sou didática. As pessoas se sentem à vontade para fazer perguntas, tirar dúvidas”, diz Carla, que faz atendimentos exclusivos para as famílias. Outra novidade da plataforma, que também existe em formato de app, é um guia sobre o TEA com brincadeiras dirigidas e um conteúdo específico para cada criança. O programa, chamado Mapa do Desenvolvimento Infantil, foi montado com ajuda de inteligência virtual e 40 profissionais, que fizeram o trabalho de forma voluntária.

“70% do que eu faço é voluntário, e são as consultorias que pagam as contas. O meu trabalho com o Autismo Legal tem muito a ver com o juramento que fiz ao me formar: justiça social. O que faço é democratizar o direito, e isso não é frescura, é necessário”, fala.

'Nosso papel como pais é criar as melhores condições'

Carla conta que, ao descobrir o diagnóstico, não pensava até onde Gabriel chegaria. “Quando ele tinha três anos, não pensava se ele seria alfabetizado. Era sempre um passo de cada vez. Lembro de um dia que o meu marido estava quieto, e perguntei o que estava acontecendo. Ele me questionou: ‘Será que um dia vou falar sobre futebol com o Gabriel, sobre namoro, faculdade?’. E eu disse: ‘Não sei até onde ele pode chegar, mas nosso papel como pais é criar as melhores condições para que ele chegue ao limite dele.”

Desde então, a frase se tornou o lema da casa. A advogada conta com felicidade que, hoje, a família vê filmes junta, e o filho tem até mesmo uma paquera na escola em que estuda. “Quando descobrimos, não esperávamos, mas tem sido incrível ensinar e aprender com ele. Sou uma pessoa muito melhor por conta do Gabriel.”

Dra Carla Bertin é advogada e criou o Autismo Legal para democratizar informações relacionadas aos direitos das crianças autistas — Foto: Reprodução / Instagram
Dra Carla Bertin é advogada e criou o Autismo Legal para democratizar informações relacionadas aos direitos das crianças autistas — Foto: Reprodução / Instagram
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