Cultura
Por , redação Marie Claire — São Paulo

“Está começando mais um Rádio Novelo Apresenta. Eu sou a Branca Vianna”, diz a voz da podcaster ao abrir cada novo episódio de uma das produções mais ouvidas nas plataformas digitais. Inspirado em um programa de rádio norte-americano, This American Life, o Rádio Novelo Apresenta traz semanalmente histórias que se complementam, esmiuçadas a partir de um tema central.

Só que após contar tantas histórias dos outros, Branca Vianna decidiu que era hora de olhar para seu próprio passado. Nos episódios “Mexendo no Vespeiro” e “O Visconde”, ela procurou não apenas revisitar a sua origem, mas também incitar à reflexão. A ideia era partir da história da sua família para propor um debate sobre a origem das elites econômicas, políticas e intelectuais do país.

Nos episódios, ela conta que um de seus antepassados, o Visconde do Rio Preto, se tornou um magnata no século XIX, com uma fortuna ancorada na produção de café em suas inúmeras fazendas no interior de Minas Gerais, onde a mão-de-obra escrava era a força motriz. Ao morrer, deixou como parte de sua herança a posse de 1280 escravizados.

“Entendo meu lugar de privilégio, e por isso algo que eu e meus familiares queríamos conversar sobre. Eu e uma prima norte-americana começamos a discutir sobre isso lá em meados de 2016, durante a campanha eleitoral do Trump. Ele tinha fala racistas, xenofóbicas e machistas e falava com a maior tranquilidade, como se não fosse nada. Fiquei horrorizada”, revela.

Segundo ela, foram essas conversas que criaram a vontade de investigar o próprio passado. “Nunca vimos uma família vinda dessa herança escravocrata falando. E senti a necessidade de falar sobre. Eu não sou responsável pelo que aconteceu, mas tenho que trazer esse debate a tona, porque o racismo continua aí”, pontua.

Após os episódios irem ao ar, Branca revela que recebeu uma enxurrada de e-mails, e teve o cuidado de responder um por um. “Algumas mensagens eram de pessoas falando terem o passado parecido, outras falando que os antepassados foram escravizados. Foram e-mails que senti que foram difíceis de serem escritos e eu levava tempo para ouvir, absorver e responder cada um deles”, pontua.

“Não vou falar que não recebi nenhum comentário maldoso, pois seria mentira. Mas, quando se trabalha com internet, isso acaba acontecendo de uma maneira ou de outra”, diz.

Escutar para entender

Branca Vianna recorda que desde pequena cultiva uma relação muito próxima com o ato de ouvir, já que sempre esteve ouvindo música ou audiobooks em seu walkman, diskman e, mais recentemente, os reprodutores de mp3 e celulares.

“Antes mesmo de surgir o iPod, eu tinha um aparelho tipo aqueles mp3 em que baixava podcasts para ficar ouvindo. Gostava porque sempre fui curiosa e também porque aprendi mais as gírias e sotaques de vários lugares do mundo”, conta.

Quando se formou em Letras, Branca Vianna começou a trabalhar com tradução simultânea. Foram mais de 25 anos empregada por grandes empresas, atividade que a levou a se tornar professora na PUC-Rio. “Acho que quando você fica muito anos fazendo o mesmo, acaba ficando cansada daquilo, foi então que decidi mudar”, continua.

Ao criar a Rádio Novelo, Vianna estreou com um caso antigo e emblemático na discussão dos direitos das mulheres. Nos anos 1970, o assassinato da socialite Ângela Diniz pelas mãos de seu até então namorado, Doca Street, gerou um debate que permanece até hoje. Para isso contou com a ajuda da jornalista Paula Scarpin e da pesquisadora e tradutora Flora Thomson-DeVeaux, que são suas parceiras em boa parte das produções da Novelo.

Branca Vianna — Foto: Reprodução/Instagram
Branca Vianna — Foto: Reprodução/Instagram

“Retrataram Ângela Diniz como culpada pela própria morte. O ‘Praia dos Ossos’ tinha como objetivo não falar do crime em si, mas do machismo do julgamento e dos protestos feministas que cobravam justiça por Ângela”, completa. Foram quase seis meses de pesquisa e dois anos de produção. Quando estreou em 2020, foi um tremendo sucesso, o que tornou possível novos projetos, como o Tempo Quente, Maria Vai Com as Outras e o Rádio Novelo Apresenta, que hoje é um dos podcasts mais ouvidos do país.

“Cada episódio demora mais ou menos umas três semanas para ficar pronto, às vezes mais. Nossa equipe está sempre trabalhando procurando histórias, apurando ou produzindo para séries maiores”, explica ela que se mostra orgulhosa com a repercussão dos relatos que conta. "O que sei é que eu e minha equipe estamos fazendo um trabalho bem feito, e é isso que importa", diz orgulhosa.

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