Alguns lugares têm alma e esse é o caso do Hotel Faena. Sua ambientação reflete o espírito sedutor, intenso e um tanto irônico da cidade de Buenos Aires. De cara, logo na entrada, um corredor com um longo tapete vermelho e um pé-direito imponente, de 10 metros de altura, com janelas e cortinas de veludo douradas, fazem com que os hóspedes se envolvam numa atmosfera dramática e luxuosa.
Tudo ali remete aos tempos de ouro da capital argentina, época da Belle Époque, no auge de seu poder econômico, no princípio do século passado. É preciso dizer que demora um pouco para se acostumar com essa atmosfera teatral. Por outro lado, assim que você entende a proposta, se sente automaticamente abrigado e acolhido.
Fundado pelo empresário argentino Alan Faena, há 18 anos, o hotel consumiu na época cerca de US$ 40 milhões na reforma de suas instalações, no coração do Puerto Madero. Ali, funcionava um antigo armazém de grãos, com fachada de tijolinhos ingleses, erguido em 1902, antes de virar um dos mais requisitados hotéis de charme da cidade.
A arquitetura de interior é do designer Philippe Starck (o primeiro projeto da América Latina assinado inteiramente pelo francês), com linhas contemporâneas e elegantes, aliadas a detalhes surreais e um tanto excêntricos. E a ideia de Alan Faena para o projeto dos ambientes foi a de recriar cômodos de uma mansão.
A novidade agora é que o Faena deve inaugurar uma unidade em São Paulo (ele já tem um hotel em Miami). Será na região da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em uma associação da rede com a incorporadora e construtora Even.
No hotel argentino, o café é servido num restaurante que faz lembrar uma cozinha do início do século, com forno de barro típico, mesas pesadas de madeira e piso de cerâmica. Fotos de ícones do cinema e da política argentina dos anos 1940 decoram as paredes, enquanto as cristaleiras são enfeitadas com louças vintage, cristais e bibelôs.
A música acompanha a decoração e reforça a atmosfera latina com grandes nomes da música nacional. No terraço, há estrutura para fazer assados ao ar livre e domingo o hotel oferece um brunch, que inclui a tradicional parrilla, o famoso churrasco argentino.
No bar do lobby, chamado Library Lounge, a ideia foi montar uma biblioteca, fazendo as vezes de uma agradável sala de leitura. Um piano de cauda, completa o décor. Enquanto o restaurante principal funciona como uma sala de jantar fora do comum. Por ali, tudo é branco: mesas, cadeiras, tapetes e até as cabeças de unicórnios que decoram as paredes. Os lustres são de cristal. Normalmente, o hotel traz grandes cozinheiros da cidade para servir o menu por ali, numa espécie de pop-up gastronômica.
Lá fora, uma piscina quentinha, no tom azul-claro, contrasta com os ombrelones vermelhos e com a escultura de uma coroa dourada.