Rita Serrano é demitida por Lula da presidência da Caixa Econômica Federal; substituto tem apoio de Lira

Quarta mulher a assumir presidência do banco, Rita cai para acomodar o bloco do Centrão dentro do Governo Lula em troca de mais apoio no Congresso

Por Redação Marie Claire


Rita Serrano é demitida da presidência da Caixa Econômica Federal — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A economista Rita Serrano foi demitida nesta quarta-feira (25) da presidência da Caixa Econômica Federal (CEF). Ela será substituída pelo economista e servidor Carlos Vieira Fernandes, que ocupou cargos de confiança em ministérios comandados por partidos do Centrão.

"Serrano cumpriu na sua gestão uma missão importante de recuperação da gestão e cultura interna da Caixa Econômica Federal, com a valorização do corpo de funcionários e retomada do papel do banco em diversas políticas sociais, ao mesmo tempo aumentando sua eficiência e rentabilidade, ampliando os financiamentos para habitação, infraestrutura e agronegócio", afirma trecho da nota oficial emitida à imprensa pelo governo.

A demissão de Rita acontece meses após incertezas diante da dança das cadeiras promovida dentro do governo Lula para acomodar o Centrão. Em troca, o Governo Federal espera ter mais apoio no Congresso.

Carlos Fernandes tem apoio de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. Foi diretor da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), o fundo de pensão da Caixa, de 2016 a 2019. Foi ainda secretário-executivo dos ministérios das Cidades e da Integração Nacional no governo de Dilma Rousseff (PT).

Rita é funcionária de carreira da Caixa desde 1989, e foi anunciada como presidente do banco em dezembro, pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT-SP). Desde 2014, atuava no Conselho de Administração. Ela foi a 4ª presidenta mulher da instituição.

O Centrão também busca indicar substitutos para os cargos de vice-presidência da Caixa, o que deve ser discutido ao longo da semana entre Lira e o presidente Lula. Além da CEF, o Centrão reivindicava o comando da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e dos Correios.

Nos últimos meses, houve substituições também na Esplanada dos Ministérios. Duas ministras mulheres saíram de pastas para acomodar o Centrão: Daniela Carneiro (UNIÃO-RJ), que em junho foi substituída por Celso Sabino de Oliveira (UNIÃO-PA) no Turismo; e Ana Moser, que em setembro deu lugar ao deputado federal André Fufuca (PP-MA).

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Com a presença de Rita na presidência, aumentou a participação de mulheres em comitês administrativos da CEF. Além disso, sua gestão retomou o programa Minha Casa, Minha Vida, além do programa Mulheres de Favela e a inauguração de mais de 70 Salas das Cidades e Estados.

Rita foi sucessora do ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães, que pediu demissão em junho de 2022 depois de ser acusado de assédio sexual e moral – crimes pelo qual se tornou réu em março deste ano. Rita Serrano foi uma das mulheres a participar da frente de exposição e contra os assédios em suas redes sociais.

"Não vamos nos calar! Hoje foi dia de debater os casos de assédio sexual no mundo do trabalho. Me encontrei com importantes nomes, na Câmara dos Deputados, para conversar sobre o tema e também sobre as denúncias de assédio que foram atribuídas ao ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães", publicou em suas redes sociais em agosto de 2022.

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