Tarciana Medeiros torna-se primeira mulher a presidir o Banco do Brasil: 'Diversidade fará parte da gestão'

Servidora com mais de 20 anos de carreira no banco, é também a primeira mulher negra e lésbica no cargo. Em seu discurso de posse, prometeu fomento ao crédito rural com destaque à agricultura familiar, apoio ao empreendedorismo, educação e inclusão financeira, sustentabilidade ambiental e transformação digital

Por Redação Marie Claire


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado de Tarciana Medeiros durante sua cerimônia de posse como nova presidente do Banco do Brasil — Foto: Getty Images

Pela primeira vez em 214 anos, o Banco do Brasil será presidido por uma mulher: a administradora Tarciana Medeiros, pós-graduada em Administração e Marketing e em Liderança, Inovação e Gestão. É também a primeira mulher negra e lésbica a assumir o cargo. A cerimônia de posse ocorreu nesta segunda-feira (16), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama, Janja da Silva, e a ministra da Cultura, Margareth Menezes.

A administradora substitui Fausto de Andrade Ribeiro, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e exonerado nesta segunda. Até então, Tarciana era gerente executiva na Diretoria de Clientes do Banco do Brasil. Antes, foi superintendente comercial da BB Seguridade, subsidiária do banco.

Nascida em Campina Grande, Paraíba, iniciou a carreira profissional como feirante em 1988. Foi professora por dois anos e iniciou a carreira no Banco do Brasil em 2000. Ocupou diversos cargos ao longo de mais de duas décadas na instituição, na rede varejo, em agências e superintendências, nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

Foi responsável pelo desenvolvimento de estratégias para distribuição de produtos ligados principalmente ao mercado de pessoa física. Em superintendências estaduais, tocou projetos que envolveram prospecção, gestão e automação de convênios para concessão de crédito e expansão da atuação com correspondentes bancários.

Em seu discurso, Tarciana afirmou que a diversidade fará "parte da gestão todos os dias": "Adotaremos medidas concretas para diversificar ainda mais os times e as lideranças. A força do Banco do Brasil sempre esteve na diversidade de funcionários e clientes. Conhecemos cada realidade de cada comunidade. Somos parte disso, participamos ativamente da vida social, econômica e artística", continuou.

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A dirigente prometeu fomento ao crédito rural e apoio destacado à agricultura familiar, ao empreendedorismo, educação e inclusão financeira, compromisso do banco com a sustentabilidade ambiental e com a transformação digital.

"Atuamos na cadeia de valor do agronegócio, dos agricultores familiares e pequenos produtores aos grandes conglomerados agroindustriais. Vamos promover ainda mais as boas práticas agrícolas, com destacado apoio à agricultura familiar. Aliando crescimento à sustentabilidade no campo", afirmou. "Dar crédito é acreditar nas pessoas e nós acreditamos nos brasileiros."

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A próxima a discursar foi Margareth Menezes, que ressaltou a importância de uma mulher negra ascender à presidência do BB e aproveitou para anunciar o lançamento de novos editais da cultura em parceria com o banco. "É um feito inédito, mulher de origem negra, nordestina, servidora do BB há 22 anos. Sua ascensão ao cargo de presidência guarda diversos significados, por sua juventude, por ser uma mulher chefiando uma das maiores instituições financeiras da América Latina, bem como por ser servidora de carreira", comentou. "Que a sua gestão seja tão revolucionária quanto a sua chegada a esse posto".

Em sua fala, o presidente Lula questionou os motivos para que tenha levado mais de 200 anos para uma mulher assumir a presidência. "Não é pouca coisa o que está acontecendo hoje no BB. Indiquei a primeira mulher presidenta do Brasil e sei como o preconceito e o machismo fizeram com que ela fosse derrubada do cargo", afirmou.

Outro principal banco público do país, a Caixa Econômica Federal também será presidida por uma mulher, Rita Serrano. A servidora tem 33 anos de experiência na instituição e é representante dos empregados no Conselho de Administração do banco estatal desde 2014. Entre 2006 e 2012, foi presidente do Sindicato dos Bancários do ABC Paulista.

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