![A atriz francesa Léa Seydoux fala de melhoras do movimento MeToo para atrizes — Foto: Stephane Cardinale/Corbis/Getty Images](https://cdn.statically.io/img/s2-marieclaire.glbimg.com/dTtW46T17A8Tp0DMQ9aAfRw6OqA=/0x0:5000x3327/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_51f0194726ca4cae994c33379977582d/internal_photos/bs/2024/S/q/BbgAwBTGSl2NbOTrwE4w/gettyimages-2153048232.jpg)
O movimento MeToo tornou a presença de mulheres no set mais segura. É o que pensa Léa Seydoux, uma das mais importantes atrizes francesas de sua geração. A fala foi feita durante coletiva de imprensa no Festival de Cannes.
Na última terça-feira (14), ela esteve presente em um painel para falar sobre The Second Act, filme dirigido por Quentin Dupieux protagonizado por ela.
"É maravilhoso que as mulheres estejam se manifestando. As coisas estão claramente mudando. Já era hora de isso acontecer", disse a atriz, em celebração aos avanços feitos pelo movimento MeToo. "Quando filmamos certas cenas há mais respeito e sinto uma mudança mundial", continuou.
Seydoux se refere, especificamente, ao MeToo da França, liderado pela atriz e agora diretora Judith Godrèche. Na última quinta-feira (15), em uma sessão para convidados de Furiosa: Uma História Mad Max, Godrèche e outras atrizes fizeram um protesto ao taparem suas bocas com as mãos no tapete vermelho.
The Second Act, aliás, foi descrito como uma comédia que analisa criticamente como a indústria cinematográfica se mantém nos dias atuais: "O MeToo é muito importante, uma questão séria. Mas também acho necessário falar disso com humor. No filme, o tema é destacado de forma engraçada", afirma.
Léa Seydoux viveu um caso emblemático de bastidores repletos de denúncias de abuso sexual quando estrelou Azul é a Cor Mais Quente, lançado em 2013. Tanto ela quanto sua colega de elenco, Adèle Exarchopoulos, ficaram desconfortáveis com o diretor Abdellatif Kechiche. Além do olhar hiperssexualizado, há uma cena de sexo que dura sete minutos, e Seydoux afirmou que 100 takes foram gravados ao longo de 10 horas.
As atrizes, que viviam um casal sáfico (ou seja, formado por mulheres sem que sejam, necessariamente, lésbicas), usaram próteses de vagina para fazer as cenas. Exarchopoulos chegou a chorar durante as gravações, já que o item causava dormência e sangramento vaginal. No entanto, ela era obrigada a continuar filmando.
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Em 2022, Seydoux afirmou que nem mesmo uma coordenadora de intimidade teria melhorado a situação. "Foi além. Foi o filme inteiro, não apenas as cenas de sexo. A maneira como filmamos este filme foi simplesmente insana. O cara é simplesmente maluco”, disse em entrevista ao The Hollywood Reporter.
A profissão de coordenação de intimidade se tornou requisitada, sobretudo, após os impactos do MeToo na indústria do cinema europeu e estadunidense. Além de tornar as cenas mais realistas, o propósito é tornar as gravações seguras e confortáveis para os atores nos sets.
Filmes como Pobres Criaturas e o brasileiro O Lado Bom de Ser Traída, além de seriados como Bridgerton, Euphoria e Sex Education, por exemplo, contaram com coordenação de intimidade.