Cultura
Por , redação Marie Claire — São Paulo

De Hollywood para o Brasil: o cargo de coordenador de intimidade foi exportado há um ano e, aos poucos, tem se popularizado nos sets de filmagens por aqui. Sua função é essencial para a gravação de cenas de sexo e nudez e também para garantir o conforto dos atores envolvidos. “Surgiu de uma necessidade de termos mais respeito com os limites de cada pessoa. Ninguém é obrigado a aceitar as mesmas coisas que o outro”, explica Maria Silvia Siqueira Campos, a pioneira nesta função, em entrevista a Marie Claire.

Preparadora de elenco há mais de vinte anos, a profissional já participou de grandes produções como as novelas Belíssima e Gabriela, ambas da TV Globo. Em 2022 assumiu como coordenadora de intimidade – que até então era inédita no país – na série brasileira Lov3, do Amazon Prime Video. No seu último trabalho, ela seguiu com a mesma função no filme da Netflix, O Lado Bom de ser Traída, estrelado por Giovanna Lancellotti e Leandro Lima, e que chegou ao streaming na última quarta-feira (25).

Maria passou a fazer este trabalho quando, em 2022, participou do programa de treinamento da Associação de Profissionais de Intimidade, fundado em Los Angeles, nos EUA, ministrado por Amanda Blumenthal. “Possuía bastante conhecimento como preparadora de elenco, mas não tinha 70% do que me passaram. Tem muita técnica e muito respeito. Temos estratégias para fazer uma cena de sexo sem nenhum tipo de constrangimento”, conta.

Junto a ela, outras três pessoas do Brasil também se formaram no curso, mas foi Maria quem ocupou o primeiro cargo no país. "Hoje em dia são sete formados para fazer coordenação de intimidade, o que é pouco para o nosso mercado", diz a profissional, que ainda ressalta que a maioria delas são mulheres. Maria conhece apenas um homem no cargo.

"Acredito que [nós mulheres] temos algumas barreiras na vida. Ainda temos um ambiente com vários tabus e considerações sociais que temos que quebrar. Quando fazemos o curso, realmente você vê que tanto homem como mulher podem fazer essa função. Mas, historicamente, mulheres passam por mais situações desconfortáveis do que eles".

Maria Silvia nos bastidores de O Lado Bom de Ser Traída — Foto: Reprodução/ Instagram
Maria Silvia nos bastidores de O Lado Bom de Ser Traída — Foto: Reprodução/ Instagram

Ela explica que o trabalho começa a partir da leitura do roteiro para entender quais são essas cenas. O próximo passo é ter uma conversa junto ao diretor e alinhar o que é esperado para a narrativa de história: “Além de sexo, uma cena íntima vai desde um beijo, passando por uma pessoa tomando banho, até uma troca de roupa. Engloba muita privacidade.”

“Nossa função não é um impeditivo e sim um construtivo narrativo, pensando em como podemos fazer para a cena ficar melhor do que esperávamos”, completa. Após o alinhamento com a direção, entra a vez dos atores: “Faço uma conversa individual com cada um para entender o limite de todos.”

O que aparenta ser tranquilo para um, pode ultrapassar o limite na cena do outro. “Uma pessoa pode não gostar que passem a mão atrás do seu joelho, então já sabemos que é um limite. Ela pode travar em cena e começar a rir”, exemplifica Maria.

Antes de gritarem “ação” no estúdio, ainda tem o ensaio que é “praticamente uma coreografia”: “Vamos para uma sala já sabendo o que o diretor quer, começamos a levantar propostas físicas de deslocamento dos corpos para aquela cena. Tudo é feito com roupa ainda. É um ensaio de exploração com o que pode ter na cena e o que seria bom para a narrativa. Então, explora-se vários jeitos de contar a história até chegar num comum acordo.”

Maria diz que é "um jogo de confiança e proteção em que todo mundo sai ganhando. Só vejo benefício nisso, inclusive para a história”.

Maria Silvia — Foto: Juliana Cerdeira/Netflix
Maria Silvia — Foto: Juliana Cerdeira/Netflix

Em O Lado Bom de ser Traída há 12 cenas de sexo ao longo do filme-- 11 delas protagonizadas por Giovanna Lancellotti. “O trabalho da Maria foi muito importante para conseguirmos fazer as tomadas mais sensuais com segurança e com a tranquilidade necessária para filmar”, lembra a atriz, que trabalhou com uma coordenadora de intimidade pela primeira vez nesta produção.

“Ela nos ouve e faz essa mediação com a direção. [Maria] é uma figura fundamental no resultado que temos em cena, chegamos no set sabendo exatamente como será. Ela nos perguntava onde nós nos sentíamos confortáveis para sermos tocados, o que não gostaríamos de fazer, nos ouvia muito durante o processo e a gente se sentia bastante cuidado”, conta Giovanna.

Para a atriz, fez toda a diferença ter uma mulher neste posto. “Ela compreenda questões que são nossas. Nós nos sentimos seguras o tempo todo para focar nas personagens e nas emoções delas.”

Giovanna Lancelotti e Leandro Lima protagonizam várias cenas quentes no filme — Foto: Divulgação/ Netflix
Giovanna Lancelotti e Leandro Lima protagonizam várias cenas quentes no filme — Foto: Divulgação/ Netflix

Na trama, a artista interpreta Babi, que faz par romântico com o personagem Marco (Leandro Lima), com quem gravou momentos quentíssimos para o longa: “Nos conhecemos há muitos anos, então ter um colega de cena que é alguém que confiamos também faz diferença. Na filmagem, tudo é ensaiado. É como uma coreografia mesmo, não começamos por essas cenas, o que eu acho bom para ter uma ambientação da história.”

Nos bastidores de uma produção como essa quem dita o ritmo é a mulher. "É o desejo dela, a libertação dela e, para mim, este é o diferencial. Temos um bom enredo, com boas situações e temos a figura dessa mulher que se empodera e muda o rumo da vida dela. Essas mulheres são muito existem, elas estão por aí. As cenas mais ousadas fazem parte do contexto, da trama. Cada uma tem sua importância ali", diz Giovanna.

"Já tinha em mente que seria uma história quente"

O longa é uma adaptação do best-seller erótico de mesmo nome de Sue Hecker, pseudônimo da brasileira Débora Gastaldo. O enredo gira em torno de uma contadora que descobre estar sendo traída pelo noivo e, logo depois, conhece um misterioso juiz. A autora, que é um dos nomes de maior sucesso de livros eróticos do Brasil, tem raízes nos clássicos romances de banca - livro de publicação simples, vendido especificamente em bancas de jornal - e diz ser uma leitora ávida de todo tipo de obra.

“Com 18 anos, passei a gostar de ler histórias que possuíam essa parte do erotismo. Acho que faz parte, é natural o sexo no relacionamento. Então quando eu comecei a escrever já tinha em mente que seria uma história quente”, conta Sue. A HarperCollins Brasil publicou o livro pela primeira vez em 2016 e o relançou em setembro desde ano, em uma nova edição, por conta do filme.

Agora, aos 51 anos e 22 livros lançados, ela vê a sua primeira obra ser adaptada para as telinhas. Mas tudo começou há quase dez anos, quando publicou a história na plataforma Wattpad: “Passava dia e noite escrevendo, postava um capítulo e ficava até de madrugada nos grupos de leitura convidando as pessoas para conhecerem o livro. Aprendi que tinha que ir atrás de leitores e acredito que isso foi muito importante na minha carreira.” A edição online da obra teve mais de 16 milhões de leituras.

A paulistana acredita ainda que, independentemente do erotismo abordado em suas obras, o que a fez ter sucesso mesmo foi sua proximidade com as pessoas que a lê. “Até hoje respondo as mensagens e tem leitoras que acabaram ficando amigas. Os grupos de Facebook proporcionaram isso para essa geração de autores. As pessoas podiam falar o que elas queriam, tinha essa liberdade.”

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