Comportamento

Por Bruna Liu, redação Marie Claire — São Paulo

De um continente a outro: Anna Júlia, de 23 anos, viu uma oportunidade de se tornar nômade digital com o fim da pandemia. Mas ela não está sozinha: viajar pelo mundo enquanto trabalha é a realidade de 35 milhões de pessoas, de acordo com o Relatório Global de Tendências Migratórias de 2022.

Para a jovem, que trabalha em uma agência de relações públicas com endereço físico em Nova York, o novo estilo de vida surgiu quando não conseguiu renovar seu visto para ficar nos Estados Unidos. Com a oportunidade de trabalhar remotamente, ela se jogou de vez no nomadismo digital.

"Decidi viajar para a Tailândia, comprei uma passagem sem volta", revela à Marie Claire. "Tenho dois amigos que são nômades digitais e estão morando lá, então pensei em visitá-los e ver como é. Planejei inicialmente ficar apenas duas semanas, mas acabei estendendo minha estadia por quase dois meses".

A experiência na Tailândia

No início, Anna Júlia enfrentou alguns desafios, como o fuso horário de 12 horas em relação ao seu trabalho: "Foi difícil no começo. Não queria pedir ao meu chefe para ajustar meus horários, porque eles precisavam de mim naquela rotina."

"Quando cheguei, passei por alguns perrengues porque não pesquisei muito antes", confessa. "Por exemplo, no metrô só aceitavam dinheiro em espécie, e eu não tinha dinheiro local comigo. Normalmente, costumo levar cartão e alguns dólares para trocar. Outra coisa é que nem todos falavam inglês, o que dificultou a comunicação."

Apesar desses contratempos iniciais, Anna Júlia se adaptou à vida nômade digital ao encontrar equilíbrio entre o trabalho e os momentos de conhecer novos lugares. "Na Tailândia, eu tinha as sextas-feiras livres, o que me permitia viajar", conta.

Anna Júlia dividiu tempo entre trabalho e passeios — Foto: Arquivo Pessoal
Anna Júlia dividiu tempo entre trabalho e passeios — Foto: Arquivo Pessoal

"Trabalhava das 10 da noite às 6 da manhã, depois dormia até às 14h ou 15h e saía para fazer passeios curtos durante a semana. Também aproveitava para descansar quando necessário. Aprendi a não me sobrecarregar. Quando você está em um lugar que sempre sonhou visitar, isso te inspira e você pensa ‘alguém precisa pagar por essa viagem’”, brinca.

Outro aspecto interessante da Ásia é o custo de vida em relação ao Brasil. "Na Tailândia, era muito mais barato", revela Anna Júlia. "O gasto que você tem é como se tivesse pago o aluguel da sua casa. Você separa o dinheiro, que é o que vai gastar com comida. Só é complicado porque, dependendo do lugar que você está, tem que comer muito fora."

O tempo de calmaria em Bali

A jovem relata que, depois da Tailândia, passou três semanas em Bali, na Indonésia. A vivência por lá deu a ela “uma perspectiva completamente diferente sobre a população, suas crenças e, é claro, a comida."

“Fui para uma praia no norte, que é bem local, não tinha turista nenhum. Inclusive, eu era a única ‘turista’ da minha vila, todo mundo sabia meu nome. Como estava em uma vila menor, as coisas eram bem mais baratas. Portanto, o meu alojamento e a alimentação foram bem tranquilos”, diz.

Anna Julia conta ainda que, por ter aproveitado para viajar mais enquanto estava na Tailândia, preferiu usar seu tempo em Bali para dar uma “acalmada”: “Precisava de um tempo para descansar. Algumas atividades do trabalho demandavam mais a minha atenção. Então fiquei quietinha, conheci melhor as pessoas de lá e foi uma delícia também. Tinha o ancião da vila, que cozinhava para mim todo dia e ficávamos papeando. E como estava trabalhando de madrugada, sempre os escutava rezando ou no ritual de fazer o incenso de manhã”.

Jovem conheceu um pouco mais da cultura asiática — Foto: Arquivo Pessoal
Jovem conheceu um pouco mais da cultura asiática — Foto: Arquivo Pessoal

Próximo destino

Apesar de ter aproveitado a experiência na Ásia, Anna Júlia decidiu reduzir sua estadia e seguir para a Europa. "Meu chefe não estava confortável com o fuso horário da Ásia", explica. "Então, decidi comprar uma passagem para a Itália, pensando que teria condições de ficar lá até final deste mês de maio. Mas, infelizmente, os preços eram muito caros, especialmente em países tão procurados neste verão europeu".

Diante dessa situação, a jovem procurou opções próximas e encontrou uma passagem para a Macedônia do Norte. "Comprei ida e volta por apenas R$ 200", compartilha, entusiasmada. "Estou apaixonada por esse país. Não esperava nada, mas me surpreendeu além das expectativas. Além disso, ficar na casa de uma amiga me fez sentir em casa novamente. Ter uma rotina e poder realizar tarefas simples do dia a dia é muito valioso. Quando estou em hotéis, sinto falta dessas coisas".

Anna Júlia destaca outros aspectos desafiadores do nomadismo digital. "Muitas vezes, vemos apenas a parte glamourosa nas redes sociais, mas há muito mais por trás", começa ela. "Ficamos exaustos porque não estamos de férias, mas também queremos aproveitar ao máximo. É difícil gerenciar o tempo e, financeiramente, pode ser complicado. Precisamos pagar por acomodação, transporte e atividades, o que pode se tornar caro e afetar outras despesas".

Anna Júlia relatou os desafios do nomadismo digital — Foto: Arquivo Pessoal
Anna Júlia relatou os desafios do nomadismo digital — Foto: Arquivo Pessoal

Ela enfatiza a solidão que pode acompanhar essa jornada. "Optei por viajar sozinha, o que pode ser solitário. Quando estava com meus amigos, não percebi tanto essa solidão, mas depois que fui embora, passei um tempo sozinha com meus pensamentos. No entanto, é uma experiência que nos faz crescer e nos conhecer melhor", admite.

‘Importante ter cautela’

Anna Júlia compartilha algumas dicas para mulheres que estão considerando se tornar nômades digitais. "É importante ter cautela e se preocupar com a segurança", aconselha. "Evito chegar a lugares desconhecidos durante a noite e, se chego muito tarde, prefiro pegar um táxi em vez de ônibus. Também é fundamental ter acesso à internet para se manter conectada e informada. Ter um chip local é essencial."

Ela também fala sobre a importância de lidar com abordagens indesejadas. "Como mulher viajando sozinha, muitas vezes sou vista como vulnerável", diz Anna Júlia. "As pessoas vêm falar comigo com frequência. Às vezes, finjo que não entendo ou coloco meus fones de ouvido para evitar o desconforto. Embora algumas pessoas possam realmente precisar de ajuda, é importante buscar segurança."

"Para quem está começando, talvez seja interessante fazer uma experiência por um mês e depois avaliar se é algo que realmente gostaria de continuar. É um estilo de vida desafiador, mas também traz muitas recompensas e aprendizados incríveis", finaliza.

‘Tudo se torna mais desafiador’

Júlia Vaz, de 30 anos, é outra brasileira que decidiu enfrentar o desafio de viver no exterior por três anos quando fez seu mestrado em Portugal, em 2019. Sua jornada revelou os altos e baixos de ser imigrante, indo além de um simples intercâmbio e mostrando a real dificuldade dessa experiência.

"A vida de imigrante não é nada fácil. São muitos processos burocráticos, muitos ajustes e desigualdades também", afirma a gestora de projetos. "Quando você não vai apenas para passar alguns meses, essa adaptação perde aquele 'sabor de férias' e se torna algo muito real e, por vezes, desafiador", acrescenta.

No entanto, Júlia reforça que a vida fora do Brasil também trouxe inúmeras vantagens. "É muito positivo e enriquecedor, pois você de fato conhece outra cultura, expande seus horizontes e se autoconhece. Você enfrenta desafios e aprende a resolver situações por conta própria", relata ela. "Tudo se torna mais desafiador, mas vale a pena."

Júlia morou por três anos em Portugal — Foto: Reprodução/ Instagram
Júlia morou por três anos em Portugal — Foto: Reprodução/ Instagram

Após concluir seu mestrado, Júlia cogitou a possibilidade de fazer doutorado no exterior, mas enfrentou obstáculos para acessar o mercado de trabalho em sua área de atuação como imigrante. "Existiam muitas barreiras para que eu realmente desempenhasse um papel profissional dentro da minha área", explica. Por isso, a jovem decidiu retornar ao Brasil e reingressar no mercado de trabalho com seu título de mestre.

Apesar das dificuldades, a gestora guarda boas lembranças desses três anos: "Aprendi muito, cresci muito, vi muitas coisas e fiz amigos que levo no coração até hoje. Explorei partes do mundo que nem sabia que existiam. Se decidir sair novamente, iria com um trabalho mais garantido ou, talvez, para realizar um doutorado. Começar do zero em outro país demanda muito trabalho e investimento de tempo", finaliza.

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