Casal brasileiro está há oito anos viajando o mundo e alimentando cães de rua

Sérgio e Eleni contam que fizeram trabalho voluntário por vários anos com pessoas em situação de rua na região do ABC Paulista e sempre alimentavam os animais que encontravam no caminho. “Às vezes, fazíamos campanhas de arrecadação que nos ajudavam nesse trabalho. E assim nasceu o projeto desta viagem!”, diz o marido.

“Alimentar cães de rua é uma coisa que milhares de pessoas fazem diariamente em toda parte, e em todos os países. Nós apenas colocamos um roteiro e demos um nome a um projeto que resume e dá um pouco de voz a esse tipo de iniciativa. O estilo de vida que temos não se resume apenas ao trabalho com os cães”, afirmou.

O carro --comprado em 2013-- é uma peça importante dessa aventura. “Viajar numa Defender é garantia de novas amizades em todo lugar pelo qual você passa. É um dos veículos mais conhecidos mundialmente. Quem olha sabe que algo divertido e interessante deve estar acontecendo com as pessoas que estão lá dentro."

Foi nele que, em 2015, caíram na estrada rumo ao Alasca --com data de retorno marcada. “O plano era passar um ano na estrada alimentando os cachorros, mas, em poucos meses, decidimos que não queríamos voltar para o Brasil.”

O casal passou por 17 países, entre eles: Argentina, Chile, Peru, Equador, México, Estados Unidos e Canadá. “No dia 4 de julho de 2016, depois de um ano e cinco meses, chegamos ao Alasca. Perdemos a conta de quantos cachorros encontramos e da quantidade de ração que compramos”, brinca Sérgio.

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Apesar das boas memórias, Sérgio conta que nem tudo são flores: “Perrengues existem e sempre vão acontecer”. “Nestes mais de oito anos, a gente se priva de inúmeras coisas diariamente. Muitos acham que é sempre uma maravilha, mas na verdade não é.”

“Nós não temos nenhuma segurança do que vai acontecer no futuro. Não temos aposentadoria, não temos trabalho fixo, não temos renda mensal suficiente para viver sem trabalhar, não temos filhos que possam nos garantir uma ajuda qualquer, não temos plano de saúde e já estamos na casa dos 50!”

Para eles, a diferença está em como encaram as dificuldades. E não pensam duas vezes ao dizer que estes anos vivendo como nômades “valeram por uns 40”. “Para grande parte das pessoas isso é assustador. Essa vida na estrada não serve para todos, e muitos já encontraram sua forma de viver bem felizes e realizados."