Elliot Page lançou sua autobiografia Pageboy (Ed. Intrínseca; 304 págs.; R$ R$ 49,90) em 6 de junho e em um dos trechos, o ator, produtor e diretor canadense revelou que foi assediado sexualmente por um diretor famoso de Hollywood, quando ainda era um adolescente. Na obra, ele também cita seus dois momentos de maior disforia de gênero, quando disse que era gay e depois um homem trans.
No capítulo intitulado "Sanguessuga", o ator relembra o caso de assédio, sem identificar o diretor e relata que o homem o fazia se sentir especial, a princípio, lhe dando livros e passando outros textos para ele. Até que, em uma noite, o diretor levou Elliot para jantar em um restaurante em Toronto, onde o filme estava sendo gravado e passou a “acariciar minha coxa debaixo da mesa”.
Nesse mesmo capítulo, Elliot relembrou das gravações do filme MeninaMá.com, quando tinha 17 anos. Um dos produtores lhe deu uma carona na festa de encerramento do longa e forçou beijá-lo na volta.
“Eu congelei. Não sabia o que fazer enquanto ele se levantava e tirava os óculos”, lembrou. O produtor ainda deitou o ator e começou a tirar as roupas dele: "Depois que acabou, ele tentou ficar na cama comigo. Tinha descongelado e disse a ele que não podia, para sair. Ele dormiu no sofá. Essa pessoa se tornaria um diretor", escreveu.
Carreira e vida pessoal
Elliot Page cresceu sob os holofotes. Seu talento e seu carisma sempre chamaram atenção, mas não apenas isso: sua vida pessoal também passou a ser muito comentada na imprensa e nos sites de fofoca. À medida que seus anseios profissionais se concretizavam, porém, a pressão para atender as expectativas da indústria o consumia.
Enquanto ainda vivia um turbilhão de sentimentos e tentava compreender a si mesmo, viu-se forçado a interpretar um papel de jovem estrela glamorosa na própria vida, algo que o assombrava para além dos sets. A carreira — que até então tinha sido uma válvula de escape, transportando-o da infância complicada para um mundo imaginário — de repente se transformou num pesadelo.
Em meio às críticas recebidas e aos abusos praticados por algumas das pessoas mais poderosas da indústria do cinema, ao passado que o perseguia e a uma sociedade determinada a enquadrá-lo em um mundo binário, Elliot calava-se, sem saber o que fazer. Até que se cansou. E, aos poucos, começou a se aproximar de seus desejos, de seus sonhos e de si mesmo, sem a repressão que o sufocou por tanto tempo.
Contado através de suas memórias e seus questionamentos íntimos sobre sexo, amor e os bastidores de Hollywood, Pageboy é um relato sensível e franco que vai tocar não apenas os leitores da comunidade LGBTQIAPNB+. Ao expor sua trajetória sinuosa e emocionante, Elliot celebra a rebeldia e a coragem necessárias para assumir quem somos.
Caso de transfobia
O crime ocorreu depois que a estrela de Juno se assumiu gay em fevereiro de 2014, mas antes de sua transição de gênero em dezembro de 2020. “Vou te foder para fazer você perceber que não é gay”, teria dito um ator a Elliot Page. Isso teria acontecido em 2014, em uma festa de aniversário em Los Angeles, no trechinho divulgado pela revista People nesta sexta-feira (02).
A estrela de The Umbrella Academy acrescenta que a celebridade, a quem ele descreve apenas como um “conhecido”, insistiu: “'Você não é gay. Isso não existe. Você só tem medo dos homens.'” Elliot também escreveu que a dupla se encontrou em uma academia alguns dias após o bate-papo inapropriado e o ator tentou se desculpar falando que "não tinha problemas com gays."