As estrelas do Festival de Cannes

Ela tinha conseguido um pequeno papel em Praia do futuro (2014), mas sua personagem foi cortada na montagem. Quase uma década depois, participou de uma bateria de testes para a seleção do elenco de Motel Destino, junto com centenas de outras pessoas. Não só conseguiu o papel de Dayana, mas em menos de um ano o filme ficou pronto e foi selecionado para a principal competição do Festival de Cannes. "Meu sonho era participar de um filme do Karim. Cannes é o bônus plus", disse-me ela, pouco antes de embarcar para a França. "Já levei vários nãos. Sempre penso em desistir", confessou, já no final da nossa conversa. "É muito difícil." Sorte a nossa que ela perseverou. É a estreia de um filme majoritariamente cearense na Seleção Oficial de Cannes.

No longa, Nataly Rocha é casada com Elias (Fábio Assunção), dono de um motel de beira de estrada, que a maltrata. A dinâmica do casal muda com a chegada de Heraldo (Iago Xavier), um jovem em fuga, que já passou por um centro socioeducativo. Heraldo e Dayana se envolvem, num romance em que a diferença de idade é apenas um dos tabus. Desde Madame Satã e O Céu de Suely, Karim Aïnouz costuma seduzir os espectadores com a sensualidade de sua câmera. A mim, Motel Destino conquistou já bem antes de chegar às telas, com sua alta tensão erótica. Grandes sucessos no cinema são feitos de improbabilidades, combinações únicas de ingredientes raros. Motel Destino parece ter reunido todos eles.