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Se nós mulheres hoje temos conquistas e sucessos em várias áreas, é porque estamos nos apoiando sobre o legado de tantas outras que vieram antes de nós. A palavra legado frequentemente evoca imagens de tempos passados ou promessas para o futuro distante. Mas e se eu dissesse que sua construção não é sobre o ontem, nem o amanhã, mas sobre o agora?
A verdade é que somos todos frutos do nosso legado. Todas as decisões que tomamos e que impactam em nossa vida, na de outras pessoas e na sociedade vem dele – e para ele contribuem. Poderíamos dizer que você agora é o seu legado. Ele está ativo, vivo e nas suas mãos.
OK, mas o que fazer com ele então? Legados vêm em várias cores e tamanhos, mas tem algumas características em comum. A primeira delas é ser uma construção coletiva. Embora possamos conceber nosso legado individualmente, sua forma final sempre será moldada pela percepção e recepção das pessoas ao nosso redor. Não diz respeito a deixar que os outros definam quem somos, mas sim de criar algo que ressoe com a sociedade ou comunidades específicas, mesmo que em uma pequena escala.
Para mulheres, esta conversa é de extrema importância, pois, ao longo da história, nossas vozes e realizações foram frequentemente apagadas ou marginalizadas. De cientistas pioneiras, passando por líderes políticos influentes e, claro, mães e avós, mulheres detentoras e propagadoras do cuidado essencial para a manutenção da sociedade... quantas vezes suas contribuições foram minimizadas, esquecidas e até mesmo descartadas?
Mas o que elas fizeram chegaram a nós e à nossa “herança do agora”. E então é nossa hora de usar outro elemento dos legados: a criatividade. Não há como construir um legado significativo sem exercitar nossa imaginação e visão de novas possibilidades de existir e viver. Precisamos ter a coragem de explorar novos caminhos, errar e aprender com os erros, e, acima de tudo, buscar criar em vez de apenas repetir fórmulas.
Autenticidade é outra peça-chave nesse quebra-cabeça. Legado não se resume a iniciativas grandiosas para agradar multidões, mas sim de honrar quem somos e o que acreditamos, de forma que outros também possam encontrar felicidade em suas próprias particularidades.
O elemento final é como vamos embrulhar tudo isso, e é aí que surge a importância de montar nossa narrativa. Nosso passado e futuro vão continuar a existir de qualquer maneira, mas eles se fortalecem para nós e para as pessoas ao nosso redor se soubermos cultivar e proteger nossas memórias e propagar nossas histórias com clareza, organização e constância.
Esse conceito de deixar nossa marca e aprendizados não deveria ser um fardo nostálgico, tampouco uma projeção distante. Ela é apenas o que fazemos hoje, os passos que damos e as decisões que tomamos. Deixe o seu legado aqui e agora. Deixe para o futuro. Mas não deixe de lado.