Paula Pires - Saúde no Prato

Por Paula Pires

Especialista em Endocrinologia, membro da Endocrine Society, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da ABESO. CRM 138809

 


Eu acredito que umas das condições clínicas em que mais exista preconceito é a obesidade. Temos estigma e preconceito com a pessoa que vive com a obesidade na mídia, no entretenimento, na própria área da saúde, em empregos, na educação e muito mais. No entanto, uma das áreas mais prevalentes em que se vê o preconceito no dia a dia é na própria maneira de falar.

É importante olhar para a pessoa antes da obesidade — Foto: Reprodução/Getty Images
É importante olhar para a pessoa antes da obesidade — Foto: Reprodução/Getty Images

E atualmente as sociedades que defendem o tratamento sério da obesidade sugerem uma nova iniciativa intitulada em inglês "People-First Language", que significa usar uma linguagem de cuidado que não rotule alguém por ter alguma doença.

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Esse cuidado com a linguagem não é algo novo na área da saúde. No entanto, é novo para a área da obesidade. Durante anos, outras doenças crônicas, como as da área da saúde mental e de deficiências, adotaram essa linguagem de cuidado e incentivaram seu uso em todos os momentos.

Por exemplo, hoje você verá:
“O homem com diabetes era idoso.” Em vez de “O homem diabético era idoso.”
Ou
“Os indivíduos afetados pela esquizofrenia são considerados como tendo uma doença mental”. Em vez de “Os esquizofrênicos têm uma doença mental.”

Como você pode ver, essas declarações fornecem exemplos claros de uma melhor linguagem, pois NÃO rotulam alguém por possuir uma doença. Ou seja, a pessoa não é obesa. Ela tem obesidade. A pessoa é muito mais que isso. Muitas vezes é "uma mãe, diretora de uma empresa, esposa e que tem obesidade". Mas ela não é apenas a obesidade.

Aqui vão alguns outros exemplos:
“A mulher foi afetada pela obesidade”. Em vez de “A mulher era obesa”.
Ou
“O homem com obesidade estava no ônibus”. Em vez de “O homem no ônibus era muito obeso”.

Como você pode ver, não estamos mais rotulando um indivíduo com a sua doença. E por isso, eu estimulo que todos os meios de comunicação, a mídia e também os pais e familiares utilizem essa nova linguagem de cuidado com a pessoa que luta com a obesidade, pois assim, poderemos juntos erradicar ainda mais o viés de peso e o estigma da obesidade, que causa por si só tanto sofrimento.

Por isso, lembre-se: referir-se a uma pessoa como “alguém com obesidade” é um modo de reconhecer que, apesar de ela ter obesidade, isso não é tudo o que ela é! É muito importante fortalecermos o fato de que o indivíduo é primeiramente um ser humano, antes de ser uma doença, e cabe a nós adequarmos nosso vocabulário de forma a garantir respeito e empatia às pessoas com obesidade ou qualquer outra doença!

Paula Pires é especialista em Endocrinologia, membro da Endocrine Society, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Também é idealizadora do projeto "Médicos na Cozinha" e editora do livro "Médicos na Cozinha"  — Foto: Arquivo pessoal
Paula Pires é especialista em Endocrinologia, membro da Endocrine Society, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Também é idealizadora do projeto "Médicos na Cozinha" e editora do livro "Médicos na Cozinha" — Foto: Arquivo pessoal

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