Paula Pires - Saúde no Prato

Por Paula Pires

Especialista em Endocrinologia, membro da Endocrine Society, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da ABESO. CRM 138809

 


Você se lembra de como as plantas crescem? Pela fotossíntese! Que nada mais é do que o processo de transformar água e dióxido de carbono (que vem do ar) em glicose, usando a energia do sol! E assim, as plantas criam a sua própria fonte de energia.

Refeição em família — Foto: August de Richelieu/Pexels
Refeição em família — Foto: August de Richelieu/Pexels

As plantas fazem muitas coisas diferentes a partir da glicose. E a glicose pura, dependendo da forma que assume, pode ter várias funções, como por exemplo:

  1. Amido - que é um pacote de glicose que fica armazenado nas plantas para aqueles dias sem sol. E a maior parte fica nas raízes das plantas, como: beterraba, batata, cenoura, inhame.
  2. Sementes e grãos - também possuem amido, e é com essa energia da glicose na forma de amido que elas crescem e viram plantas, como: arroz, aveia, milho, trigo, feijão, ervilha, lentilha, soja, grão de bico.
  3. Fibras - que são achadas em troncos, galhos e folhas das plantas. Elas são também um conjunto diferente de glicose.
  4. Frutose - é a glicose encontrada nas frutas. Ela é mais doce que a glicose em si e faz as frutas terem um gosto delicioso, ficando irresistíveis aos animais, pois é assim que as sementes se disseminam.

A frutose pode se ligar à glicose pura (o que se chama sacarose) e é dessa combinação que surgiu o açúcar de mesa. São tipo quatro irmãs com personalidades bem diferentes, mas todas com a mesma mãe, que é a glicose! Sendo que o sobrenome dessa família é: carboidrato — frutose, fibras, amido e sacarose são, então, tipos de carboidratos. Brócolis é carboidrato, então? Sim, mas ele possui muita fibra e pouco amido, não elevando a glicemia. Assim como a batata, mas ela tem muito amido e pouca fibra. Assim como o arroz. Entenderam?

Por que amamos carboidratos?

Porque na idade da pedra o sabor doce indicava que o alimento era seguro — observe que alimentos venenosos não são doces. E, também, porque precisávamos de energia rápida para matar ou fugir dos leões. Assim, a dopamina, uma substância ligada ao prazer e felicidade, é liberada sempre que comemos doces, sendo muito difícil para o nosso cérebro frear o impulso de colocar algo doce na boca por conta da sensação gratificante que a dopamina nos dá.

É mais ou menos assim: regue demais uma planta e ela se afoga, sabe? Temos necessidade de glicose. Mas o excesso dela nos faz mal e, muitas vezes, não nos damos conta. E isso se deve aos seus picos!

O que são picos de glicose?

Um pico de glicose ou açúcar no sangue ocorre quando há um rápido aumento temporário nos níveis de glicose no sangue após a ingestão.

Quando comemos alimentos que contêm carboidratos com poucas fibras, como pão, macarrão, arroz ou batata, nosso corpo decompõe os carboidratos em moléculas de glicose. Essas moléculas são, então, liberadas na corrente sanguínea, fazendo com que nossos níveis de açúcar no sangue subam. Isso faz com que o pâncreas libere insulina, um hormônio que ajuda o corpo a usar e armazenar glicose para energia.

Você deve se preocupar com picos de glicose?

Um aumento nos níveis de glicose no sangue é uma resposta fisiológica totalmente normal. Isso significa que seu corpo está funcionando e digerindo carboidratos para serem usados como energia — e pode acontecer por vários outros motivos. No entanto, se os picos de glicose forem muito frequentes ou permanecerem altos por longos períodos, isso pode aumentar a sua fome, seu cansaço, vontade de comer doces, além de predispor o diabetes.

E o mais importante aqui é entender que as escolhas alimentares também podem ajudar a diminuir os picos de glicose. Adicionar alimentos que contêm fibras, gorduras e proteínas àqueles que contêm carboidratos diminui a absorção de carboidratos, o que leva a menos picos de glicose. Esta é uma forma nutritiva e equilibrada de preparar refeições e lanches. Por exemplo: a tapioca faz um grande pico de glicose, para reduzir isso você pode acrescentar um ovo com espinafre a ela (proteína + fibra).

Comer chocolate com morango após uma refeição balanceada também evita o pico de glicose causado ao se comer o chocolate sozinho. Por isso, sempre indico que chocolate seja ingerido como sobremesa, após uma boa refeição, e nunca no meio da tarde, por exemplo. Ao comer uma torrada, você pode adicionar pasta de amendoim ou um queijo. Ou seja, a combinação dos alimentos importa demais nesse caso. Sempre que possível, evite consumir os carboidratos sozinhos!

Receita: salada no pote

O melhor jeito de evitar picos glicêmicos é começar toda refeição com fibras. E nada melhor do que uma boa salada! Hoje quero dar uma dica de como levar a sua salada para todos os lugares de um jeito superprático. Confira abaixo:

Imagem ilustrativa de um salada no pote — Foto: Freepik
Imagem ilustrativa de um salada no pote — Foto: Freepik

Ingredientes

  • 1 pote de vidro
  • 2 colheres de molho para salada de sua escolha
  • 1/2 xícara de legumes cortados em pedaços pequenos (como cenoura, pepino, pimentão)
  • 1/2 xícara de proteína (como frango desfiado, ovo cozido, grão-de-bico)
  • 1/2 xícara de folhas verdes (como alface, rúcula, espinafre)
  • 1/4 xícara de sementes e ingredientes extras (como tomate cereja, cebola roxa, nozes)

Modo de preparo

  • Lave e corte os legumes e a proteína em pedaços pequenos.
  • Coloque o molho no fundo do pote.
  • Em seguida, adicione os legumes em camadas, começando com os mais resistentes, como cenoura e pimentão, e depois os mais delicados, como o pepino.
  • Depois, adicione a proteína, seguida pelas folhas verdes.
  • Acrescente sementes e ingredientes extras, como tomate cereja ou cebola roxa, por cima.
  • Feche bem a tampa e leve à geladeira. A salada pode ser armazenada por até 5 dias.

Paula Pires é especialista em Endocrinologia, membro da Endocrine Society, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Também é idealizadora do projeto "Médicos na Cozinha" e editora do livro "Médicos na Cozinha"  — Foto: Arquivo pessoal
Paula Pires é especialista em Endocrinologia, membro da Endocrine Society, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Também é idealizadora do projeto "Médicos na Cozinha" e editora do livro "Médicos na Cozinha" — Foto: Arquivo pessoal

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