Bolsas e índices

Por Isabel Filgueiras, Valor Investe — São Paulo

Sabe os influenciadores digitais? Bem ou mal falados, essa galera está sempre no radar. Assim são as empresas de mercado aberto que entram para o Índice Bovespa, o Ibovespa. Ou Ibov, para os íntimos. É uma espécie de lista VIP que agrupa as “tops” em liquidez, que é o termo técnico para facilidade de compra e venda de um ativo.

Cada troca de papéis é como se fosse uma “curtida” no Instagram. Quanto mais curtidas, mais influentes e maior a chance de entrar para o hall da fama, hoje composto por 63 empresas.

Para se ter ideia, as negociações dos ativos do Ibovespa representaram 86% da movimentação total da bolsa em 2018, segundo a B3. Em termos de valor de mercado, os papéis da Ibov são 82% de tudo que está listado.

Nessa carteira teórica de ações estão ninguém menos que Petrobras (PETR3 e PETR4), Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4 e BBDC3) e Ambev (ABEV3). Por conta da representatividade, esse ranking serve de termômetro para o mercado de ações no Brasil. Entendeu a importância dele?

Deixa eu explicar melhor. Quando o Ibov cai, no fim dia, na grande maioria das vezes significa que o mercado nacional de ações, como um todo, vai mal. Afinal, ele representa uma grande parcela das movimentações dele.

O índice é também uma boa referência para investidores. Se seus rendimentos estão igual ao Ibovespa ou acima dele, você está na média. Se está baixo, talvez seja interessante ficar alerta ou até rever as aplicações.

“O Índice de Negociabilidade (IN) é uma métrica que utilizamos para avaliar a liquidez de um ativo, que de forma geral utiliza número de negócios e volume. Calculamos o IN de todos os ativos, colocamos em ordem decrescente e calculamos a participação acumulada.

Só entra no Ibovespa quem estiver entre os ativos que representem 85% da negociabilidade, lembrando que existem outros critérios, esse é somente um deles”, explica Marcos Skistymas, superintendente de Produtos Listados da B3.

O Ibov não é o único índice da bolsa brasileira, mas é o mais antigo. Já é cinquentão, nasceu em 1968. Nem por isso deixou de ser relevante. Passou por atualizações. Hoje já não basta a alta liquidez.

Para entrar para no clube, também é levado em consideração um preço mínimo de cada papel. Ficam de fora ações que custam apenas alguns centavos. Isso seria como pagar “bots fake” (perfis falsos) pra dar “curtidas” nas suas fotos no Instagram. Não vale.

Isso também impede que papéis que custam poucos centavos - que são os mais usados apenas para especulações momentâneas - entrem no índice, mesmo sem ter fundamento econômico que justifique.

Pela regra, o ativo precisa manter valor de mercado de no mínimo 0,1% do total de ações da bolsa por mais ou menos um ano. Em 2018, por exemplo, um ativo de volume menor que R$ 10,7 milhões ao dia não conseguiria entrar para o Ibovespa. Resumindo: tem que valer muito dinheiro.

A cada quatro meses, a bolsa revê quem são os eleitos para participar do Ibovespa. Para continuar nela, os papéis precisam ter relevância constante. Tem que bater cartão e participar de pelo menos 95% dos pregões.

“Supondo que o período anterior avaliado deu um total de 252 pregões, o ativo precisaria ter sido negociado em 240 pregões”, acrescenta Skistymas.

Pontos do Ibovespa

Assim como o índice de inflação, o Ibovespa também é medido em pontos. Se o preço do chuchu desce e o do arroz sobe, é feita uma média ponderada que leva em consideração o peso desses produtos no dia a dia dos brasileiros. Qualquer alteração no arroz vai ter impacto maior no resultado final, porque as pessoas compram mais arroz que chuchu. Por isso, esse item ganha mais importância nas contas.

Do mesmo modo, funciona o Ibov. As ações da Petrobras, por exemplo, têm mais peso que a de empresas menores, com menos valor de mercado (preço da ação multiplicado pela quantidade de ações disponíveis no mercado, conhecido como “free float”).

No fim do dia, a média ponderada é feita para o fechamento. Portanto, mesmo quando o Ibovespa cai, alguns papéis do índice podem ter alta de rentabilidade. E vice-versa.

Apesar do frisson em torno dos 100 mil pontos no início deste ano, o número serve apenas como referência para comparar a variação dos papéis.

No início da série histórica, logo que foi criado, o número de referência do índice era 100. De 1968 para cá, esse número cresceu conforme a valorização dos papéis. Quanto mais vale o conjunto de ações em reais (R$), mais ele sobe em pontos.

Por conta da inflação brasileira, o Ibovespa está no patamar de 96 mil pontos. Em comparação, o índice Dow Jones, criado em 1896, nos Estados Unidos flutua em 26 mil pontos, porque a inflação naquele país é mais controlada. Isso quer dizer que o valor das ações na bolsa de lá não cresce de maneira tão brusca por conta de desvalorização da moeda como aqui.

Como investir no Ibovespa?

Não dá para investir no Ibov porque ele é índice, uma cesta com várias ações dentro dela. Por isso, o conjunto de ativos do índice é chamado de carteira teórica.

O que você pode fazer para acompanhar o desempenho dessa carteira de ações que compõem o índice é aplicar num ETF (Exchange Traded Funds ou Fundo de Índice em português) de Ibovespa (BOVA11 ou BOVV11). Esse produto é um tipo de investimento que replica uma carteira. Dessa forma, você pode investir nas empresas listadas no índice.

Outra opção é comprar separados os papéis das empresas que estão listadas no índice e na mesma proporção que elas têm dentro do índice. A questão é que isso é muito trabalhoso e caro, podendo ser feito por grandes investidores, como fundos de pensão, empresas e fundos de investimentos.

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