Depois de um dia sem graça ontem, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, a B3, voltou à faixa de 94 mil pontos. Ajudado pela dupla de gigantes Vale e Petrobras, o índice subiu 1,34% nesta terça-feira e fechou aos 94.333 pontos. No dia, foram negociados R$ 11,5 bilhões em compra e venda de ações, perto da média diária negociada nas sessões de 2019. Além da ajuda das duas gigantes da bolsa, a cena corporativa contou com outras boas histórias. Veja:
Destaques do dia
A ação ordinária (ON) da Petrobras subiu 3,57%, enquanto a preferencial (PN) teve ganho de 3,05% na esteira das informações de que a companhia deve confirmar, nos próximos dias, o reajuste do diesel suspenso pela empresa na sexta-feira a pedido do presidente Jair Bolsonaro. O investidor gostou do sinal de que a estatal manterá sua independência na política de preços dos combustíveis. A expectativa é que anuncie um reajuste de 5,7% no preço do diesel.
Se não repassar a alta do preço do petróleo aos combustíveis que comercializa, a Petrobras só tem duas opções: se valer de instrumentos de proteção (chamado de “hedge”) ou absorver o prejuízo.
Depois da repercussão negativa sobre a ingerência de Bolsonaro no preço e a perda, pela estatal, de R$ 32 bilhões em valor de mercado na última sexta-feira, o presidente se reuniu hoje com ministros e com o presidente da estatal, Roberto Castello Branco para discutir a política de preços de combustíveis.
Na entrevista coletiva com jornalistas agora no fim da tarde, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque , disse que caberá à Petrobras definir o momento e o valor do reajuste no preço do óleo diesel. Paulo Guedes, ministro da Economia, falou ainda que a estatal é "independente para estabelecer o preço do petróleo".
Mesmo com a recuperação de hoje, as ações ON e PN da Petrobras se desvalorizaram 5% desde a ingerência de Bolsonaro sobre a política de preço da estatal. O prêmio de risco do papel da estatal na bolsa também cresceu.
“A confiança do gestor e do investidor é algo que se constrói pouco a pouco e que se perde de uma vez. A ‘rachadura’ que se abriu em relação à Petrobras não é simplesmente recuperada de uma hora para outra. O prêmio de risco é outro agora”, disse Andres Kikuchi, gestor de renda variável do UBS, ao Valor Pro.
Vale
Outro destaque desta terça-feira foram as ações ON da mineradora Vale, que avançaram 3,45%. A mineradora foi liberada pela Justiça a retomar as atividades da mina de Brucutu, uma das mais importantes de minério de ferro da companhia em Minas Gerais. O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJ-MG) revogou a liminar que suspendia as atividades na barragem sul da mina de minério de ferro de Brucutu nesta tarde.
Sabesp e Sanepar
Ainda na cena corporativa, a Sabesp terminou com ganho de 3,61%. A ação respondeu mais uma vez às expectativas dos investidores com o plano de privatização. Ela pode ganhar impulso com as propostas de mudanças na medida provisória de reforma no setor de saneamento básico, notícia dada pelo Valor Econômico. Leia mais sobre o assunto na matéria do jornal de hoje.
Outra companhia de saneamento, a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) também se deu bem na bolsa hoje. As units encerraram o pregão em alta de 5,09%, negociadas a R$ 81,39. Os papéis preferenciais subiram 5,49%, enquanto os ordinários avançaram 5,59%.
Por fim... outros três ativos ficaram nos destaques positivos ao lado do setor frigorífico: JBS ON (8,48%), Marfrig ON (7,42%) e BRF ON (6,26%) ficaram na liderança das altas do bolsa, depois que o Morgan Stanley elevou a recomendação para a JBS e recomendou a compra do papel. A decisão estimulou o investidor que aumentou a alocação no frigorífico e aproveitou para reforçar sua posição no setor, investindo em outros papéis de frigoríficos.