Hora de Investir

Por Naiara Bertão, Valor Investe — São Paulo

Estômago é o órgão mais resistente de um investidor arrojado. Se você consegue ver o valor de sua aplicação despencar de uma hora pra outra passar sem ter dor de barriga, você está pronto pra investir em renda variável. Mas, se você é do tipo que não dorme a noite de jeito nenhum se isso acontecer, é melhor ficar na renda fixa mesmo. Porém, como neste mundo nem tudo é 8 ou 80, há uma parcela da nação investidora que está mais pro meio. Você pode muito bem estar nesse grupo. Portanto, o que vou contar agora pode ser uma boa aplicação pra você.

Ativo de renda fixa com retorno a la renda variável. Ou seja, ativos que você prevê mais ou menos a rentabilidade futura, mas que podem render acima de 10% ao ano. Parece mágica, mas é pura ciência (econômica), acrescida de uma pitada de criatividade de alguns desenvolvedores de produtos financeiros. Conversei com gestores e analistas pra mostrar algumas opções no mercado brasileiro.

Mas, antes de vocês lerem, uma observação bem importante: alto rendimento é diretamente proporcional ao risco que está implícito nele. Ou seja, esses ativos podem dar um retorno maior, mas também são mais arriscados que os produtos de renda fixa mais tradicionais, como os fundos DI (acompanham a taxa básica de juros, a Selic). Portanto, estude com calma se é um investimento para você mesmo. Veja:

Títulos públicos indexados à inflação

Títulos públicos podem parecer ativos insossos em um primeiro momento. Mas um tipo de papel especial, o Tesouro IPCA+, que é indexado a inflação, pode dar retornos bem apetitosos. Para se ter uma ideia, nos últimos 12 meses até dia 09 de maio, o Tesouro IPCA+, que vence em 2045, rendeu (bruto) 40,88%, um feito de dar inveja até em ativos de renda variável. Em 2012, alguns desses títulos chegaram a 44%. Isso acontece porque o preço do título à venda pelo Tesouro varia a cada dia, acompanhando de certa forma também o que acontece com os juros ou a inflação do país, dependendo de qual for o seu indicador.

“Como a precificação do papel é ancorada na expectativa do mercado, especialmente no que esperam para os juros, quando tem modificação de cenário, o preço também pode mudar bruscamente. Isso serve tanto para o Tesouro IPCA+ quanto para o Tesouro Prefixado”, diz Rafael Giovani, diretor da corretora Necton.

Mas, atenção. Pro bem ou pro mal, essa volatilidade só vale até o grande dia do vencimento do título. Neste momento, o investidor ganhará exatamente o contratado (IPCA + alguma coisa). Portanto, se você tiver tempo de esperar até lá, vai colocar no bolso o retorno exato programado no início da aplicação.

Debêntures

Muitas empresas emitem títulos de dívida (debêntures) e vendem no mercado para financiar seus projetos. É possível encontrar papéis com vencimento em dois ou três anos, rendendo 120% ou 130% do CDI. Mas, como já disse antes, mas não custa frisar, retorno está sempre ligado ao risco. Geralmente pagam mais as empresas menores ou pouco conhecidas. O principal risco é o crédito, ou seja, de levar o calote da empresa. Algumas colocam garantias para passar uma confiança maior ao investidor.

“O mercado é cíclico, a Selic cai e sobe, e são nesses momentos que aparecem algumas oportunidades para operar e lucrar mais”, explica Marilia Fontes, da empresa de análise e recomendação de investimentos Nord Research.

Algumas debêntures são prefixadas, ou seja, você já sabe exatamente qual a recompensa que vai receber por estar emprestando dinheiro para a companhia. Outras, são atreladas a um indexador, geralmente IPCA (inflação) ou CDI (juros que os bancos negociam entre si e que acompanha a taxa de juros do país, a Selic).

Rubens Machado, sócio e responsável pela área de renda fixa da XP Investimentos, sugere as debêntures de infraestrutura, especialmente ligado a grandes empresas. Eles são isentos do pagamento do Imposto de Renda, o que aumenta o ganho pro investidor. “Apesar de ser crédito privado, essas debêntures são consideradas um ativo de menor risco porque contam com garantia do seu acionista”, comenta Machado.

Outra opção dentro dessa classe de ativos é comprar cotas de um fundo que investe em crédito privado, ou seja, compra várias debêntures de empresas diferentes, de setores também distintos. É uma boa estratégia para diversificar riscos.

ETFs de Renda Fixa

Se você acompanha notícias de investimentos vai começar a ouvir falar mais desse trio de letrinhas. Os ETFs, sigla em inglês para Exchange Traded Funds, que nada mais são do que fundos de replicam integralmente algum índice, seja de ações ou de renda fixa.

No Brasil, existem dois principais ETFs de renda fixa. O primeiro deles, lançado em setembro de 2018 pela gestora coreana Mirae Asset Global Investments, tem como referência o índice “S&P/BM&F de Futuros de Taxas de Juros – DI 3 anos”. Este índice, conhecido pelo código FIXA11, mede o desempenho de uma carteira hipotética composta por contratos de juros futuros de três anos. É um investimento acessível – dá pra investir com apenas R$ 100.

Outro ETF de renda fixa é o patrocinado pelo Tesouro Nacional e o Banco Mundial que foi desenvolvido pela Itaú Asset Management, o IMAB-11. Ele terá como referência o IMA-B (índice formado por títulos públicos indexados ao IPCA). As vendas desse fundo começam em abril. A vantagem de ETFs de renda fixa é a baixa taxa de administração - 0,25% cobrada na aplicação de IMAB-11 e 0,30% do FIXA11 – e o imposto de renda de 15% sobre o rendimento, que é igual ao imposto cobrado sobre ações.

Fundos imobiliários

Dentro dos fundos de investimentos que investem no setor imobiliário, alguns só compram papéis de renda fixa, como LCI, CRI e outros fundos imobiliários. Esse tipo de aplicação tem risco de crédito (calote), mas não de vacância de imóveis.

“São estruturalmente fundos compostos por ativos de renda fixa com carcaça de fundo imobiliário de liquidez diária, porque são negociados em bolsa. O cotista ganha dividendos (receita dos aluguéis menos as despesas operacionais) e ainda pode levar um extra na valorização do papel”, explica Rafael Giovani, da Necton.

“Não é uma novidade, mas começou a ganhar intensidade nos últimos anos com o aquecimento da indústria de crédito privado fora dos grandes bancos.”

COE

Nos últimos dois anos os bancos têm oferecido aos correntistas e investidores uma nova modalidade de investimento, o COE (Certificado de Operações Estruturadas). Nem renda fixa nem variável, o COE é uma mistura dos dois. Em geral, mistura a segurança da renda fixa com os ganhos da renda variável.

Os COEs são emitidos por bancos ou corretoras, que escolhem o que entra de acordo com o cenário que eles estão imaginando para um ativo ou indexador, que podem ser determinadas ações, moedas, juros, inflação e etc. A ideia é colocar nesse pacote uma combinação de títulos que tenham o objetivo de um retorno esperado superior ao CDI, caso determinado cenário se concretize. Mas conseguir isso não é fácil.

Por serem muito complexos de entender e, historicamente, são poucos que conseguem um bom retorno, consultores e planejadores não costumam recomendar COE para muitos clientes.

Agora que você conheceu algumas opções de renda fixa que podem trazer frutos rechonchudos como renda variável, tenho que fazer uma observação. Na verdade, vou deixar para o Rubens Machado, da XP, falar: “Para o investidor que quer ganhos como esses, é importante o momento de entrada e de saída do ativo”.

O que ele quer dizer é que muitos investidores que ganharam mais dinheiro com essas aplicações fizeram arbitragem. Ou seja, não ficaram com o papel até o vencimento. Eles escolheram o melhor momento para comprar e para vender (que eles acreditavam ser o melhor momento) e tentaram ganhar nessa diferença. O que nem sempre dá certo, claro.

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