Violência de Gênero

Por Bruna Liu, redação Marie Claire — São Paulo

Na pele de Keyla desde 2017, quando fez Malhação: Viva a Diferença, Gabriela Medvedovsky trilhou um caminho de sucesso. Foi com essa personagem que ela estreou na TV e é dela que a atriz se despede com o lançamento da terceira e última temporada de As Five. “Sensação de dever cumprido. A gente conseguiu desdobrar as histórias de todas as meninas”, celebra a artista em entrevista com Marie Claire.

Protagonista da série que chegou ao fim, Gabriela dividiu os holofotes com Ana Hikari, Daphne Bozaski, Heslaine Vieira e Manoela Aliperti. “Não conseguimos nos despedir direito quando acabaram as gravações. Na última semana, tivemos esse tempinho de nos olhar mesmo pela tela [do computador] e rasgar elogios umas às outras. Dá um saudosismo bom diante de tudo isso que a gente construiu.”

Nessa nova temporada, Keyla ganha um novo par romântico, vivido pelo ator Samuel de Assis. A jovem é mãe solo de Tonico e passou por alguns relacionamentos tóxicos ao longo das histórias das duas produções. Agora, parece enfim estar vivendo um namoro saudável. “Pela primeira vez, ela tá com uma pessoa que pode ficar despreocupada”, observa a atriz.

“A Keyla é uma mulher muito forte e demonstra isso o tempo inteiro. Ela tem muita garra, resiliência e força, mas ser forte o tempo inteiro também cansa. Ela também quer errar e poder descansar. Então, acaba encontrando essa relação saudável.”

Assim como sua personagem, Gabriela Medvedovsky também já viveu um relacionamento abusivo. E essa é a primeira vez que ela aborda o assunto em alguma entrevista: “Faz sentido falar sobre isso agora porque vem ao encontro com o momento de amadurecimento em que minha personagem vive nessa última temporada”, reflete.

Atriz se despede de Keyla na terceira e última temporada de As Five — Foto: Ángel Castellanos/Divulgação
Atriz se despede de Keyla na terceira e última temporada de As Five — Foto: Ángel Castellanos/Divulgação

Aos 18 anos, durante o seu primeiro ano de faculdade, a atriz começou a namorar um garoto que era quatro anos mais velho que ela – era o segundo namorado que tinha em sua vida. “Hoje em dia, aos 31, não vejo muito problema em ficar com alguém dessa diferença de idade. Mas na época os nossos programas não batiam”. Gabriela lembra que o rapaz não queria se enturmar com seus amigos, enquanto ela não ficava à vontade com os dele. “Então a gente vivia essa relação muito entre nós mesmo, não saia em grupo”.

Como a maioria dos jovens na universidade, ela queria curtir sua vida de estudante. Porém, era impedida pelos ciúmes do rapaz. “Nunca dei ‘motivos’ para isso, sempre fui uma pessoa bem tranquila. Eu não saia tanto, não usava roupas muito ousadas. Mas, por conta dessa relação de diferença de idade, eu sentia que tinha uma hierarquia. Ele se colocava muito como uma pessoa madura e eu era a ‘criança’. Na época, não via isso num lugar negativo, não conseguia discernir. Então, também naturalizava isso”, confessa.

Por não misturarem muito seus círculos sociais, Gabriela acabava saindo somente com suas amigas e o encontrava logo depois. “Ele se incomodava com isso. Por exemplo, tinha uma festa que era do meu grupo de dança. Uma vez tiraram foto minha lá e colocaram no Facebook. Ele rastreava tudo e todos os lugares que eu tinha ido e aí me mandava mensagem, dizendo que eu estava ‘com cara de bêbada’, ‘não gostava do que eu tinha vestido’ e que eu ‘estava dando em cima de outros’.”

“Parabéns você está ficando igual as suas amigas”, declarava o homem à atriz. “Ele costumava usar a tática de me diminuir, como se minhas amigas fossem ruins, querendo me afastar delas. Outro mecanismo era o de manipulação, tentando fazer com que eu me sentisse inadequada, com medo também”. Ela recorda que às vezes temia se aproximar de outros garotos, com receio dele achar que estava flertando. “Só que eles eram meus colegas de dança que eu encontrava toda semana para dançar”.

“Eu sabia que algo estava errado, mas não imaginava que era uma relação abusiva. Afinal, esse cara era ‘o cara legal’. Todos o adoravam. Eu me perguntava: 'como alguém assim poderia ser abusivo?' Vi esse lado dele e queria acreditar nessa bondade”, diz. “Mas o que aconteceu? Chegamos a um ponto no relacionamento em que houve xingamentos pesados, explosões, brigas na rua. Nunca chegou a ser físico, mas ele me segurava pela blusa e me sacudia”.

"Era como se meu corpo falasse que algo não estava bem"

Gabriela, que sempre foi uma pessoa muito alérgica, começou a sentir as consequências dessa relação em seu corpo por meio da somatização. Essa é uma condição psicossomática que se manifesta como uma desordem física no corpo, originada ou agravada pelas emoções. No caso dela, se manifestou por meio de uma “urticária gigante”.

“Era como se meu corpo falasse para eu entender que algo não estava bem. Quando tinha essas crises, era durante as nossas brigas, discussões... Durante meio ano, ficamos terminando e voltando repetidamente, sempre nesse ciclo. Eu ia para uma festa, ele queria ficar no telefone brigando comigo, e eu passava a festa toda chorando. No entanto, eu não compreendia, não fazia essa conexão. Pensava que era apenas mais uma reação alérgica”.

Preocupada com a situação, ela procurou um médico por conta das alergias intensas: “Surgiram placas em todo o meu corpo, às vezes doíam, às vezes coçavam e eu mal conseguia me mover, pois as placas eram tão grandes que doía dobrar o braço. Minha mãe me fazia deitar na cama”.

“Parei de comer alimentos industrializados, porque pensávamos que poderia ser uma alergia alimentar. Percebemos que sempre que eu comia algo vermelho, como ketchup ou balas com corante, surgiam erupções. Comecei então a evitar alimentos com corante vermelho, sem nem perceber que era emocional”, desabafa.

Gabriela viveu um relacionamento abusivo aos 18 anos — Foto: Ángel Castellanos/Divulgação
Gabriela viveu um relacionamento abusivo aos 18 anos — Foto: Ángel Castellanos/Divulgação

Para controlar um pouco o sintoma, a atriz tomava um antialérgico “muito forte e dormia”. “Passei o ano inteiro dormindo, o que prejudicou bastante minha faculdade. Quase perdi o ano em algumas disciplinas, porque sentia muito sono. Meu grupo de amigos até brincava com isso, dizendo ‘ah, a Gabi dormindo’, virando motivo de piada”.

Gabriela só conseguiu dar um ponto final nessa relação por causa de um intercâmbio que já estava planejado. “Ele nunca tinha dito ‘não’ a esse intercâmbio, mas sempre tentava me desencorajar a ir. Eu respondia: 'Vou! Não há nada que você possa dizer para me fazer desistir. Era um sonho'. Eu não era submissa a ele, mas ficava ali. Essa viagem representou liberdade para mim.”

“Eu verbalizei para ele que queria terminar, mas não conseguia tomar essa decisão. No entanto, sabia que essa experiência estava à frente e não queria me comprometer. No dia em que parti, ele foi até minha casa para se despedir de mim. Eu fui. E desde então, nunca mais tive alergia”.

"Demonstrar vulnerabilidade mostra uma grande força"

A atriz só passou a ter conhecimento da dimensão do que passou quando voltou para a terapia. “Ter passado por tudo o que passei, enfrentando meu passado e minha vulnerabilidade, busquei ferramentas para aprender a lidar com isso de diversas maneiras. Isso incluiu tratamento analítico, trocas com amigas e estudos mais aprofundados sobre o feminismo. Com o feminismo entrando na minha vida e essas discussões sobre o assunto, hoje me sinto muito mais confortável para falar sobre isso, principalmente porque já não dói mais”.

Não apenas isso, ela afirma que é importante a discussão do tema para evitar a repetição. “Acredito que demonstrar vulnerabilidade mostra uma grande força, que pode ajudar outras pessoas que possam estar passando por situações semelhantes. Quando compartilhamos nossas experiências, percebemos que não estamos sozinhas. Isso nos humaniza e compartilhar nossas dores é importante para sabermos que há uma saída.

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