Violência de Gênero

Por Redação Marie Claire

Viralizou nas redes sociais na segunda-feira (4) o trecho de uma aula do ex-policial militar Evandro Guedes, fundador do curso preparatório para concursos públicos Alfacon, em que narra o estupro de uma mulher morta, ação caracterizada como vilipêndio de cadáver.

Tipificado no Artigo 212 do Código Penal, o crime consiste em tratar de forma vexaminosa o corpo, imagem ou cinzas de uma pessoa morta. Esse ato pode acontecer por meio de palavras, fotos, gestos ou ações consideradas degradantes. A pena é de um a três anos de detenção, além de multa.

“Aí você está lá e vem uma menina do Pânico da TV morta. Meu irmão, com aquele 'rabão'”, diz Guedes na aula gravada. “E ela infartou de tanto tomar 'bomba' na porta do necrotério e tu levou lá para dentro. Duas da manhã, não tem ninguém. Você bota a mão, hmm quentinha ainda. O que você vai fazer? Vai deixar esfriar? Meu irmão, eu assumo o fumo de responder pelo crime.”

No vídeo, o ex-policial também orienta a melhor posição para realizar o ato e a usar um secador de cabelos para quando o cadáver esfriar e endurecer.

“E ainda avisa o cara que vai te render: cara, deixa que eu vou virar de plantão para você. E é o dia mais feliz da sua vida, irmão. É crime? É. Você mexeu com a honra do cadáver. O sujeito passivo do crime é o familiar da vítima”, afirma Guedes.

Após a repercussão negativa, o ex-policial fez uma transmissão ao vivo em sua rede social e afirmou que aquilo se tratava de uma “ficção jurídica”, usada como exemplo durante a aula de Direito Penal.

“Defendendo abuso de mulheres? Primeiro que, se ela está morta, ela não é mulher. É um defunto, não é uma pessoa viva. Ela não tem mais personalidade jurídica, porque ela morreu”, disse. Procurado pela reportagem, Guedes não respondeu ao pedido de entrevista até o fechamento deste texto.

Por meio de nota, o Alfacon alega que o trecho foi editado “de forma a parecer que o professor em questão era praticante do crime”. “O vídeo na íntegra deixa claro que se trata apenas de um exemplo fictício e caricato para ilustrar uma situação do direito penal. O vídeo é antigo, uma aula ao vivo do YouTube que foi retirada do ar para que nenhuma pessoa mais faça mau uso do conteúdo e em respeito a todos que possam se sentir ofendidos com a colocação”, diz o comunicado.

Marie Claire solicitou ao curso a aula na íntegra, mas não teve o pedido atendido.

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Guedes já foi criticado outras vezes por suas falas, como quando lecionou um curso em que ensina técnicas de tortura. Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), diz ser amigo de Eduardo Bolsonaro, filho do político.

Para a advogada criminalista Juliana Bertholdi, o episódio é uma demonstração de como a cultura do estupro “é uma realidade objetiva” e merece atenção criminológica. Ela afirma que a conduta também “se amolda àquela de incitação de crime, a que consiste em incentivar, estimular, publicamente, que alguém cometa um crime e prevê pena de detenção de 3 a 6 meses e multa”.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) manifestou repúdio em suas redes sociais após o episódio viralizar: “CRIMINOSO! É inacreditável que uma fala como essa fique impune. Não é a primeira vez que o empresário Evandro Guedes comete crimes ao ministrar uma ‘aula’ de cursinho. A evidente apologia à necrofilia e à violação do corpo de uma mulher desonra todos os verdadeiros professores e professoras. Por posições como essas, Evandro tem que estar atrás das grades!”, escreveu no X, antigo Twitter.

A deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL-MG) também se pronunciou sobre o caso: “A violência contra nossos corpos chega ao absurdo completo de cenas de incentivo à estupro a uma mulher morta em um curso para concursos públicos por um bolsonarista. Dizendo ainda que não poderia deixar esfriar. Misoginia e ódio às mulheres. Responsabilização!”, escreveu.

A jornalista Cris Fibe, autora do livro João de Deus — O abuso da fé (Ed.Globo Livros, 240 págs, R$ 59,90), comentou o episódio no UOL News desta terça-feira e defendeu uma punição ao ex-policial: “Ele só não foi punido, como tem centenas de milhares de seguidores. Ele está aí nas redes sociais para quem quiser ouvir. De novo, a importância de a gente ter algum olhar para isso, porque ele está tripudiando em cima da divulgação [do vídeo] (...). A gente não tem direito à proteção do nosso corpo nem morta. Você nunca está amparada. É muito violento”.

“Fico preocupada porque também funciona para esse sujeito crescer. Fui a uma das contas de rede social dele e ele está falando: 'Somos igual massa de pão, quanto mais bate, mais cresce', tripudiando em cima desse crime mostrando seu carro chique e sua riqueza”, continuou a jornalista.

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