Retratos
Por , redação Marie Claire — de São Paulo (SP)

Fernanda Bande, a "Loba" do BBB24, é uma verdadeira potência. Décima quinta eliminada desta edição do reality, a participante chegou ao Top 10 da atração e conseguiu um alcance muito maior do que imaginava conforme seus movimentos repercutiam do lado de fora da casa, seja na internet ou nas rodas de conversa, arrastando milhões de fãs, que agora se denominam parte da "alcateia" da niteroiense.

Polêmica e despida de qualquer filtro, a sister conversou com Marie Claire entre a correria de gravações do pós-programa, e se disse surpresa com a recepção do público, além de reconhecer os motivos para despertar tantos sentimentos — positivos ou negativos — entre os telespectadores: "Eu duvidei muito do meu potencial, realmente não conseguia me ver nesse papel. Dentro do jogo também me sentia inferior em questão de conhecimento, não vim nem um pouco brifada, pautada, preparada, mas tinha certeza dos meus objetivos e acreditava que isso iria me fazer vingar, mas não para ser uma “querida”, só para chegar lá."

O amor pela família de uma loba solitária

Nesta entrevista, Nanda também expôs feridas profundas ao relembrar como foi criar Marcelo e Laura, seus filhos de 11 e 6 anos, respectivamente. Sozinha e sem uma rede de apoio, ela revela as implicações que isso teve na sua forma de enxergar o mundo, que se refletiu em seu comportamento e no julgamento do público a partir dele: "Tive um filho cedo [aos 19 anos] e as pessoas ao meu redor foram viver suas vidas e eu fiquei cuidando dos meus. Esse abandono acontece com muitas mulheres e é realmente triste. Era muito desesperador e fiquei muito amargurada, com medo, até começar a realmente aprender a ser mãe. Isso me deixou um pouco bruta, séria e até mais insensível em algumas questões."

E a fluminense de 32 anos afirma que não deixou as adversidades da sua conturbada separação entrarem no seu caminho de busca pela felicidade. Ela se abriu para o amor novamente com o preparador físico Daniel Gregg, com quem começou o namoro apenas 5 meses antes de participar do Big Brother Brasil e que, surpreendentemente, até considerou desistir do reality por isso: "Confesso que cheguei, em um breve momento, a pensar em não ir. Tinha encontrado um cara que topou toda a minha bagagem, depois de tanto tempo nessa luta que me doía e, para mim, dava uma sensação de que bastava."

Fernanda Bande, do "BBB24", revela que quase desistiu do reality após reencontrar o amor — Foto: @cabelosporpaulo
Fernanda Bande, do "BBB24", revela que quase desistiu do reality após reencontrar o amor — Foto: @cabelosporpaulo

Leia a entrevista na íntegra:

MARIE CLAIRE Muitas mulheres se identificaram com a sua postura de mulher independente, de atitude, corajosa, por isso você foi colocada como a "Loba" pela torcida. Você se enxerga nesse perfil? O que te levou até esse lugar?
FERNANDA BANDE
Eu achei sensacional ser a “Loba”. Ainda não tenho muito conhecimento desse arquétipo, mas me disseram que ela luta pelos filhotes, é perigosa, e sim, eu caibo nessa gaveta. Porque não tive escolha de ser outra coisa na minha vida, sempre tive que ser brava, ir lá e resolver, defender a mim e aos meus. Isso vem desde o Marcelo [filho mais velho], que foi não verbal durante muito tempo e me doía ver situações em que ele era menosprezado. Isso me deixou um pouco bruta, séria e até mais insensível em algumas questões. Só que era uma armadura, o tanto que eu choro e chorei, de desespero, inclusive, mostra que não é toda essa força. Criei um personagem para sobreviver e é isso.

MC Ao mesmo tempo que a "Loba" tem esse perfil poderoso, também é algo solitário, fato que você compartilhou muito durante sua participação no programa. Você se sente sozinha?
FB
Detesto qualquer ideia sobre vitimismo pessoal, algo do gênero, nunca vai me caber essa posição, não visto essa roupa apertada. Mas em diversas fases da minha vida fui me vendo sozinha, não querendo estar sozinha. Queria ter pessoas por perto, redes de apoio, amigos e tudo, mas tive um filho cedo [aos 19 anos] e as pessoas ao meu redor foram viver suas vidas e eu fiquei cuidando dos meus. Esse abandono acontece com muitas mulheres e é realmente triste. Eu não entendia o que estava acontecendo, me frustrava, me culpava, me achava burra por ter sido irresponsável em alguns momentos e ainda ter que lidar com a maternidade precoce, ter que ser mãe, ter que ser mãe nessa sociedade. Era muito desesperador e fiquei muito amargurada, com medo, até começar a realmente aprender a ser mãe. Quando descobri o que o Marcelo tinha, minha vida ficou toda em função dele durante muito tempo. Ficamos sozinhos juntos, mas eu não estava mais triste, me tornei uma protetora solitária, eu por ele e ele por mim e isso basta. Aprendi a gostar de mim de novo, a gostar de filmes e das coisas do dia a dia, dos pequenos detalhes. Amo saborear o prazer de estar sozinha com o meu queijo, um vinho, e as crianças brincando, desenhando.

MC Uma fala sua sobre a dificuldade de criar um filho dentro do espectro autista e a angústia que sente na sua maternidade dividiu opiniões, ao mesmo tempo que fez muitas pessoas se identificarem com você. Como é essa maternidade solo? O que você acha que pode ensinar para as pessoas com falas reais como essas?
FB
O que ficou claro e nítido ali foi a minha exaustão como uma mãe atípica. Toda mulher sofre muito julgamento e todos eles são pesados e muito internos. Independente do que a gente escuta por fora, o grito interno é maior e a gente acaba sempre se culpando. A exaustão está aí para todos, seja no trabalho, nos fracassos, na maternidade, na família, e cada um vai reagir de um jeito. Mas, em geral, todas as mães compartilham do mesmo sentimento e da mesma vergonha. A gente nunca quer falar para outra mãe que está cansada às vezes de segurar uma criança o dia inteiro, que o peito sangra, que o leite dói, empedra, e você se sente até com um mau cheiro. Não tem tempo para nada e a criança, em todo o seu processo, por mais lindo que seja, também tem esses momentos ruins. Para quem não tem apoio, está com dificuldades, sem grana, vai ser mais difícil e esse processo é sempre individual. Essa dor às vezes pode passar rápido, pode demorar anos, pode virar uma angústia, um problema maior, de haver uma necessidade de uma intervenção, de uma ajuda. E às vezes vira um grande amor a partir da dor, é aí onde me encaixo. Sofri na maternidade do Marcelo coisas que não sofri tanto na Laura, mas fisicamente ela me trouxe mais dor do que na primeira vez, eu não conseguia mais andar no final da gestação. Eu estava exausta, pedindo a Deus um pouquinho mais de força, e às vezes entregando os pontos, me questionando se era isso o que eu queria. E a gente não tem com quem conversar, porque ainda é muito pesado falar sobre isso. As pessoas têm vergonha, têm medo de verdade dos julgamentos até da sua mãe, da sua amiga, da sua prima. E pra quê? Onde isso termina? O que tá ganhando? Quem tá ganhando e quem tá perdendo? E cada vez mais as mulheres dividem menos, porque toda vez que fazemos isso, alguém vai julgar. Essa foi também uma das minhas maiores preocupações quando me inscrevi. A minha necessidade de buscar algo maior, melhor e estável para os meus filhos era tão grande que eu cheguei a botar numa balança: será que ela é grande o suficiente para privá-los do que vai vir a acontecer? Será que vou saber lidar com isso? Será que vou precisar de ajuda? Será que vale a pena não agarrar essa oportunidade por conta dos julgamentos, das pressões que vão vir, dos dedos que virão apontando para mim? E aí eu arrisquei.

Fernanda Bande, do "BBB24", e os filhos, Laura (6) e Marcelo (11) — Foto: Acervo pessoal
Fernanda Bande, do "BBB24", e os filhos, Laura (6) e Marcelo (11) — Foto: Acervo pessoal

MC E valeu a pena?
FB
Pelas pessoas que estão dedicadas a mim, pelo volume de amor, eu acho que valeu a pena. Mas tem muita gente falando merda dele [do filho Marcelo]. Meu irmão, que cuida das minhas redes, não está me deixando ter acesso a esses comentários, mas as pessoas estão desejando mal para ele [chora]... desejando mal para mim, chamando ele de “doente”, falando que eu mereço uma criança “doente” e isso tá me doendo muito! [chora] Eu não estou entendendo o que é ser “artista” e o que aconteceu, porque não fui lá pra ser isso, fui pela escolha de tentar ter uma vida melhor. E quando você me pergunta se valeu a pena, só posso te dizer agora que sim, por conta do que veio de bom. Então, assim, quem julgou uma fala errada minha ainda se tornou uma minoria cruel, mas ainda uma minoria do que ganhei, do que estou descobrindo, do que estou querendo.

MC Sobre essas falas em específico, agora fora do reality, como você entendeu o seu comportamento nesses momentos? E como está lidando com os comentários a respeito disso?
FB
Houve muitos destemperos, de verdade. Falta corrigir algumas coisas, falta ter mais consciência. Tenho meus momentos de ignorância, sim. Estou querendo buscar conhecimentos, sim. Eu mesma não conhecia nem sobre o transtorno do meu filho, sou uma mãe atípica, sem conhecimento das outras, sem saber. Quero apoio, quero que me ensinem, estou muito aberta pra isso. Fui na clínica do Celo, por exemplo, onde ele começou o tratamento com terapias e fisioterapias e foi muito bacana, mas também um baque, porque fiquei cara a cara com muita coisa que ainda tenho que aprender e que fui taxada, julgada e massacrada por presumirem que eu deveria saber. Realmente, não sei lidar com isso. Depois que me separei, fiquei com uma mão na frente e outra atrás, questionei tudo, entrei em um ciclo maluco, me virando, me desdobrando, virando bilhares de noites, tentando dar conta de tudo e às vezes não conseguindo, à beira de chegar e falar: “Isso não é vida”. E então decidi que queria tentar de novo, porque não merecia ficar nesse limbo. Pensei em voltar a ser modelo, entender o que tinha que fazer para ganhar o que me faltava e foi nesse momento que vi o comercial das inscrições do Big Brother e pensei “por que não?”. Os mistérios da vida, né? Deu certo, passei por todas as etapas da seletiva e entrei.

MC Você falou sobre a sua separação, que foi complicada e te deixou em uma situação difícil. Como foi se reerguer após o trauma? Você já deu uma nova chance para o amor depois disso?
FB
Sobre os meus relacionamentos, é claro que eu sentia uma carência afetiva, mas passei por muitos julgamentos e me fechei, com medo. Foi muito difícil depois do divórcio me relacionar, não conseguia. Eu acredito até que afastei pessoas que tentaram. Tinha uma insegurança de que sou uma mulher com dois filhos e que tem voz ativa e muitos caras não recebem isso bem. Então não dei liberdade e fui me fortalecendo. E quando o Daniel [Gregg, seu namorado] apareceu, eu botei todas as cartas na mesa, também falei que iria pro BBB, e que não sabia se ele toparia, se iria lidar bem com isso, até porque a gente tinha cinco meses de namoro e só se via às segundas-feiras. Confesso que cheguei sim, em um breve momento, a pensar em não ir. Tinha encontrado um cara que topou toda a minha bagagem, depois de tanto tempo nessa luta que me doía e, para mim, dava uma sensação de que bastava. Mesmo com todas as minhas dificuldades, acreditava que com ele a gente poderia fazer dar certo também. Mas aí enxerguei mais uma vez uma insegurança dentro de mim e me veio a questão de que não preciso que dê certo com outra pessoa, tem que dar certo para mim primeiro. Não poderia me apoiar nele, porque fiz isso em dois relacionamentos anteriores e só me ferrei ao ponto de virar um nada. E aí disse para mim mesma: “Não, tenho que crescer, somar, buscar e recomeçar. E aí, se ele estiver disposto e depois de tudo que acompanhar ainda achar que vale a pena, ninguém segura a gente”. E essa foi a minha ideia e o que me deu um gatilho de segurança lá dentro para continuar, entendendo que estava lutando pelos meus filhos e por mim.

Fernanda Bande, do "BBB24", e o namorado Daniel Gregg — Foto: Reprodução
Fernanda Bande, do "BBB24", e o namorado Daniel Gregg — Foto: Reprodução

MC Após sair do BBB, você se surpreendeu com a recepção do público e chegou a fazer um vídeo surpresa ao saber que "até tinha chances". Como foi descobrir esse seu favoritismo?
FB
Não imaginava receber esse carinho todo do público, sob hipótese alguma. E, na verdade, ainda agora, falando com você, não entendo isso, porque a gente se duvidava muito ali. Eu duvidei muito do meu potencial, até o ponto de estar todo mundo me chamando de maluca depressiva e que precisava de terapias eternas. Então realmente não conseguia me ver nesse papel. Dentro do jogo também me sentia inferior em questão de conhecimento, porque não acompanhava outros BBB’s, não vim nem um pouco brifada, pautada, preparada, estava sem noção real do que fazia, mas tinha certeza dos meus objetivos e acreditava que isso iria me fazer vingar, mas não para ser uma “querida”, só para chegar lá.

MC Você se surpreendeu ao ser colocada como "líder" dos gnomos. Por que? Não se enxerga com esse perfil?
FB Me enxergo como líder sim, mas no quesito “precisa fazer e eu tenho que fazer”, só que não é por aptidão, é por necessidade, eu aprendi a reagir ao que me acontece. Sempre fui muito literal e é fácil trabalhar dessa forma, porque não tem tempo para pausas, para mudar seu caminho. E foi justamente isso que também me atrapalhou em muitos momentos, me destemperei muito. No terceiro dia, a casa já está completamente dividida. Sobramos eu e os meninos, aquela loucura toda, e as meninas já se combinavam, principalmente em questões de vivências e referências e eu já tinha muita clareza em entender que não era parte daquele grupo. Sempre me senti desconfortável com a ideia de estar num programa de TV e ter que atuar algum papel ali, até evitava falar sozinha - um hábito meu de muitos anos -, porque eu não estou falando sozinha, estou falando com câmera, então se estou falando com câmera, estou fazendo VT e a minha maior preocupação sempre foi essa. Eu não estava lá para aprender nada, muito menos conhecer a mim mesma, estava querendo correr atrás de algo. Mas me perdi, fiquei visivelmente muito cansada, estressada, porque tinha receio de ser agressiva, de ter falas muito pesadas, como já tinha acontecido. E aí tudo era julgamento em cima de mim, a casa inteira contra mim, todo mundo me olhando torto, mas isso não me assustou, porque comecei a ponderar os objetivos de quem estava naquela casa, o que cada um representava para si mesmo e foi nesse momento que agarrei cada vez mais no meu objetivo.

Fernanda Bande, do "BBB24", fala com Marie Claire sobre seus planos para o futuro — Foto: @cabelosporpaulo
Fernanda Bande, do "BBB24", fala com Marie Claire sobre seus planos para o futuro — Foto: @cabelosporpaulo

MC Você ficou muito marcada pelas referências ao cinema. Por que tem todo esse conhecimento? Agora pensa em talvez seguir uma carreira envolvendo esse meio? Aceitaria um convite como comentarista de Oscar, por exemplo?
FB Eu não sabia desse meu talento para filmes que acabaram apontando durante o programa. Só queria falar do que eu gostava e assistia. Agora entendo que é um mercado, é uma coisa que eu amo e que faz muito sentido. Estão pipocando muitas ideias e quero investir nisso, trabalhar com as plataformas de streaming, ter parcerias com cinemas, quero causar impacto, trazer uma brincadeira, fazer uma coisa diferente. Aceitaria demais um convite para comentar o Oscar, principalmente porque, até lá, vou estar mais polida, vou estudar para não ter falhas. Com certeza quero seguir para essa área de cinema, filme, TV. Isso já está claro e definido dentro de mim, está muito latente. Também não vou perder esse hype, porque é o momento de arriscar e buscar.

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